sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac

Autoria desconhecida

Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um sítio que lhe dava muito trabalho e despesas. Ele reclamava que era um homem sem sorte, pois as suas propriedades davam-lhe muitas dores de cabeça e não valia a pena conservá-las. Pediu então ao amigo poeta para redigir o anúncio de venda do seu sítio para publicá-lo no jornal, pois acreditava que se ele descrevesse a sua propriedade com palavras bonitas, seria muito mais fácil vendê-la.



E assim Olavo Bilac, que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto:

Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda”.

Meses depois, o poeta encontrou o seu amigo e perguntou-lhe se tinha vendido a propriedade.

- Nem pensei mais nisso”, respondeu ele. “Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuía. Desisti de pronto”.

Algumas vezes, só conseguimos enxergar o que possuímos quando pegamos emprestados os olhos alheios

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sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Método Paulo Freire, ou Método Laubach?

Método Paulo Freire, ou Método Laubach?

David Gueiros Vieira (*)

Mídia Sem Máscara 09/03/2004

O Método Laubach de alfabetização de adultos foi criado pelo missionário protestante norte-americano Frank Charles Laubach (1884-1970). 



Desenvolvido por Laubach nas Filipinas, em 1915, subseqüentemente foi utilizado com grande sucesso em toda a Ásia e em várias partes da América Latina, durante quase todo o século XX.

Em 1915, Frank Laubach (foto) fora enviado por uma missão religiosa à ilha de Mindanao, nas Filipinas, então sob o domínio norte-americano, desde o final da guerra EUA/Espanha. A dominação espanhola deixara à população filipina uma herança de analfabetismo total, bem como de ódio aos estrangeiros.

A população moura filipina era analfabeta, exceto os sacerdotes islamitas, que sabiam ler árabe e podiam ler o Alcorão. A língua maranao (falada pelos mouros) nunca fora escrita. Laubach enfrentava, nessa sua missão, um problema duplo: como criar uma língua escrita, e como ensinar essa escrita aos filipinos, para que esses pudessem ler a Bíblia. A existência de 17 dialetos distintos, naquele arquipélago, dificultava ainda mais a tarefa em meta.

Com o auxílio de um educador filipino, Donato Gália, Laubach adaptou o alfabeto inglês ao dialeto mouro. Em seguida adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras.

Utilizando essa metodologia, Laubach trabalhou por 30 anos nas Filipinas e em todo o sul da Ásia. Conseguiu alfabetizar 60% da população filipina, utilizando essa mesma metodologia. Nas Filipinas, e em toda a Ásia, um grupo de educadores, comandado pelo próprio Laubach, criou grafias para 225 línguas, até então não escritas. A leitura dessas línguas era lecionada pelo método de aprendizagem acima descrito. Nesse período de tempo, esse mesmo trabalho foi levado do sul da Ásia para a China, Egito, Síria, Turquia, África e até mesmo União Soviética. Maiores detalhes da vida e trabalho de Laubach podem ser lidos na Internet, no site Frank Laubach.

Na América Latina, o método Laubach foi primeiro introduzido no período da 2ª Guerra Mundial, quando o criador do mesmo se viu proibido de retornar à Ásia, por causa da guerra no Pacífico. No Brasil, este foi introduzido pelo próprio Laubach, em 1943, a pedido do governo brasileiro. Naquele ano, esse educador veio ao Brasil a fim de explicar sua metodologia, como já fizera em vários outros países latino-americanos.

Lembro-me bem dessa visita, pois, ainda que fosse muito jovem, cursando o terceiro ano Ginasial, todos nós estudantes sabíamos que o analfabetismo no Brasil ainda beirava a casa dos 76% - o que muito nos envergonhava - e que este era o maior empecilho ao desenvolvimento do país.

A visita de Laubach a Pernambuco causou grande repercussão nos meios estudantis. Ele ministrou inúmeras palestras nas escolas e faculdades – não havia ainda uma universidade em Pernambuco - e conduziu debates no Teatro Santa Isabel. Refiro-me apenas a Pernambuco e ao Recife, pois meus conhecimentos dos eventos naquela época não iam muito além do local onde residia.

Houve também farta distribuição de cartilhas do Método Laubach, em espanhol, pois a versão portuguesa ainda não estava pronta. Nessa época, a revista Seleções do Readers Digest publicou um artigo sobre Laubach e seu método - muito lido e comentado por todos os brasileiros de então, que, em virtude da guerra, tinham aquela revista como único contato literário com o mundo exterior.

Naquele ano, de 1943, o Sr. Paulo Freire já era diretor do Sesi, de Pernambuco - assim ele afirma em sua autobiografia - encarregado dos programas de educação daquela entidade. No entanto, nessa mesma autobiografia, ele jamais confessa ter tomado conhecimento da visita do educador Laubach a Pernambuco. Ora, ignorar tal visita seria uma impossibilidade, considerando-se o tratamento VIP que fora dado àquele educador norte-americano, pelas autoridades brasileiras, bem como pela imprensa e pelo rádio, não havendo ainda televisão. Concomitante e subitamente, começaram a aparecer em Pernambuco cartilhas semelhantes às de Laubach, porém com teor filosófico totalmente diferente. As de Laubach, de cunho cristão, davam ênfase à cidadania, à paz social, à ética pessoal, ao cristianismo e à existência de Deus. As novas cartilhas, utilizando idêntica metodologia, davam ênfase à luta de classes, à propaganda da teoria marxista, ao ateísmo e a conscientização das massas à sua “condição de oprimidas”. O autor dessas outras cartilhas era o genial Sr. Paulo Freire, diretor do Sesi, que emprestou seu nome à essa “nova metodologia" - da utilização de retratos e palavras na alfabetização de adultos - como se a mesma fosse da sua autoria.

Tais cartilhas foram de imediato adotadas pelo movimento estudantil marxista, para a promulgação da revolução entre as massas analfabetas. A artimanha do Sr. Paulo Freire "pegou", e esse método é hoje chamado Método Paulo Freire, tendo o mesmo sido apadrinhado por toda a esquerda, nacional e internacional, inclusive pela ONU.

No entanto, o método Laubach – o autêntico - fora de início utilizado com grande sucesso em Pernambuco, na alfabetização de 30.000 pessoas da favela chamada "Brasília Teimosa", bem como em outras favelas do Recife, em um programa educacional conduzido pelo Colégio Presbiteriano Agnes Erskine, daquela cidade. Os professores eram todos voluntários. Essa foi a famosa Cruzada ABC, que empolgou muita gente, não apenas nas favelas, mas também na cidade do Recife, e em todo o Estado. Esse esforço educacional é descrito em seus menores detalhes por Jules Spach, no seu recente livro, intitulado, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar (2000).

O Método Laubach foi também introduzido em Cuba, em 1960, em uma escola normal em Bágamos. Essa escola pretendia preparar professores para a alfabetização de adultos. No entanto, logo que Fidel Castro assumiu o controle total do poder em Cuba, naquele mesmo ano, todas as escolas foram nacionalizadas, inclusive a escola normal de Bágamos. Seus professores foram acusados de “subversão”, e tiveram de fugir, indo refugiar-se em Costa Rica, onde continuaram seu trabalho, na propagação do Método Laubach, criando então um programa de alfabetização de adultos, chamado Alfalit.

A organização Alfalit foi introduzida no Brasil, e reconhecida pelo governo brasileiro como programa válido de alfabetização de adultos. Encontra-se hoje na maioria dos Estados: Santa Catarina (1994), Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Sergipe, São Paulo, Paraná, Paraíba e Rondônia (1997); Maranhão, Pará, Piauí e Roraima (1998); Pernambuco e Bahia (1999).

A oposição ao Método Laubach ocorreu desde a introdução do mesmo, em Pernambuco, no final da década de 1950. Houve tremenda oposição da esquerda ao mencionado programa da Cruzada ABC, em Pernambuco, especialmente porque o mesmo não conduzia à luta de classes, como ocorria nas cartilhas plagiadas do Sr. Paulo Freire. Mais ainda, dizia-se que o programa ABC estava "cooptando" o povo, comprando seu apoio com comida, e que era apenas mais um programa “ïmperialista”, que tinha em meta unicamente "dominar o povo brasileiro".

Como a fome era muito grande na Brasília Teimosa, os dirigentes da Cruzada ABC, como maneira de atrair um maior número de alunos para o mesmo, se propuseram criar uma espécie de "bolsa-escola" de mantimentos. Era uma cesta básica, doada a todos aqueles que se mantivessem na escola, sem nenhuma falta durante todo o mês. Essa bolsa-escola tornou-se famosa no Recife, e muitos tentavam se candidatar a ela, sem serem analfabetos ou mesmo pertencentes à comunidade da Brasília Teimosa. Bolsa-escola fora algo proposto desde os dias do Império, conforme pode-se conferir no livro de um educador do século XIX, Antônio Almeida, intitulado O Ensino Público, reeditado em 2003 pelo Senado Federal, com uma introdução escrita por este Autor.

No entanto, a idéia da bolsa-escola foi ressuscitada pelo senhor Cristovam Buarque, quando governador de Brasília. Este senhor, que é pernambucano, fora estudante no Recife nos dias da Cruzada ABC, tão atacada pelos seus correligionários de esquerda. Para a esquerda recifense, doar bolsa-escola de mantimentos era equivalente a "cooptar" o povo. Em Brasília, como “idéia genial do Sr. Cristovam Buarque”, esta é hoje abençoada pela UNESCO, espalhada por todo o mundo e não deixa de ser o conceito por trás do programa Fome Zero, do ilustre Presidente Lula.

O sucesso da campanha ABC – que incluía o Método Laubach e a bolsa-escola - foi extraordinário, sendo mais tarde encampado pelo governo militar, sob o nome de MOBRAL. Sua filosofia, no entanto, foi modificada pelos militares: os professores eram pagos e não mais voluntários, e a bolsa-escola de alimentos não mais adotada. Este novo programa, por razões óbvias, não foi tão bem sucedido quanto a antiga Cruzada ABC, que utilizava o Método Laubach.

A maior acusação à Cruzada ABC, que se ouvia da parte da esquerda pernambucana, era que o Método Laubach era "amigo da ignorância" - ou seja, não estava ligado à teoria marxista, falhavam em esclarecer seus detratores - e que conduzia a “um analfabetismo maior”, ou seja, ignorava a promoção da luta de classes, e defendia a harmonia social. Recentemente, foi-me relatado que o auxílio doado pelo MEC a pelo menos um programa de alfabetização no Rio de Janeiro – que utiliza o Método Laubach, em vez do chamado “Método Paulo Freire” - foi cortado, sob a mesma alegação: que o Método Laubach estaria "produzindo o analfabetismo” no Rio de Janeiro. Em face da recusa dos diretores do programa carioca, de modificarem o método utilizado, o auxílio financeiro do MEC foi simplesmente cortado.

Não há dúvida que a luta contra o analfabetismo, em todo o mundo, encontrou seu instrumento mais efetivo no Método Laubach. Ainda que esse método hoje tenha sido encampado sob o nome do Sr. Paulo Freire. Os que assim procederam não apenas mudaram o seu nome, mas também o desvirtuaram, modificando inclusive sua orientação filosófica. Concluindo: o método de alfabetização de adultos, criado por Frank Laubach, em 1915, passou a ser chamado de “Método Paulo Freire”, em terras tupiniquins. De tal maneira foi bem sucedido esse embuste, que hoje será quase que impossível desfazê-lo.


BIBLIOGRAFIA

AYRES, Antônio Tadeu. Como tornar o ensino eficaz. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de Janeiro, 1994.
BRINER, Bob. Os métodos de administração de Jesus. Ed. Mundo Cristão, S.P., 1997.
CAMPOLO, Anthony. Você pode fazer a diferença. Ed. Mundo Cristão, SP, 1985.
GONZALES, Justo e COOK, Eulália. Hombres y Ángeles. Ed. Alfalit, Miami, 1999.
GONZALES, Justo. História de un milagro. Ed. Caribe, Miami (s.d.).
GONZALES, Luiza Garcia de. Manual para preparação de alfabetizadores voluntários. 3ª ed., Alfalit Brasil, Rio de Janeiro, 1994.
GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino. 7ª ed., Rio de Janeiro, JUERP, 1994.
HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Ed. Betânia, Belo Horizonte, 1999.
LAUBACH, Frank C.. Os milhões silenciosos falam. s. l., s.e., s.d.
MALDONADO, Maria Cereza. História da vida inteira. Ed. Vozes, 4ª ed., S.P., 1998.
SMITH, Josie de. Luiza. Ed. la Estrella, Alajuela, Costa Rica, s.d.
SPACH, Jules, Todos os Caminhos Conduzem ao Lar, Recife, PE, 2000.



(*) O autor é historiador


Obs.: Essa é a moral comunista: apropriar-se da autoria intelectual de outros pensadores e dizer que é sua criação. Você já leu "Sobre a moralidade de Karl Marx", de Ipojuca Pontes? Pois leia, e vai saber que todos os chavões "criados" por Marx não passam de simples roubo, coisa típica de "petralha" (F.Maier).



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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Moedas digitais emitidas por bancos centrais é totalitária

A ameaça totalitária representada por moedas digitais emitidas por bancos centrais

Por Leandro Ruschel
Em 09/08/2023



Poucos instrumentos ameaçam mais a liberdade individual do que moedas digitais emitidas por BCs, como a Drex, anunciada pelo Banco Central do Brasil, ontem.

Nas palavras de Augustin Carstens, Diretor Geral do BIS, uma espécie de banco central dos bancos centrais:

"Nós não sabemos quem está usando uma nota de US$ 100, hoje. A maior diferença com a CBDC (Central Bank Digital Currency) é que os BCs terão CONTROLE ABSOLUTO nas regras que determinarão o uso da moeda, e a tecnologia para fazer tais regras valerem."

Ou seja, caso essas moedas sejam adotadas, na prática ninguém será mais dono do seu dinheiro, mas terá uma autorização de uso desses valores.

Já foi revelado que a Drex, moeda digital brasileira, já traz no seu código a possibilidade de congelamento imediato, e até mesmo cancelamento.

Alguém pode alegar que esse tipo de controle já existe. Por exemplo, através de uma ordem judicial dada, o BC envia ordem de bloqueio de contas para as instituições financeiras, que deixam então os valores indisponíveis, até que sejam eventualmente desbloqueados por nova ordem judicial.

Porém, há a possibilidade de utilização de dinheiro físico, o que impede o controle desses recursos, e gera a possibilidade de transações anônimas. Além disso, o processo de bloqueio judicial requer uma série de etapas e participação de várias instituições, enquanto o controle da moeda digital seria muito mais rápido e direto.

Com a moeda digital, o governo saberá em tempo real o que você está fazendo com os recursos e com quem você está transacionando. Sem dúvida, isso pode ser uma ferramenta de combate ao crime, mas por outro lado produz o grave risco de autoritarismo.

Caso você não tenha percebido, há uma onda autoritária em curso, não apenas no Brasil, em que até mesmo a mera expressão de certas ideias está sendo tratada como crime, enquanto crimes reais, como corrupção e lavagem de dinheiro, são tratados como atividades legais, dependendo do partido de quem pratica.

Observamos até mesmo em democracias maduras, como a canadense, um ataque frontal ao direito de protesto, como ocorreu no caso do "Comboio da Liberdade", em que canadenses protestaram contra as medidas implementadas pelo governo durante a pandemia, como lockdowns e vacinações forçadas. O governo canadense baixou Lei Marcial, e usou o bloqueio de contas bancárias como principal instrumento de pressão sobre os manifestantes. Caso a moeda digital já estivesse implementada, o controle seria muito mais rápido e efetivo.

Se quisermos ter uma ideia de qual regime poderemos alcançar com esse tipo de moeda, é só dar uma olhada para a China, que tem implementado um outro tipo de instrumento de controle, chamado de Sistema de Crédito Social, associado a mecanismos de reconhecimento biométrico.

Nesse sistema, você ganha pontos por ser um "bom cidadão". Entra como critério a sua ficha criminal, suas finanças, notas escolares, hábitos de saúde e especialmente o seu comportamento nas redes sociais. Falar mal do governo é algo grave, que retira vários pontos da sua nota de crédito social.

Quem tem uma nota muito baixa deixa de ter acesso a crédito para comprar uma casa ou um carro, e também perde acesso ao ensino superior, por exemplo. Nos casos mais graves, a pessoa não pode mais utilizar o serviço público de transporte. Há relatos de pessoas impedidas até mesmo de entrar na própria casa. Com a implementação da moeda digital, tal controle passa a ser feito diretamente no meio de pagamento.

O governo pode definir que certa pessoa possa utilizar os seus recursos apenas para comprar comida, por exemplo, sem acesso a nenhum tipo de entretenimento. É a prisão sem muros perfeita, que nem mesmo George Orwell chegou a imaginar. Fale mal de uma autoridade, e você perde o direito à cervejinha. Volte a falar bem, e o final de semana estará garantido...

Juda Agung, diretor-assistente do Banco Central da Indonésia afirmou que as moedas digitais oferecerão uma alternativa às criptomoedas. É praticamente certo que os governos buscarão banir o uso de criptos assim que a moeda digital esteja em funcionamento.

Um outro risco é operacional. Enquanto criptomoedas operam em sistemas descentralizados, mais resistentes aos ataques cibernéticos, as moedas digitais, por definição, operam através de um sistema central, muito mais frágil. Hoje a maior parte das moedas já são transacionadas de forma digital, mas em sistemas descentralizados e independentes.

Por conta da ameaça que a moeda digital oferece à privacidade e à liberdade econômica, vários estados americanos estão em processo de proibir o seu uso, como a Flórida. Não por acaso, são estados controlados por Republicanos. Já os Democratas, cada vez mais enamorados de ideias autoritárias, são entusiastas da implementação do novo sistema.

Até mesmo o presidente do FED, Jerome Powell, já se posicionou contra a sua implementação:

"Nós não queremos um mundo em que o governo enxerga, em tempo real, cada transação que qualquer pessoa faça utilizando moeda digital".

Tal mundo nada mais seria que um pesadelo totalitário.



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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

A arma de fogo é a civilização

Ela anula a tirania do mais forte e protege a integridade do mais fraco

 Marko Kloos

terça-feira, 15 jan 2019

 (Artigo extraído do MISES BRASIL,  https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2146)



Os seres humanos têm apenas duas maneiras de lidar uns com os outros: por meio da razão e por meio da força.

Se você quer que eu faça algo por você, há duas opções: ou você me convence por meio de um argumento racional ou você recorre à ameaça de violência.

Toda e qualquer interação humana necessariamente recai em uma dessas duas categorias. Sem exceção. Razão ou força. E só.

Em uma sociedade genuinamente moral e civilizada, as pessoas interagem exclusivamente por meio da persuasão. A força não é um método válido de interação social. 

Sendo assim, e por mais paradoxal que isso possa parecer para alguns, a única ferramenta que pode remover a força dessa lista de opções é uma arma de fogo pessoal.

E o motivo é simples: quando estou portando uma arma de fogo, você não pode lidar comigo por meio da força. Você terá de utilizar apenas a sua razão e a sua inteligência para tentar me persuadir. Portando uma arma de fogo, eu tenho uma maneira de neutralizar a sua ameaça ou o seu uso da força.

A arma de fogo é o único objeto de uso pessoal capaz de fazer com que uma mulher de 50 kg esteja em pé de igualdade com um agressor de 100 kg; com que um octogenário esteja em pé de igualdade com um marginal de 20 anos; e com que um cidadão sozinho esteja em pé de igualdade com 5 homens carregando porretes. 

A arma de fogo é o único objeto físico que pode anular a disparidade de força, de tamanho e de quantidade entre um potencial agressor e sua potencial vítima.

Há muitas pessoas que consideram a arma de fogo como sendo o lado ruim da equação, a fonte de todas as coisas repreensíveis que acontecem em uma sociedade. Tais pessoas acreditam que seríamos mais civilizados caso todas as armas fossem proibidas: segundo elas, uma arma de fogo facilita o "trabalho" de um agressor. 

Mas esse raciocínio só é válido, obviamente, se as potenciais vítimas desse agressor estiverem desarmadas, seja por opção ou por decreto estatal. Tal raciocínio, porém, perde sua validade quando as potenciais vítimas também estão armadas.

Pessoas que defendem a proibição das armas estão, na prática, clamando para que os mais fortes, os mais agressivos e os mais fisicamente capacitados se tornem os seres dominantes em uma sociedade — e isso é exatamente o oposto de como funciona uma sociedade civilizada. 

Um criminoso só terá uma vida bem-sucedida caso viva em uma sociedade na qual o estado, ao desarmar os cidadãos pacíficos, concedeu a ele o monopólio da força. Quando as armas são restringidas por lei, não há nenhum motivo para se acreditar que criminosos irão obedecer a esta lei. Pessoas que utilizam armas para infringir a lei também infringirão a lei para obter armas. A máxima segue irrefutável: se as armas forem criminalizadas, apenas os criminosos terão armas.

E há também o argumento de que uma arma faz com que aquelas brigas mais corriqueiras, as quais em outras circunstâncias resultariam apenas em pessoas superficialmente machucadas, se tornem letais. Mas esse argumento é multiplamente falacioso. 

Em primeiro lugar, se não houver armas envolvidas, todos os confrontos serão sempre vencidos pelo lado fisicamente superior, o qual irá infligir lesões e ferimentos avassaladores ao mais fraco. Sempre.

Ademais, pessoas que acreditam que punhos cerrados, porretes, pedras, garrafas e cacos de vidro não constituem força letal provavelmente são do tipo que acreditam naquelas cenas fantasiosas que veem nos filmes, em que pessoas tomam variados socos, pauladas e garrafadas na cabeça e ainda continuam brigando impavidamente, no máximo com um pouco de sangue nos lábios.

O fato de que uma arma de fogo facilita o uso de força letal é algo que funciona unicamente em prol da vítima mais fraca, e não em prol do agressor mais forte. O agressor mais forte não precisa de uma arma de fogo para aniquilar sua vítima mais fraca. Já a vítima mais fraca precisa de uma arma de fogo para sobrepujar seu agressor mais forte. Se ambos estiverem armados, então estão em pé de igualdade.

A arma de fogo é o único objeto que é tão letal nas mãos de um cadeirante quanto nas mãos de um halterofilista. Se ela não fosse nem letal e nem de fácil manipulação, então ela simplesmente não funcionaria como instrumento equalizador de forças, que é a sua principal função.

Quando estou portando uma arma, eu não o faço porque estou procurando confusão, mas sim porque quero ser deixado em paz. A arma em minha cintura significa que não posso ser coagido e nem violentado; posso apenas ser persuadido por meio de argumentos racionais. 

Eu porto uma arma não porque tenho medo, mas sim porque ela me permite não ter medo. A arma não limita em nada as ações daqueles que querem interagir comigo por meio de argumentos; ela limita apenas as ações daqueles que querem interagir comigo por meio da força.

A arma remove a força da equação. E é por isso que portar uma arma é um ato civilizado. 

Uma grande civilização é aquela em que todos os cidadãos estão igualmente armados e só podem ser persuadidos via argumentos racionais, jamais coagidos.



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domingo, 13 de novembro de 2022

Carta do Padre Cícero escrita em 1930




"Caríssimos fiéis:

Que a fé vos salve!
A horda vermelha ameaça, com suas garras de abutre, destruir a nossa felicidade, perturbando a paz do Brasil em seus fundamentos seculares – a própria organização da família, célula mater da sociedade cristã.

A Igreja de Jesus Cristo, que tem sido em todos os tempos visada com ódio e rancor, pelos pregadores de ideias subversivas, é nesta hora de graves apreensões para a grande pátria do Cruzeiro, o alvo predileto dos emissários de Satanás.

Acenando com a falsa bandeira do liberalismo, a besta fera do apocalipse atira suas patas de fogo, contra a estabilidade de nossas instituições! Ai daqueles que prestarem seu auxílio aos inimigos de Deus.

As lavas ardentes do vulcão bolchevista lamberão a face da terra, e sob os escombros da fé, calcinada pelas labaredas do Anticristo, ressurgirão Sodoma e Gomorra. De pé, cristãos do Brasil. Guerra de morte aos que empunharem a bandeira vermelha do liberalismo, para estancar em nossas almas a fonte perene de fé, e entregá-la inerme nos braços de Satanás. Cegos serão todos aqueles que cerrarem os olhos à evidência da verdade!

Juazeiro, fevereiro de 1930.

Ass. Padre Cícero Romão Batista"



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O que é a Janela de Overton?

O que é a Janela de Overton? 
Entenda esta estratégia de manipulação da opinião pública

11 de novembro de 2022



Redação Brasil Paralelo


Muitas pessoas pensam que têm opinião formada sobre um assunto. Na verdade, não é difícil que elas tenham sido induzidas a pensar de uma certa maneira. Estudar o que é a Janela de Overton revelará uma estratégia de manipulação da opinião pública.

Se uma pessoa está na mesma posição contemplando a paisagem através de uma janela, tudo o que ela vê está delimitado pelas esquadrias e pelo batente. À medida que se levanta e se aproxima da janela, o horizonte se amplia.

A Janela de Overton muda paisagens ou amplia limites no campo das ideias, mas com consequências na sociedade.


O que você vai encontrar neste artigo?

O que é a Janela de Overton?
Origem e conceito da Janela de Overton
É possível deslocar a Janela de Overton?
Think tanks – Os influenciadores que deslocam a Janela de Overton
Quais são as etapas da Janela de Overton? Como mudar a opinião pública?
O perigo da manipulação invisível
As consequências da Janela de Overton e os cuidados necessários
Exemplos da Janela de Overton
Teoria da conspiração


O que é a Janela de Overton?
A Janela de Overton, ou Janela do Discurso, descreve o conjunto de ideias que a população tolera. É o grau de aceitabilidade de uma opinião na sociedade.

Ela registra como a maioria das pessoas pensa em um certo momento, sobre um determinado assunto.

Os assuntos podem se deslocar entre um extremo, absolutamente contrário, para outro, absolutamente favorável. A janela é a faixa que concentra o que a maioria aceita.

“A aceitabilidade da opinião pública determina a viabilidade política de um fato”.
Emitir opiniões fora da janela social considerada aceitável pode significar ser rejeitado. Opinar sobre o que está além do pensamento da janela pode ser um desastre para a popularidade de um candidato político.

As etapas da Janela de Overton são:

Inaceitável;
Verossímil (talvez pense nisso);
Neutralidade (sem opinião formada);
Provável (é possível concordar);
Inevitável (ou aceitável).




Origem e conceito da Janela de Overton

A expressão deriva do nome de seu criador, Joseph P. Overton, ex-vice-presidente do Centro de Políticas Públicas de Mackinac, Michigan, EUA. Ele criou este termo para a segurança pública.

Em seus estudos ele explicou que diversos atores sociais podem escolher não apenas o que as pessoas pensam, mas também como elas pensam.

Para descrever o fenômeno que mais tarde seria conhecido como Janela de Overton, ele afirmou que para uma ideia ter viabilidade na sociedade, precisa passar pela “janela” social, não bastando serem apenas preferências individuais dos políticos.

Segundo Overton, a janela inclui um conjunto de políticas consideradas aceitáveis no momento em que a opinião pública as recebe. Um candidato político poderá recomendar este conjunto de ideias sem ser considerado excessivamente extremo.

O conceito demonstra o que a sociedade considera aceitável ou não em um dado momento. Se alguma figura pública quiser aceitação social, deve emitir opiniões que variem dentro da janela considerada aceitável.

Outra característica da Janela de Overton é que ela não é estática.

É possível deslocar a Janela de Overton?

A Janela de Overton não é fixa. O conceito não engloba apenas a definição, ou seja, a determinação do que a maioria aceita. Saber isto é apenas uma etapa. É possível mudar a aceitação das pessoas. É possível manipular a opinião pública.

Para que a Janela de Overton se desloque, é preciso que a população mude sua opinião sobre um tema. Isto acontecerá se as pessoas forem convencidas de novas ideias, ou pelo menos persuadidas a pensarem contra o que normalmente era aceito.

Muitas pessoas manipulam a opinião pública para aceitar o que antes era inaceitável.

As mudanças realizadas na Janela de Overton podem mudar a opinião de “inaceitável” para “verossímil”, “neutralidade” e progredir para “inevitável”. Ou vice-versa, levando as pessoas da aprovação à desaprovação de algo.

Em geral, os governos gastam dinheiro para vender “ideias” e conquistar a opinião pública. Os sentimentos sociais são detectados e começa-se um trabalho para neutralizá-los e, em seguida, mudá-los.

Os deslocamentos, por exemplo, vão desde a mudança da aceitação do cigarro em lugares públicos e fechados, por causa da propaganda antitabagista recorrendo a cientistas, até temas de cidadania, aborto, sexualidade e criminalização de drogas.

Em vários casos, é utilizada a estratégia do Cavalo de Troia. Leia mais sobre esta tática, que faz parte da estratégia de deslocamento da janela.


Think tanks – Os influenciadores que deslocam a Janela de Overton

A Janela de Overton é deslocada principalmente por políticos, assessores de imprensa, institutos de pesquisa, relações públicas, agências de lobby e demais influenciadores. Por esta razão, professores, youtubers, instagramers e similares são mobilizados.

Overton chamou esses agentes, líderes carismáticos, de think tanks, pois colaboram na formação de opinião de seu público, deslocando a janela de aceitação de uma ideia.

Um exemplo enfático que retrata como a opinião pública pode mudar, é a escravidão. Há 150 anos, as pessoas consideravam isto algo natural, normal. A mudança de opinião pode acontecer de uma forma natural ou forçada.

Os think tanks muitas vezes desviam o foco de um tema principal e começam a pautar assuntos adjacentes. Desta forma, o discurso torna-se mais aceitável até que a percepção das pessoas tenha mudado.

Considerando a escravidão, antes de ser completamente abolida, primeiro foi abolido o tráfico negreiro. A mudança aconteceu gradualmente. Foram necessários anos para aprovar leis que dificultavam cada vez mais a escravidão até que a Lei Áurea fosse assinada.

Em 40 anos, a janela da escravidão mudou no Brasil de absolutamente favorável para absolutamente inaceitável.

O jogo de influências que se profissionalizou

A influência pode ser negativa ou positiva, como no exemplo abolicionista.

Ainda assim, o jogo de influências se profissionalizou. Atualmente, foi formada uma indústria especializada em moldar a opinião pública. São assessores de imprensa, publicitários, cientistas políticos, pesquisadores, cientistas, youtubers, políticos e qualquer formador de opinião.

Por estas razões, e por causa destas estratégias, entender o que é Janela de Overton e como ela é usada, torna-se fundamental para entender a complexidade da sociedade.

Gerações podem ser envolvidas no processo de mudança de pensamento. Se não for possível mudar a concepção dos pais, as escolas tornam-se o alvo e prepara-se uma geração que aceita o que os think tanks querem desde o momento em que entram na escola ou acessam a Internet.

Em tempos pacíficos, as discussões sociais são conduzidas lenta e gradualmente. Afinal, a Janela de Overton pode ser definida como a zona de conforto da opinião pública.


Quais são as etapas da Janela de Overton? Como mudar a opinião pública?

1 – O estudo das circunstâncias

A Janela de Overton desloca-se a partir das circunstâncias. Grandes acontecimentos favorecem discursos que podem levar as pessoas a aceitarem o que não haviam pensado em aceitar.

A janela está fechada ou não se move para algum tema, extremamente rejeitado pela sociedade. Entretanto, alguns eventos de impacto podem abrir o espaço para discussão, tais como atentados, crises e doenças.

Por exemplo, após o atentado às torres gêmeas em 2001, os americanos aceitaram mais facilmente que o governo Bush ampliasse o acesso do Estado a informações privadas, novas regras em aeroportos e a guerra no Iraque.

Em 2009 e 2010, a crise econômica também levou os americanos a aceitar que o governo Obama interviesse em bancos, montadoras e seguradoras.

É possível tirar proveito do desespero, do medo, da insegurança, da ignorância e da fala de especialistas.

Por exemplo, as pessoas não estavam dispostas a usar máscaras quando não estavam doentes. Mas independentemente da lei obrigando o uso, elas aceitaram o uso por causa das falas dos especialistas e do foco midiático.

Por estas realidades, uma reflexão deve ser feita. Grandes eventos podem levar as pessoas a abrir mão de seus direitos.

Uma vez feito isto, não é tão fácil recuperá-los. Regras circunstanciais podem ser o pretexto para o estabelecimento de um novo comportamento, que pode até se tornar compulsório.

2 – A opinião se torna aceitável

O que era impensável começou a ser discutido. O próximo passo é conseguir a aceitação. O que antes era repudiado começa a se tornar normal e aqueles que discordam começam a ser mal vistos.

As percepções negativas da ideia em questão começam a deixar de ser negativas. Com o apoio da mídia, começa-se a ver como respeitável o que antes não era. A ideia se torna sensata.

3 – A popularidade da ideia aumenta




A opinião introduzida de acordo com os passos descritos, torna-se popular sendo veiculada em propagandas, filmes, novelas, séries e nos demais meios de entretenimento. Os artistas a apoiam e o novo fenômeno se torna mais presente no imaginário social.

A propagandas, por todos os meios possíveis, é uma das formas mais eficazes de atingir a opinião pública e criar um senso de unanimidade de pensamento. Antes que leis sejam compostas, os anúncios são criados.

4 – A ideia é politizada

Tal se torna a aceitação, que o legislativo propõe leis que regulamentam o que está sendo debatido.

O que começou como impensável, pela descrição da Janela de Overton, pode vir a tornar-se uma lei. A percepção pública pode ser mudada, por mais absurda que seja uma ideia.

O nazismo é um exemplo extremo desta realidade.

O perigo da manipulação invisível

A opinião pública recebe constantemente as pautas da imprensa, dos políticos e dos ativistas em geral. Muitas propagandas, discursos e apelações. As pesquisas também são comuns, sejam elas verdadeiras ou falsas.

As ideias são apresentadas como se já tivessem aceitação da sociedade, quando isto é apenas uma roupagem para que, criando a sensação de popularidade, as pessoas não se ocupem em ser contrárias.

Em 1928, no livro Propaganda, Edwards Bernays explicou que as pessoas tendem a se comportar de forma irracional ou impulsiva, especialmente quando estão inseguras. Nesta situação, discursos fortes e emotivos podem manipular suas decisões.

“Somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos são formados, nossas ideias são sugeridas, em grande parte por homens dos quais nunca ouvimos falar… Somos dominados por um número relativamente pequeno de pessoas… que entendem os processos mentais e os padrões sociais das massas. São eles que puxam os fios que controlam a mente do público, que aproveitam as velhas forças sociais e criam novas maneiras de ligar e guiar o mundo”.

O controle da sociedade através do discurso

Indústrias, empresários, governos, grupos com interesses definidos costumam ser os principais agentes que movimentam o dinheiro utilizado em propaganda para manipular a sociedade.

São feitos esforços para que seja natural para as pessoas aceitarem o que nem sequer seria uma opção.

O discurso é o principal meio. A partir dos estudos de Freud, Psicologia do Grupo e A Análise do Ego, Bernays também disse:

“Se entendemos o mecanismo e os motivos da mente grupal, não é possível controlar e regimentar as massas de acordo com nossa vontade sem que elas saibam disso?”

As consequências da Janela de Overton e os cuidados necessários

O deslocamento de opinião pode ser louvável ou condenável. Nem tudo é manipulação e a Janela de Overton não precisa ser considerada negativa em sua essência. Entretanto, é preciso ter cuidado com as ideias que os agentes sociais apresentam.

É natural que mudanças e deslocamentos aconteçam impulsionados por apelos aos fatos e à lógica, à moral e às emoções. Os casos imorais são movidos por campanhas de desinformação.

Casos notórios são:

Ideologia de Gênero;
Black Lives Matter;
Antifa.

Buscar as reais motivações por trás dos discursos é fundamental. É mais seguro não acreditar apenas no que é dito, mas procurar saber por que é dito e se não há intenção oculta por trás.

O principal esforço deve ser o de descobrir se as estratégias utilizadas para mobilizar a opinião pública envolvem mentiras.

A atenção nos debates deve estar voltada para os termos associados a algum tema, ou o foco principal. Qualquer um que queira deslocar a Janela de Overton, não irá contrariar um tema de frente, mas buscará maneiras suaves de fazê-lo.

A percepção da manipulação da opinião pública pode girar em torno de um desvio do assunto principal.

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”
Esta frase é de Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha Nazista. Os nazistas sabiam que, para mudar a aceitação das pessoas, seria necessário lutar no campo das ideologias.

Por esta razão, foi criado o ministério da propaganda. Os alemães eram constantemente alvejados com a ideia de que pertenciam a uma raça superior, a raça ariana.

Quando a concepção de superioridade se consolidou, a sociedade estava naturalmente menos distante da ideia de que aqueles que não eram arianos não tinham a mesma importância. Consequentemente, era mais fácil conseguir que o povo alemão concordasse com o extermínio dos judeus.

As batalhas começam no campo do discurso, mas chegam à realidade e impactam a vida de todos.

Exemplos da Janela de Overton

A seguinte sequência de exemplos é atual e reflete os acontecimentos que a maioria das pessoas experimenta no dia a dia. São a melhor forma para entender de forma aplicada o que é a Janela de Overton.

1 – Aborto




A população brasileira, em geral, é contrária ao aborto. Para que a ideia de descriminalizar o aborto seja aprovada, é necessário deslocar a janela, indo de “inaceitável” a “inevitável”. Antes, é preciso passar pela neutralidade.

Por esta razão, iniciam-se campanhas que tratam dos “direitos da mulher” e a palavra aborto começa a não ser usada. O primeiro passo é fazer a opinião pública pensar que o feto é parte do corpo da mulher e não outro ser humano.

Outra etapa consiste em conquistar os afetos das pessoas falando do número de mortes clandestinas causadas por abortos não autorizados. A tática aceita a mentira para mobilizar os sentimentos e são usados números exorbitantes.

Fala-se de crianças abandonadas por suas mães, que seriam violentadas e acabariam ameaçando a sociedade ao crescerem em uma vida de traumas e crimes.

Se os pró-vidas são silenciados e não podem alertar a sociedade sobre as mentiras usadas, a janela muda e o aborto, antes reprovado, passa a ser aprovado.

2 – Natureza

Exemplos menores também ilustram bem o que é a Janela de Overton. Basta considerar a sacola plástica no supermercado. Não se muda a ideia do consumidor dizendo-lhe que as compras serão levadas para casa em caixas de papelão.

É preciso falar da preservação da natureza.

3 – Privatizações

Em 2005, se a privatização da Petrobrás fosse discutida, a ideia seria inaceitável. Com todos os escândalos de corrupção que chegaram ao conhecimento público, a ideia de privatização saiu do inaceitável e começou a migrar para o provável nos dias de hoje.

Os Correios já se encontram no nível considerado inevitável.

Teoria da conspiração

Qualquer um que entenda o que é Janela de Overton corre o risco de se preocupar de forma exagerada. Alguns começam a considerar que tudo o que acontece na sociedade é parte de um plano estrategicamente pensado para moldar a opinião pública.

Nem tudo o que acontece é arquitetado e planejado. Muitas mudanças acontecem por causa do desenvolvimento humano natural. O conhecimento também leva a mudanças graduais.

Para saber se há ou não manipulação, é recomendável analisar os argumentos, quem está propondo as ideias e quais serão as consequências.



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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O susto da garotinha

O susto da garotinha

11 de fevereiro de 2022

Estava na estrada estes dias indo visitar minha mãe quando vi na cidade de Iaçu-Ba uma chaminé bem alta soltado uma fumaça branca. Imediatamente me lembrei de uma história da garotinha Alice, filha de Ângelo, um amigo luso-brasileiro e professor de química da UFRJ.
Estavam em Arembepe, litoral norte da Bahia, trecho cheio de grandes lagoas de água salobra de um lado, e do outro, o oceano atlântico.
Era fim de tarde, estavam sentados em frente a uma destas lagoas. O sol estava se pondo já bem perto do horizonte, um pouco a esquerda de onde estavam, bem na direção de uma indústria, a Tibras que produzia óxido de titânio.
Foi neste momento que Alice percebeu as chaminés soltando uma fumaça branca para o alto. Arregalou os olhos, abriu a boca como se tivesse levado um susto, ou fizera uma imensa descoberta que salvaria o mundo.
O pai perguntou "o que foi, filha?"
Alice respondeu prontamente: já sei de onde vem as nuvens. Vem dali (apontando para a chaminé), da fábrica de nuvens.

Cidade de Iaçu-Ba. Foto: José Lamartine de AL Neto


Achei esta história tão encantadora, tão fantástica, unindo a realidade e fantasia. Mas onde quero chegar com isso?
Acredito que certas capacidade que temos com o tempo vão sendo adormecidas.
A capacidade de ter a mente aberta para perceber coisas novas, se encantar com as possibilidades que a vida oferece para aprender e crescer.
Por falar em crescer, Alice hoje é uma mulher feita, adulta e sabe o que sai da chaminé. Aprendeu estequiometria. Ela sabe que além de vapor saem outras coisas também. Se tornou mais madura. A maturidade deve aperfeiçoar nosso entendimento da vida. Aquilo que víamos de um jeito, hoje é de outro.
Dos dados e fatos da realidade pode-se tirar, com método, informação. O uso adequado da informação pode-se chegar ao conhecimento, mas somente fazendo o uso do conhecimento, com acertos ou erros, se chega a sabedoria. Não é possível ter sabedoria como um castelo nas nuvens e esperar que ele sobreviva, exceto no terreno da fantasia da Alice criança. Em vez disso constrói-se em alicerce firme dos fatos e da realidade como as bases das chaminés, mesmo que sejam inspiradas em contos de fadas, ou fábrica de nuvens.

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