domingo, 29 de junho de 2008

Comunistas no mercado

Caro J...

Acredito que seu material provocou o debate intelectual, coisa que é muito importante. Apesar disso, o alerta de P... é extremamente valioso, só acrescentaria que não existe concorrência leal na História do capitalismo, já que a base desse sistema é a produção de monopólio. O caso da China é exatamente o modelo claro de monopólio e da lógica destrutiva do capitalismo, que implica em destruição ambiental, destruição de emprego e precarização da vida e precarização dos direitos do trabalho. Infelizmente é para esse caminho que corre o capitalismo.

Abraços
S...
Prezados,
Como sistema social hegemônico, o Capitalismo, através da Revolução Industrial, substituiu não só o sistema de produção artesanal, mas os valores sociais vigentes, substituídos pelas chamadas leis de mercado ou oferta-demanda. Adam Smith, aponta para o que se acredita ser o valor dos indivíduos que buscam seus interesses próprios, que se opõe ao trabalho altruístico de servir o "bem comum".
Naquela época as mulheres passaram a participar deste sistema porque tinham uma mercadoria a oferecer, o trabalho e muitas tinham que levar seus próprios filhos para o chão de fabrica para não perderem seus empregos. O ambiente não era nada saudável para os adultos, imagine para crianças de colo. As que não trabalhavam porque não precisavam eram por serem poses de seus maridos, pais, irmãos e não tinham direito nem a sua intimidade fora da vigilância dos homens.
O resto delas se via obrigada a trabalhar e tinham suas vidas regidas por leis que as consideravam simples mercadorias.
Até o século XX, se acreditava que a redução de custos com trabalhadores e sua exploração, traria o maior lucro. O século XXI começa a dar sinais de que seria desejável atrair os melhores profissionais do mercado e mantê-los tão motivados quanto possível e isto tornaria a empresa mais lucrativa. Entretanto, o número de funcionários que se enquadram neste modelo é insignificante diante de toda a massa trabalhista mundial, que em sua maioria ainda trabalha em condições muito precárias, muitas não só na China, como no Brasil, que mantém, para muitas atividades, uma forma de produção primitiva como a coleta e extração como nossos ancestrais das savanas africanas e a produção artesanal. Quem viajou neste São João por cidades do interior pode ter experimentado o “gostinho” de coisas produzidas ainda nos moldes de séculos passados.
Como disse o professor S... a respeito de provocação ao debate, gostaria de algum esclarecimento de onde se encontram os antigos e atuais admiradores/seguidores do socialismo no Brasil? Será que existem muitos “infiltrados” em estruturas capitalistas ou governamentais? Para fazerem o que? Será que para mostrar que o capitalismo não serve como não serviu o falido socialismo? Ou os atuais membros do partido estão também inseridos e atuantes nas leis de mercado?
Espero que tenham um ótimo dia
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José Lamartine Neto
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"Todos nós nascemos originais e morremos cópias." (Carl Gustav Jung)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Despeito

Bom dia meus amigos e colegas,

Achei esta pérola e gostaria de compartilhar com voces.
Espero que gostem e meditem pois, alguns acham que pensar doi. E eu concordo. Correr o risco de destruir os castelos de areia que se demora tanto a edificar...

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Torso arcaico de Apolo

Rainer Maria Rilke / Tradução de Manuel Bandeira

Não sabemos como era a cabeça, que falta,
de pupilas amadurecidas. Porém
o torso arde ainda como um candelabro e tem,
só que meio apagada, a luz do olhar, que salta

e brilha. Se não fosse assim, a curva rara
do peito não deslumbraria, nem achar
caminho poderia um sorriso e baixar
da anca suave ao centro onde o sexo se alteara.

Não fosse assim, seria essa estátua uma mera
pedra, um desfigurado mármore, e nem já
resplandecera mais como pele de fera.

Seus limites não transporia desmedida
como uma estrela; pois ali ponto não há
que não te mire. Força é mudares de vida.

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...no soneto de Rilke, o autor além de ultrapassar a questão estética afinal, nos convida a mudar, aperfeiçoar. É comum pessoas se sentirem humilhadas ante a perfeição de Apolo, brotando uma reação natural - o despeito.

Despeito é a negação do melhor, é quando desqualificamos, camuflamos ou distorcemos e, de alguma forma evitamos o contato ou confronto direto. Isso produz a sensação de tranquilidade e alívio, pelo menos por alguns instantes, em nosso orgulho machucado.
Quando se faz isso encurtamos os limites humanos de uma forma miserável, só pra satisfazer nossa auto-imagem diminuída.

É muito fácil nos depararmos com nossos monstros internos: orgulho, o medo, a raiva, etc. Mais fácil do que com nossos heróis. Quando nos comparamos, os monstros parecem ser piores do que nós próprios.

E por falar em Apolo, lembrei que apologia não é só fazer "propaganda" de um determinado assunto. Ao invés de ser leal, considerando o lado positivo e negativo, constrói-se um discurso somente do lado que convém, e como fica obvio, carece de verdade. Aliás, tem uma verdade: a verdade conveniente.

O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac Autoria desconhecida Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um ...