domingo, 12 de dezembro de 2010

Os barões da Droga

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 1 de dezembro de 2010


Um leitor pede gentilmente que eu lhe diga quem, afinal, são os tão falados e jamais nomeados “barões da droga”. Quem ganha com o crescimento ilimitado das quadrilhas de narcotraficantes e sua transformação em força revolucionária organizada, ideologicamente fanatizada, adestrada em táticas de guerrilha urbana, capacitada a enfrentar com vantagem as forças policiais e não raro também as militares?

A resposta é simplicíssima: quem ganha com o tráfico de drogas é quem produz e vende drogas. O maior, se não o único fornecedor de drogas ao mercado brasileiro são as Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. São elas, também, que dão adestramento militar e assistência técnica ao Comando Vermelho, ao PCC e a outras quadrilhas locais.

Já faz dez anos que o então principal traficante brasileiro, Fernandinho Beira-Mar, preso na Colômbia, descreveu em detalhes a operação em que trocava armas contrabandeadas do Líbano por duas toneladas anuais de cocaína das Farc. Também faz dez anos que uma investigação da Polícia Federal chegou à seguinte conclusão: “A guerrilha tem o comando das drogas” (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/031002jt.htm). Se alguém ainda tem dúvidas a respeito, é que está gravemente afetado da Síndrome do Piu-Piu: “Será que eu vi um gatinho?”

Mas, dirá o leitor, não há também políticos envolvidos na trama, gente das altas esferas, que dirige tudo de longe, discretamente, sem mostrar a cara ou sujar as mãozinhas?

É claro que há. Mas só são invisíveis a quem tenha medo de os enxergar. Para descobri-los, basta averiguar quem, na política, protege as Farc. Não preciso dar nomes, preciso? Para avivar a memória, leia as listas de participantes do Foro de São Paulo, entidade criada precisamente para articular, numa estratégia revolucionária abrangente, a política e o crime.

Alguns ganham muito dinheiro com isso, mas nem todos, na lista, têm interesse financeiro direto no narcotráfico – o que não os torna menos criminosos, é claro. As Farc e organizações similares servem-lhes de arma de barganha, para criar o caos social, intimidar o inimigo e extorquir dele concessões políticas que valem muito mais do que dinheiro. Quando a guerrilha está em vantagem, os políticos – para usar uma expressão já velha – sublinham com as armas da retórica a retórica das armas, anunciando o advento de uma sociedade justa gerada no ventre do morticínio redentor. Quando a guerrilha está perdendo, eles usam o restinho dela como instrumento de chantagem, oferecendo a “paz” em troca da transformação dos bandos armados em partidos políticos, de modo a premiar a imensa lista de crimes hediondos com a abertura de uma estrada risonha e franca para a conquista do poder. Mais detalhes em http://www.olavodecarvalho.org/semana/070924dc.html.

São esses os barões. Não há outros.

A parceria deles com o narcotráfico vem de longe. Começou na Ilha Grande, nos idos de 70, quando os terroristas presos começaram a doutrinar os bandidos comuns e a ensinar-lhes os rudimentos da guerrilha urbana segundo o manual de Carlos Marighela. Naquela época os guerrilheiros e a liderança esquerdista em geral tinham um complexo de inferioridade: viam-se como uma elite isolada, sem raízes nem ressonância no “povo”, em cujo nome falavam com um sorriso amarelo. Por uma feliz coincidência, foram parar na cadeia numa época em que o filósofo germano-americano Herbert Marcuse tinha lhes dado uma idéia genial: a faixa de população mais sensível à pregação revolucionária não eram os trabalhadores, como pretendia Karl Marx, e sim os marginais – ladrões, assassinos, narcotraficantes. Que parassem de fazer pregação nas fábricas e buscassem audiência no submundo – tal era o caminho do sucesso. Quando as portas do cárcere se fecharam às suas costas, abriram-se para eles as portas da mais doce esperança: lá estava, no pátio da prisão, o tão ambicionado “povo”. Sua função no esquema? Transmutar o reduzido círculo de guerrilheiros em movimento armado das massas revolucionárias.

Em 1991, o projeto, em formato definitivo, já vinha exposto com toda a clareza no livro Quatrocentos Contra Um, de autoria do líder do Comando Vermelho, William da Silva Lima, publicado pela Labortexto e lançado ao público na sede da Associação Brasileira da Imprensa, entre aplausos de mandarins da intelectualidade esquerdista que ali viam materializados os seus sonhos mais belos de justiça e caridade. Mais que materializados, ampliados:

“Conseguimos aquilo que a guerrilha não conseguiu: o apoio da população carente. Vou aos morros e vejo crianças com disposição, fumando e vendendo baseado. Futuramente, elas serão três milhões de adolescentes, que matarão vocês nas esquinas.”

Todo o descalabro sangrento que hoje aterroriza a população do Rio de Janeiro não é senão a efetivação do plano aí esboçado com a ajuda dos mesmos luminares do esquerdismo que hoje pontificam sobre “segurança pública”.

O parágrafo seguinte não preciso escrever, porque já escrevi. Está no Diário do Comércio de 16 de outubro de 2009 (http://www.olavodecarvalho.org/semana/091016dc.html):

“Mais tarde os terroristas subiram na vida, tornaram-se deputados, senadores, desembargadores, ministros de Estado, tendo de afastar-se de seus antigos companheiros de presídio. Estes não ficaram, porém, desprovidos de instrutores capacitados. A criação do Foro de São Paulo, iniciativa daqueles terroristas aposentados, facilitou os contatos entre agentes das Farc e as quadrilhas de narcotraficantes brasileiros – especialmente do PCC –, dos quais logo se tornaram mentores, estrategistas e sócios. Foi o que demonstrou o juiz federal Odilon de Oliveira, de Ponta Porã, MS, pagando por essa ousadia o preço de ter de viver escondido, como de fosse ele próprio o maior dos delinqüentes (v. http://www.eagora.org.br/arquivo/Farc-ensina-seqestro-a-PCC-e-CV-afirma-juiz/ e sobretudo http://odilon.telmeworlds.sg/), enquanto os homens das Farc transitam livremente pelo país, têm toda a proteção da militância esquerdista em caso de prisão e até são recebidos como hóspedes de honra por altos próceres petistas.”

Mas também é claro que, entre esses dois momentos, os apóstolos da sociedade justa não ficaram parados: fizeram leis que dificultam a ação da polícia (o governador carioca Leonel Brizola chegou a bloqueá-la por completo), espalharam por toda a sociedade a noção de que os bandidos são vítimas e, a pretexto de combater o crime por meio de uma “política de inclusão”, construíram nos redutos da bandidagem obras de infra-estrutura que tornam a vida dos criminosos mais confortável e sua ação mais eficiente. No meio de tanta atividade meritória, ainda tiveram tempo de estreitar os laços tático-estratégicos entre as quadrilhas de delinqüentes e a militância política, articulando, nas reuniões do Foro de São Paulo, a colaboração entre as Farc e o MST, que hoje recebe da guerrilha colombiana o mesmo adestramento em técnicas de guerrilha que começou a ser transmitido aos presos da Ilha Grande na década de 70.

Falar em “ligações” da esquerda com o crime é eufemismo. O que há é a unidade completa, a integração perfeita, uma das mais formidáveis obras de engenharia revolucionária de todos os tempos. Não espanta que empreendimento de tal envergadura tenha a seu dispor, entre os “formadores de opinião”, um número até excessivo de colaboradores incumbidos de negar a sua existência.

Fonte -
http://www.olavodecarvalho.org/semana/101201dc.html

sábado, 4 de dezembro de 2010

O poder muda a pessoa

Por RAYMUNDO DE LIMA
Psicanalista e professor da UEM

O poder torna as pessoas estúpidas e muito poder, torna-as estupidíssimas. (R. Kurz)

O psicanalista J. Lacan [1], observou que a partir do momento em que alguém se vê "rei", ele muda sua personalidade. Um cidadão qualquer quando sobe ao poder [2] , altera seu psiquismo. Seu olhar sobre os outros será diferente; admita ou não ele olhará "de cima" os seus "governados", os "comandados", os "coordenados", enfim, os demais.

Estar no poder, diz Lacan, "dá um sentido interiormente diferente às suas paixões, aos seus desígnios, à sua estupidez mesmo". Pelo simples fato de agora ser "rei", tudo deverá girar em função do que representa a realeza. Também os "comandados" são levados pelas circunstâncias a vê-lo como o "rei do pedaço".

La Boétie [3] parecia indignado em perceber o quanto o lugar simbólico de poder faz o populacho se oferecer a uma certa "servidão voluntária". Bourdieu chama-nos atenção para a força que o símbolo exerce sobre os indivíduos e grupos. Antes de ocupá-lo, o poder atrai e fascina; depois de ocupado tende a colar a alguns como se lhes fossem eterno. Aí está a diferença entre um Fidel Castro e um Nelson Mandela. O primeiro e a maioria dos ditadores pretendem se eternizar no poder, o segundo, mais sábio, toma-o como transitório, evitando ser possuído pelo próprio. ("Possuído", sim, pois o poder tem algo de diabólico, que tenta, que corrompe, etc).

Uma vez no poder, o sujeito precisará de personas (máscaras) e molduras de sobrevivência. A persona serve para enganar a si e aos outros. A moldura, é algo necessário para delimitar simbolicamente a ação dele enquanto representante do poder. A ausência de moldura ou o seu mau uso fará irromper a força pulsional do sujeito que anseia por mais e mais poder, podendo vir a se tornar uma patologia psíquica. A história coleciona exemplos: Hitler, Stalin, Mobutu, Collor de Melo, Pol Pot, Idi Amim, etc.

No filme As loucuras do rei George III [4] , da Inglaterra, somos levados a perceber duas coisas: o quanto que as pessoas recusavam a idéia de um rei que perdeu a razão em função de uma doença e, que fazer para impedir alguém que representa o poder máximo de uma nação, devido a suas loucuras?

O poder faz fronteira com a loucura. Não é sem motivo que muitos loucos se julgam Napoleão ou o Rei Luis XV. Parece que há algo de "loucura narcísica" nas pessoas que anseiam chegar ao poder político (governante de uma cidade, estado ou país, ministro, membro do secretariado local), ou ao poder de uma instituição, empresa, departamento, pequeno setor de uma organização qualquer ou grupo qualquer. O narcisismo de quem ocupa o poder, revela-se na auto-admiração (o amor a si e aos seus feitos), na recusa em aceitar o que vem dos outros e no gozo que ele extrai do poder, que, levado ao extremo poderia revelar loucura. R. Kurz, é direto ao declarar que "o poder torna as pessoas estúpidas e muito poder, torna-as estupidíssimas".

O sociólogo M. Tragtenberg certa vez observou como muitos intelectuais discursam uma preocupação pelo "social", mas estão mesmo preocupados com a sua "razão do poder". Há uma espécie de "gozo louco" pelo poder, que faz subir a cabeça dos que estão jogando para ganhá-lo um dia.

Do ponto de vista psicológico, observa-se que o poder faz o ocupante perder a própria identidade pessoal e assumir outra, contornada pela "fôrma" do próprio poder. Os cargos executivos (presidente, governador, prefeito, diretor, reitor, etc), tem uma fôrma própria, um lugar que marca uma certa diferença em quem a ocupa em relação aos cargos de segundo escalão (ministros, secretários disso e daquilo, chefes de gabinetes, assessores, etc). As "pequenas autoridades" dos escalões inferiores - mas com algum poder - costumam ter atitudes mais protofascistas que as grandes. São mais propensas a "vender sua alma ao diabo" que as grandes para estar no poder.

O psicólogo Ricardo Vieira, da UERJ, de quem me inspirei para continuar seu artigo, levanta os quatro primeiros indicadores de mudanças que ocorrem com as pessoas que chegam ao poder:

1) no modo de vestir: o terno, a gravata, o blazer e o tailleur que, antes eram utilizados em circunstâncias especiais, passam a ser usados cotidianamente, mesmo quando não é necessário utilizá-los. Alguns demonstram certo constrangimento em trocar a surrada camiseta e passar a usar um blazer ou uma camisa de linho, pelo menos nas ocasiões especiais. Se antes usava um cabelo comprido, despenteado, logo é orientado a cortá-lo, penteá-lo, dar um trato. Na última eleição para prefeito de Maringá, um candidato foi orientado pelo seu marketeiro para mudar o cabelo enrolado por um penteado de brilhantina. Perdeu a eleição.

2) mudam as relações pessoais: os antigos companheiros poderão ser substituídos por novos, que o leva a sentir-se menos ameaçado. O sentimento persecutório de "ser mal visto", precisa ser evitado a qualquer preço por quem ocupa o poder.

3) altera o tratamento com o outro, que torna-se autoritário com seus subordinados; gritos e ameaças passam a ser seu estilo. Certa vez, perguntaram a Maquiavel se era melhor ser amado que temido? O autor de O príncipe respondeu que "os dois mas se houver necessidade de escolha, é melhor ser temido do que amado".

4) mudam os antigos apoios e alianças. Aqueles que o apoiaram chegar ao poder, transformam-se em arquivos vivos dos seus defeitos. O poder leva a desidentificação com os antigos colegas de profissão. É o caso do presidente FHC e do seu Ministro da Educação Paulo Renato Souza, depois de executivos, ambos não se vêem mais professores.

5) Resistência em fazer auto-crítica. Antes, vivia criticando tudo que era governo ou tudo que constituía como efeito de governo. Mas, logo que passa a ocupar o poder, revela "sua outra face", não suportando a mínima crítica. O poder os torna cegos e surdos a crítica. Uma pesquisa de Pedro Demo, da Universidade de Brasília, constata que os profissionais de academias apreciam criticar a tudo e a todos, mas são pouco eficazes na crítica para consigo mesmos. Enquanto só teorizavam, nada resolviam, mas quando passam a ocupar um cargo que exige ação prática, terá que testar a teoria; agora é que "a prática se torna o critério da verdade" [5] . Por falta de referencial e por excesso de idealismo, é freqüente ocorrerem bobagens e repetições dos antigos adversários, tais como: fazer aumentos abusivos de impostos, aplicar multas injustas, discursos cínicos para justificar um ato imoral de abuso de poder, etc. Há um provérbio oriental que diz: "quem vence dragões, também vira dragão".

Os sujeitos quando no poder protege-se da crítica reforçando pactos de auto-engano com seus colegas de partido. Reforçam a crença de que representam o Bem contra o Mal, recusam escutar o outro que lhe faz crítica e que poderia norteá-lo para corrigir seus erros e ajudar a superar suas contradições. Se entrincheirarem no grupo narcísico, o discurso político tornar-se-á dogmático, duro, tapado, e podemos até prever qual será o seu futuro se tomar o caminho de também eliminar os divergentes internos e fazer mais ações de governo contra o povo, "em nome do povo".

Infelizmente assim é o poder: seduz, corrompe, decepciona e faz ponto cego e surdo nos seus ocupantes temporários.

___________

* Psicanalista e professor da UEM


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[1] Jacques Lacan, psicanalista francês, que propôs o retorno à leitura da obra de S. Freud. Cf.: Seminário 1. Ed. Zahar, 1979, p. 318.

[2] Max Weber define que o"poder é toda chance, seja ela qual for de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contar a relutância dos outros". Para M. Foucault, nas duas obras, Vigiar e Punir e Microfísica do poder, faz uma genealogia do poder. Constata que o poder se exerce na sociedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas de maneiras as mais diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados, muitas vezes sem nos darmos conta disso.

[3] Etienne La Boétie, filósofo francês, autor do Discurso da Servidão Voluntária. Cf.: Brasiliense, 1982.

[4] O rei George III reinou na Inglaterra no séc. 18 Ficou louco devido a uma doença, a porfiria, desconhecida na época.

[5] Dito por L. Feuerbach

Fonte -
http://www.espacoacademico.com.br/008/08ray.htm

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Nossa ética está comprometida

Hoje ouvi de uma profissional das leis e funcionária publica competente, que cuida da área de ética, que neste partido do governo, existe uma pessoa que ela é fã: o José Dirceu, pelos métodos que empregou.


Tentei contra-argumentar que os métodos dele são de corrupção ativa e passiva, ou seja, a mesma coisa que ela combate, mas sem sucesso.


O que percebi é que o fim justifica os meios sejam éticos ou não.


Dá pra perceber o quanto nossos valores e nossa ética está comprometida???


Lamartine


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A CARROÇA

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me para dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.

Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo - disse meu pai - e uma carroça vazia.

Perguntei a ele:

- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora - respondeu meu pai - é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grosseria inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar ser a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...!



sábado, 23 de outubro de 2010

Poema DA MENTE

de Affonso Romano de Sant`Anna


Há um presidente que mente,

Mente de corpo e alma, completa/mente.


E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sincera/mente,

Mais que mente, sobretudo, impune/mente...


Indecente/mente.
E mente tão nacional/mente,

Que acha que, mentindo história afora,

Vai nos enganar eterna/mente.



Carta para o Chico Buarque por José Danon



Estado de São Paulo - 11/08/2010



Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.

Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou mal sucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,

Zé Danon.

*José Danon é economista e consultor de empresas.




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Só me resta uma alternativa

Meus caros e minhas caras, boa noite

Ultimamente, pouco tenho observado nossa intranet. Fico feliz com umas coisas, entristecido com outras, mas permanentemente fico me perguntando até onde vai nossa influencia como professor (ou servidor público) sobre este sujeito em formação que é o aluno.

Fazer escolhas é algo sublime,é um atributo individual e intransferível que se serve da memória, do discernimento, da capacidade de julgamento, dentre vários outros atributos cognitivos e emocionais.

O quanto estamos “ajudando” nossos alunos a fazerem suas escolhas? Ou serão as nossas escolhas que eles fazem? E me pergunto se isso é certo, se é ético.

É obvio que questiono se isso é democracia, isso que induz, seduz, manipula, mente, engana, omite, distorce verdades (em que cada um tem a sua), neste cenário de campanha presidencial por todos os candidatos? E no nosso cotidiano?

Dentro desta linha gramscista de infiltração (comunista) nas instituições brasileiras, provavelmente iniciada com a formação dos alunos nas Universidades por volta da década de 1960, ampliou-se nas décadas seguintes e hoje, estes ex-alunos ocupam diversas funções em todos os setores da sociedade, são os “intelectuais orgânicos” de Antonio Gramsci. Como resultado, o conseqüente aparelhamento ideológico da máquina pública, assim como dos movimentos sociais, empresas de capital misto, sindicatos, etc.


O que vemos ocorrer hoje em nossa instituição, de forma escancarada e sem a menor vergonha, é fruto também deste processo. Veja que tem alguns de nossos colegas que não tem nem mais o pudor de resguardarem suas funções institucionais. Usam-nas nos comunicados pessoais, confundindo a vida pública com a vida privada, em outras palavras, confunde-se o servidor publico – representante do estado – com o cidadão – pessoa física.

Só me resta uma alternativa: me render aos fatos e somar coro com a massa de pseudos “qualquer coisa”. Mais antes gostaria de deixar como contribuição algumas informações em forma de vídeos para apreciação da turma (ou turba?).

O primeiro é uma entrevista em que Ciro Gomes elogia Lula, Dilma, Temer, o PT e o PMDB. Não percam! Era na época em que ele coordenava a campanha da Sra. Dilma!





O próximo, ou melhor, os próximos são muito esclarecedores e atualíssimos com o tema Aborto: Sim, não ou muito pelo contrário? Na verdade não é nem tanto pelo aborto em si, mas, pela firmeza, convicção, determinação, equilíbrio da estrela deste vídeo. Vale a pena ver os dois.



Na seqüência uma singela história que o PT lamentavelmente não mostra na TV. É interessante ler os comentários dos internautas solidarizados com os protagonistas. É muito lindo.




Por fim temos um vídeo de um deputado federal (meio doido, só pode) que fala tantas mentiras que é difícil de acreditar. Fiquei impressionado com a capacidade e eloqüência do mesmo. Tem a participação especial de Franklin Martins, Hugo Chaves, e outras estrelas do momento. Também uma boa pedida. Mas no final acho que ninguém acredita não é mesmo?


Mas no final acho que ninguém acredita, não é mesmo?


Abraços a todos (e todas)


Lamartine


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Psicologia das massas por JOEL BIRMAN


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Hugo Chávez e Evo Morales atualizam na América Latina uso político do cidadão, estudado por Freud

JOEL BIRMAN*
ESPECIAL PARA A FOLHA
São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006
Nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra – quando os horrores do nazismo estavam ainda presentes no imaginário coletivo principalmente com o Holocausto e com a biopolítica empreendida pelo nacional-socialismo –, Adorno realizou uma pesquisa de grande envergadura sobre a personalidade autoritária, ainda nos tempos do seu exílio americano. Entre as muitas coisas aqui levantadas, se destacava algo inédito, qual seja, a relação entre autoritarismo e sociologia política.

O vazio do poder será preenchido
por um líder carismático, versão de
um novo Deus e de um Pai onipotente

O que foi surpreendente na época foi a evidência de que a dita personalidade não tinha nenhuma afinidade eletiva com uma ideologia, podendo aquela aderir seja a discursos de direita ou de esquerda. Vale dizer, existiria o autoritarismo declinado tanto com o discurso conservador quanto com o socialista.

Assim, das denúncias de Kruschov sobre os crimes de Stálin até a malfadada revolução cultural empreendida pelo "Livro Vermelho" de Mao Tse-tung, passando pelo destino funesto dos diversos regimes africanos que realizaram as revoluções anticoloniais, a lista do autoritarismo de esquerda é tão longa quanto a da direita. O que me importa aqui ressaltar, no entanto, é o que se encontra subjacente no imaginário desses discursos autoritários e de que maneira as massas são levadas de roldão pela sedução desses discursos.

O pensamento de Freud, 150 anos após o seu nascimento, pode talvez nos ajudar nessa empreitada e indicar assim a sua atualidade.

Digo isso, porque assistimos hoje a uma disseminação de lideranças autoritárias, cujos discursos nacionalistas e supostamente antiimperialistas têm o dom ainda de fascinar as massas. De Hugo Chávez, na Venezuela, a Evo Morales, na Bolívia, a mesma retórica se tece em torno da defesa dos descamisados e dos interesses nacionais. O discurso populista teve em Vargas, no Brasil, e em Perón, na Argentina, dois forjadores dessa tradição latino-americana.

Collor ensaiou essa retórica, mas quebrou a cara e foi defenestrado do poder. Garotinho gaguejou também esse discurso e está encenando a comédia de morrer de fome pela sua sofreguidão pelo poder. Chávez e Morales se filiam a essa mesma tradição, procurando manipular os despossuídos em torno do ideário nacionalista, visando a harmonizá-los com a nação e a pátria amada, para lhes oferecer um troco para a sua auto-estima esculhambada.
O que significa isso? Que essa modalidade de liderança e discurso se apresenta por meio de uma figura paterna onipotente, que seria capaz de proteger os humilhados e ofendidos de seu desamparo secular.

Epopéia maniqueísta
Assim, o discurso se transforma numa epopéia maniqueísta, de tonalidade moralista, de retorno ao paraíso perdido do início do século 19, quando se empreenderam as lutas contra o jugo colonial. O projeto bolivariano de Chávez nos revela bem isso. O que se promete, porém, é que o pai da nação vai refundar o povo e o Estado, contra os vilões da pátria ultrajada e da terra arrasada.

Esse discurso não é novo na modernidade. Marx, no "Dezoito Brumário de Luís Bonaparte", já ironizava isso, enunciando a famosa tese de que a história se repete, inicialmente como tragédia e depois como farsa. Foi isso que foi encenado na Alemanha e na Itália, com a crise produzida após o fim da Primeira Guerra, dando ensejo à emergência do nazismo e do fascismo.

Na mesma onda, tanto Jean-Marie Le Pen quanto Nicolas Sarkozy estimulam hoje a xenofobia francesa contra os imigrantes, como resposta oportunista ao desamparo provocado pelo desemprego crescente, oriundo da globalização.

No que tange à nacionalização das reservas de gás e de petróleo, realizada na segunda passada por Evo Morales, na Bolívia, o que está já em pauta é o seu desgaste perante as massas –aprometeu mais do que podia cumprir durante a campanha presidencial –, talvez na iminência da convocação da Assembléia Constituinte. Diante da possibilidade de perda dessa próxima eleição, nada melhor do que realizar um ato político espetacular, para alentar, quem sabe, a malajambrada auto-estima dos bolivianos, quase descrentes.

Porém todas essas soluções autoritárias, que florescem na modernidade, são a contrapartida de um vazio produzido no centro do poder (Leffort). Com efeito, com a morte de Deus, com o assassinato do Pai do patriarcado e com o destronamento do Rei da tradição teológico-política, as massas marcadas pela orfandade – e que não conseguem exercer plenamente a sua soberania política – aceitam de bom grado a sedução autoritária.

Dessa maneira, alguém vai cuidar delas, e o vazio do poder será preenchido por um líder carismático, versão de um novo Deus e de um Pai onipotente. As massas, na sua servidão voluntária (La Boétie), podem, enfim, não entrar em pânico, como enunciava Freud, na "Psicologia das Massas e Análise do Eu", como efeito maior que se produz quando aquelas não mais acreditam no carisma de seu líder.

*Joel Birman é psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do RJ. É autor de "Freud e a Filosofia" (Zahar).

A Psicologia da Multidão de Gustave Le Bon


Há muitos anos atrás, ou mais precisamente 1895, o psicologista francês Gustave Le Bon escrevia o interessante trabalho entitulado “A Psicologia da Multidão” (The Crowd: A Study of the Popular Mind).
Le Bon defende que, quando no meio de uma multidão, o homem regressa para um estado mental primitivo. Uma pessoa que pode ser altamente culta e moral em alguns casos, é capaz de agir como um barbáro e está propenso a agir de uma forma violenta. Perde suas faculdades críticas na extensa massa de gente.
As pessoas na multidão perdem suas inibições e padrões morais, e tornam-se altamente emotivas, diz Le Bon. Este emocionalismo, esta irracionalidade, presta-se ao poder da sugestão, através do qual o comportamento de um indivíduo pode ser determinado pelas suas percepções e as ações de outros ao redor dele.
Queria comprar um ingresso para o show do U2 em fevereiro, mas hoje quando começaram as vendas, devido aos boatos (verdadeiros) que a fila estava enorme, as pessoas foram afoitamente em busca do seu, o que só agravou a situação precária da rede de atendimento. O mesmo valeu para o website.
Esse é um exemplo desprentecioso, mas existem exemplos piores, como no caso da peregrinação anual até Meca, que quase todo ano faz vítimas por motivos de pisoteamento.
A psicologia de massa coíbe também a nossa capacidade de criar e mudar o destino. Inibe a criatividade porque molda suas opiniões dentro de conceitos “enlatados”.
A obra de Le Bon, entendedora do mecanismo humano interpessoal, continua valendo até hoje. Vale a pena ler.

Fábio Cipriani

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SÍNDROME DE BURNOUT: UM ESTUDO NO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

SÍNDROME DE BURNOUT: UM ESTUDO NO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

As condições de trabalho no Brasil têm exposto diversos profissionais, especialmente professores, a um desgaste emocional que pode atingir níveis elevados, conhecido como Estresse Crônico do Trabalho, ou Síndrome de Burnout (SBO), provocando diversas perdas em qualidade de trabalho e de vida, além de prejuízos organizacionais, especialmente quando o profissional perde a motivação, adoece ou se afasta para tratamento. Foi realizado um estudo no Instituto Federal da Bahia (IFBahia), na época Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (CEFET-BA), com informações coletados através do Inventário Burnout de Maslach (Maslach Burnout Inventory, MBI) (MASLACH e JACKSON, 1981), buscando identificar a possibilidade de existência desta Síndrome entre professores de ensino profissionalizante da Instituição. Os resultados foram analisados com base em métodos estatísticos de análise fatorial, mostrando-se condizentes com outros já realizados no Brasil.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout; Inventário de Burnout de Maslach (MBI); Saúde docente; Análise Fatorial.

Artigo completo em http://www.scribd.com/doc/36464019/ETC-SBO-2009

Como citar:

LIMA NETO, José Lamartine de A. Sindrome de Burnout: Um Estudo no Instituto Federal da Bahia. Revista E.T.C. Educação, Tecnologia e Cultura. Ano 7, Nº. 06, jan./dez. 2009, Salvador: IFBA, 2009.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

TUDO DEPENDE DO PONTO DE VISTA DE CADA UM!!!


Conversa de dois casais sobre a vida sexual deles...

As duas mulheres conversam, e uma pergunta a outra:

Como foi o teu sexo ontem?


1 -- Catastrófico....
O meu marido chegou do trabalho, jantou em 3 minutos, depois tivemos sexo durante 4 minutos e 2 minutos depois ele já dormia.... E você?

2 -- Foi fantástico! O meu marido chegou em casa levou-me para jantar fora. Depois passeamos durante 1 hora até chegarmos em casa. Após 1 hora de preliminares à luz das velas fizemos sexo durante 1 hora e imagina, no final ainda conversamos durante 1 hora.
Numa palavra: Maravilhoso!!!


Os dois homens conversam:
Como foi o teu sexo ontem?

1 -- Super! Cheguei em casa, o jantar estava servido, já na mesa; jantei, fiz sexo e adormeci imediatamente. E você?

2 -- Catastrófico...
Cheguei em casa e não havia eletricidade porque tinha me esquecido de pagar a última conta.
Assim levei a minha mulher jantar fora a um restaurante qualquer.
A comida era uma porcaria e caríssima. Fiquei sem dinheiro para pagar o táxi de volta para casa.
Não tivemos outra alternativa senão ir a pé. Chegamos em casa e claro, como não tínhamos eletricidade, fomos obrigados a acender velas!
Eu estava de tal maneira fora de mim que precisei de 1 hora até que o bicho ficasse em pé e de mais uma hora até conseguir gozar.
Estava tão possesso e não consegui adormecer durante 1 hora. Acabei sendo bombardeado pela minha mulher com uma conversa fiada interminável.


sábado, 21 de agosto de 2010

DEVASTAÇÃO GRAMSCISTA


Por Ipojuca Pontes
05-Jun-2007

Prosseguindo no exame do panorama político-ideológico predominantemente esquerdista que se abate sobre a vida cultural brasileira, há que se destacar a presença do pensamento de Antonio Gramsci, seguramente mais eficiente do que as ações do Djanovismo soviético e da Escola de Frankfurt na criação das “condições objetivas” para se chegar a um “outro mundo possível” - vale dizer, estabelecer por aqui uma sociedade comunista. Para quem não sabe, Gramsci foi o secretário-geral do PC italiano que Benito Mussolini, em 1926, instituindo o “tribunal especial para a defesa do Estado”, condenou a 24 anos de prisão, depois de considerá-lo um “cérebro perigoso”. Confinado na penitenciária de Turi (na província de Bari, Puglia) Gramsci - cujo pai, Francesco, foi condenado a 5 anos de prisão por peculato e extorsão - arquitetou, em 33 cadernos escritos no cárcere, o mais diabólico esquema estratégico para a tomada do poder pelos socialistas em geral e os marxistas em particular. Com efeito, embora fugindo à estratégia de assalto direto ao poder preconizado por Lenin, cujo cerne é a violência revolucionária, os objetivos gramscistas sãos os mesmos de Marx, Engels, Lênin e Fidel Castro, qual seja, destruir o capitalismo para firmar o “Estado Regulado”.

De fato, com Antonio Gramsci - “Il Gobbo” (“O Corcunda”) - a “transição para o socialismo” ganharia novos contornos estratégicos: ao invés da “guerra de movimento” instituída por Lenin, os socialistas ocidentais, em face do fracasso da revolução bolchevique fora da Rússia, apelariam para a “guerra de posição”, metódica e segura, a ser conduzida pelo “intelectual orgânico” com o respaldo da “sociedade civil organizada”. O objetivo, a longo prazo, seria a defenestração da burguesa e suas instituições de poder, mas, agora, pela via da “revolução passiva”. Em vez do Estado burguês, a hegemonia do Estado passaria às “classes subalternas”.

Para administrar as sucessivas crises fomentadas no Estado democrático tradicional - uma condicionante fundamental na estratégia da “transição para o socialismo”-, Gramsci aponta como obrigatória a organização das “classes subalternas” a partir da mobilização de “aparelhos privados de hegemonia” - estes, considerados alicerces básicos para a formação da nova Sociedade Civil. Por “mobilização de aparelhos privados de hegemonia”, o teórico comunista compreende as distintas ações subversivas do partido-classe, sindicatos, associações, organizações não-governamentais (Ongs), etc., todos atuando para minar as “trincheiras” e os núcleos de “defesa” da sociedade capitalista.

Caberia ao intelectual “orgânico” o papel de buscar a adesão da sociedade civil pela penetração cultural e a detonação da guerra psicológica contra as instituições representativas do parelho hegemônico do Estado democrático tradicional. Na sua lógica “transformadora”, Gramsci considera todo mundo como intelectual, deste o sapateiro até o escriturário, passando pela enfermeira, etc., a formar, no fundo, a massa de manobra para servir de pasto à manipulação ideológica esquerdista.

O intelectual “orgânico”, na nova estratégia revolucionária, deve conquistar, entre os demais integrantes da sociedade, a adesão do “intelectual tradicional” (burguês), desde que este aceite o papel preponderante do partido-classe - o “príncipe moderno”, na linguagem cifrada de Gramsci - como dirigente e formador do novo “consenso”, objeto final da “guerra de posição”, a etapa avançada de mobilização na “transição para o socialismo”.

(O que venha ser partido-classe, o próprio Gramsci, nas suas “Notas sobre Maquiavel”, assim o define: “O moderno Príncipe desenvolve-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que o seu desenvolvimento significa, de fato, que todo o ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio príncipe moderno e serve ou para aumentar o poder ou para opor-se a ele. O príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”).

Para estabelecer o “consenso”, o gramscismo labora dia e noite na imposição de um novo senso comum, o conjunto de valores, crenças, costumes, tradições e o modo de pensar prevalecente no seio da sociedade tradicional. A concepção monstruosa do corcunda pretende nulificar o ser humano para, em seguida, por “dentro”, dar-lhe nova formatação, gerando assim uma espécie de Frankstein coletivo.

Hoje, não há como negar, a sociedade brasileira já sofre os efeitos deletérios da estratégia gramsciana para chegar ao governo hegemônico das “classes subalternas”. Facções de organizações não-governamentais, partidos políticos, setores universitários, meios de comunicação em geral, as artes, produção editorial, a igreja, a justiça, o governo, etc. - juntos na tarefa ingente de formar o “consenso” antes do bote final -, desmontam os valores culturais do Brasil tradicional, rearticulando novos conceitos de sociedade nacional (“sociedade civil”), de cidadão (“cidadania”), de opinião individual (opinião coletiva “politicamente correta”), de legalidade (“legitimidade”), etc., numa lavagem cerebral sem precedentes na história da nação.

A “guerra de posição” de Gramsci, claro, não subestima a alternativa de, no momento oportuno, se associar à “guerra de movimento” preconizada por Lênin, que envolve a violência das armas. Mas prefere, em vez disso, ter como arma a incessante manipulação de aulas, discursos, palestras, livros, noticiário da imprensa, filmes, novelas, shows musicais, peças teatrais, para chegar, afinal, por outros caminhos, ao velho, totalitário e criminoso regime comunista.

http://causaliberal.com.br/causaliberal/index.php?option=com_content&task=view&id=187

O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac Autoria desconhecida Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um ...