terça-feira, 26 de abril de 2011

Desfazendo alguns mitos sobre 64

Heitor De Paola

“Deixaram que os adversários escrevessem
a história, e como os inimigos não mandam
flores, vamos aturar as mentiras e, com muito
esforço, tentar reverter os fatos verdadeiros.”
(José Batista Pinheiro, Cel EB Ref)

Basta olhar quem hoje está no poder político da Nação para perceber que são os derrotados militarmente em 64, que venceram uma das batalhas mais importantes: a cultural. Refugiando-se nesta área negligenciada pelos governos militares, e baseando-se na desinformação e nas teses de Gramsci, passaram a escrever grande parte da história, principalmente aquela de alcance público, acadêmico e nas escolas de todos os níveis, novelas e minisséries de TV. Tornaram-se “donos” dos significados das palavras. Temos hoje muito mais mitologia induzida do que história ocorrida. É trabalho para décadas – se houver liberdade para tanto – desfazer todos os mitos dos chamados “anos de chumbo”. Darei minha modesta contribuição, falando daquilo que vivenciei.

As opções políticas na década de 60
Um dos mais caros mitos é o de que militares maldosos, aliados à “burguesia” nacional “ameaçada em seus privilégios” – e subordinados às demandas maquiavélicas dos EEUU – resolveram abortar pelas armas a política conduzida por um governo legítimo e que atendia aos “anseios populares”.

Em primeiro lugar nega-se o fato de que em 1959 a geopolítica da América Latina (AL) havia virado do avesso pela tomada do poder em Cuba por Castro, que logo assumiu sua condição de comunista e se aliou à URSS. Seguiu-se um banho de sangue de proporções inimagináveis – do qual é proibido falar! – e a lenta e progressiva instalação na ilha de numerosos instrutores soviéticos que adestraram tropas cubanas e formaram e exportaram guerrilheiros e terroristas, e re-estruturaram o sistema de Inteligência. Através desta “cabeça de ponte” aumentou sobremaneira a influência da URSS na AL. Os jornais noticiavam diariamente as tentativas de derrubada do governo legitimamente eleito da Venezuela, país chave pela produção petrolífera. O próximo objetivo estratégico era o Brasil, País imenso, já em fase inicial de industrialização e cujas Forças Armadas representavam um poderoso obstáculo à penetração comunista no Continente.

Outro fator só mais recentemente veio à luz devido à defecção de Anatoliy Golitsyn, oficial graduado da KGB. Em 1959, durante o período de desestalinização da URSS, Alieksandr Shelepin apresentou um relatório ao Comitê Central do PCUS mostrando a necessidade de que os órgãos de segurança voltassem a suas funções originais de desinformação, exercidas pela OGPU (1922-34). A partir de então toda notícia do mundo comunista era baseada em informações emanadas e/ou alteradas pelo Departamento D (Desinformatziya) da KGB.

25 de agosto de 1961, renúncia de Jânio Quadros marca um momento importante. O Vice, João Goulart, encontrava-se na China e declarou que iria comandar o processo de “reformas sociais” tão logo assumisse. Os Ministros Militares e amplos setores civis se opuseram à posse de Jango por suas notórias ligações com a esquerda. Seu cunhado Brizola, Governador do Rio Grande do Sul reagiu, o Comandante do Terceiro Exército, Gen Machado Lopes, ficou do lado dele e o Brasil esteve à beira da guerra civil. A Força Aérea chegou a dar uns tiros no Palácio Piratini. Brizola tomou todas as rádios de Porto Alegre e obrigou as demais a entrarem em cadeia, a Cadeia da Legalidade! E lá estava eu, “comandando” uma mesa em plena rua, a uns 4o C, com uma lista de assinaturas para quem quisesse “pegar em armas pela legalidade”, atuando em conjunto com membros do extinto PCB. Com a emenda parlamentarista tudo se acalmou mas em janeiro de 63, num plebiscito nada confiável o País retorna ao Presidencialismo.

Fiz parte da Juventude Trabalhista e só não entrei para os Grupos dos 11, do Brizola, sobre os quais hoje quase se nada se ouve, porque não tinha idade e, portanto, não era confiável. No início dos anos 60 o hoje santificado Betinho, junto com o Padre Vaz, elaborou o "Documento Base da Ação Popular (AP)", que previa a instalação de um governo socialista cristão no Brasil. Mas o documento em que a AP se declarava francamente a favor da instalação de uma ditadura ao estilo maoísta foi mantido secreto até para os militantes da base. Só vim a ter contato com ele através de Duarte Pacheco (um dos membros do Comando Nacional de AP) em agosto de 65, quando eu já era mais "confiável". O documento, que era obviamente o produto de uma luta interna na esquerda mundial, defendia a luta em três etapas: reivindicatória (movimentos populares, greves); política (início das guerrilhas no campo, como na China e Vietnã) e ideológica (a formação do Exército Popular de Libertação). Contrariava a teoria do foco guerrilheiro, preferida por Guevara e Debray.

O MASTER (nome do MST da época), do Brizola, invadia terras no RS (como a do Banhado do Colégio, em Camaquã) e as Ligas Camponesas, de Francisco Julião, com apoio explícito do Governador Arraes, no Nordeste. A CGT, (presidida por Dante Pelacani), a UNE (José Serra) propunham abertamente um golpe com fechamento do Congresso. Armas tchecas começaram a surgir. O ano de 1963 foi uma agitação só. O movimento estudantil, do qual posso falar, estava dividido entre a Ação Popular (AP) e o PCB. Quem não viveu aqueles tempos dificilmente pode imaginar o nível de agitação que havia por aqui. O re-início das aulas em março de 64 praticamente não houve.

Num encontro em Pelotas, onde eu estudava Medicina, com o último Ministro da Educação do Jango, Sambaqui, no início de março, ele nos revelou que tudo começaria com o comício marcado para o dia 13, em local proibido para manifestações públicas (em frente ao Ministério da Guerra) já em desafio aberto e simbólico à lei, seria continuado pelo levante dos sargentos do exército e da marinha – formando verdadeiros soviets – e pelos Fuzileiros Navais em peso, comandados pelo "Almirante do Povo", Aragão. Pregava-se a subversão da hierarquia e disciplina militares. Seguir-se-ia pelo já programado discurso de Jango no Automóvel Clube do Brasil. A pressão final sobre o Congresso seria em abril e maio: se não aprovasse as "reformas de base" seria fechado com pleno apoio popular.

Na mesma época, participei de uma ação comandada por um agitador da Petrobrás e da SUPRA (Superintendência da Reforma Agrária), em Rio Grande, pela encampação da Refinaria de Petróleo Ipiranga o qual, num discurso na Prefeitura, declarou que a República Socialista do Brasil estava próxima. As ocorrências de março só confirmaram a conspiração acima mencionada. No comício do dia 13 Brizola pregou o fechamento do Congresso se não aprovasse as tais “Reformas de Base” (na lei ou na marra) – ninguém me contou, eu ouvi no rádio. Prestes dizia que os comunistas já estavam no Governo, só faltava tomarem o Poder.

Não havia, pois, opção democrática alguma. Restava decidir se teríamos o predomínio dos comunistas ou uma re-edição do Estado Novo ou de uma ditadura peronista, chefiados por Jango. As passeatas civis estavam nas ruas exigindo fim da baderna e em apoio ao Congresso. Sugerir que se devia esperar que Jango desse o golpe para depois tirá-lo, me parece uma idéia legalista infantil, pois então teria que ser muito mais cruento. Foi, na verdade, um contragolpe cívico-militar preventivo.

Participação dos EEUU
Outro mito é sobre a participação americana no “golpe” de 64. Chamada de “Operação Thomas Mann” (nome do então Secretário de Estado Adjunto para a AL) não passa de uma mentira baseada em documentos forjados pelo Departamento D já citado, através da espionagem Tcheca. Quem montou a operação foi o espião Ladislav Bittman que, em 1985 revelou tudo no seu livro The KGB and Soviet Disinformation: An Insiders View, Pergamon-Brasseys, Washington, DC, 1985. Segundo suas declarações “A Operação foi projetada para criar no público latino-americano uma prevenção contra a política linha dura americana, incitar demonstrações mais intensas de sentimentos antiamericanos e rotular a CIA como notória perpetradora de intrigas antidemocráticas”. Outra fonte é o livro de Phyllis Parker Brazil and the Quiet Intervention: 1964, Univ. of Texas Press, 1979, onde fica claro que os EEUU acompanhavam a situação de perto, faziam seus lobbies e sua política com a costumeira agressividade, e tinham um plano B para o caso de o País entrar em guerra civil. Entretanto não há provas de que os Estados Unidos instigaram, planejaram, dirigiram ou participaram da execução do “golpe” de 64.

Embora as revelações tenham sido tornadas públicas em 79/85, a imprensa brasileira nada publicou a respeito não permitindo que a opinião pública tomasse conhecimento da mentira que durante anos a enganou. Apenas a Revista Veja na sua edição nº 1777, de 13/11/02, publica a matéria ”O Fator Jango” de autoria de João Gabriel de Lima, onde este assunto é abordado.

A luta armada e o AI 5
Finalmente, o mito de que brasileiros patriotas e democratas se levantaram em armas contra o “endurecimento da ditadura” através do Ato Institucional No. 5, 12/68.

Em julho de 65, na primeira tentativa de restabelecer a UNE, extinta pela Lei Suplicy, foi realizado um Congresso no Centro Politécnico em SP no qual fui eleito Vice-Presidente de Intercâmbio Internacional. Em outubro fui preso em Fortaleza, o que impediu minha ida ao Congresso da UIE na Mongólia, onde seria traçada uma estratégia de recrudescimento da violência revolucionária na AL. De 66 – ano da Conferencia Tricontinental de Havana e da Organización Latino Americana de Solidariedad (OLAS) – a 68 participei, no Sul, das intensas discussões clandestinas sobre a luta armada conduzidas por militantes da AP treinados em Pequim. Em janeiro de 68, 11 meses antes da edição do AI 5, a luta foi implementada por todas as organizações revolucionárias, menos o PCB. A AP “rachou”, eu fiquei do lado contrário à maluquice da luta armada e saí, não sem sofrer posteriormente sérias ameaças de meus “companheiros”. Logo depois, mudou o nome para Ação Popular Marxista-Leninista do Brasil, o que já estava previsto no citado documento secreto. Como vários autores mais credenciados já têm se manifestado sobre isto, não vejo necessidade de mais para deixar claro que o AI 5 não passou de uma reação ao incremento das atividades revolucionárias.


Médico Psiquiatra e Psicanalista no Rio de Janeiro. Membro da International Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, e Delegado Internacional no Brasil do Drug Watch International. Possui trabalhos publicados no Brasil e exterior.

fonte http://www.ternuma.com.br/ternuma/index.php?open=20&data=196&tipo=1

domingo, 17 de abril de 2011

Aniversário de Charles Chaplin

Ontem, dia 16 de abril, foi o 122. aniversário de Charles Chaplin.

Deixo um pequeno texto atribuído a este indivíduo que deixou uma marca no mundo tão positiva, que muitos insistem em deixar apenas rastros.

"Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá."

Abraço

8a pedalada de Pituaçu

Acordei tarde, achei que fosse pedalar sozinho mas... lá já estavam Danilo e Rosângela. Logo mais chegou Cristina.
Iniciamos nosso passeio mais ou menos 9h30.
O dia estava bonito com sol forte.

Link para a 7a pedalada de pituaçu


Os primeiros quilômetros forma vencidos com facilidade.


A barragem está bonita depois de tanta chuva. Encheu.


Cristina foi apresentada ao momento de decisão na vida dela: "ou continua ou volta". No meio do caminho não dá mais para voltar mas, se quiser, volta só. Na verdade ele queria um atalho. Pena, mas não tem.




Proximo do Km 9,5 a paradinha para umas águas de coco em tia Lú e tio Lau.


Depois de abastecidos, queríamos chegas logo.





Trecho do percurso filmado.

Devido ao feriado da Semana Santa, nosso próximo encontro será para uma caminhada por este mesmo percurso no dia 1º. de maio. É uma caminhada de pelo menos 3 horas.

Um abraço

domingo, 10 de abril de 2011

200 anos em 4 minutos

Caros,

Este vídeo mostra uma animação muito interessante. A evolução da economia e da saúde de duzentos países nos últimos duzentos anos.

A chegada da revolução Industrial, a gripe espanhola, o impacto de duas grandes guerras, etc.

As transformações são evidentes frutos do capitalismo, propiciado por uma economia de mercado global.



Muito elucidativo.

Abraço

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Como se pode querer cercear o direito de pensar

Saiu na FOLHA


Caso Bolsonaro reabre discussão sobre imunidade parlamentar


As polêmicas declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) sobre negros e homossexuais reacenderam um debate que há anos divide os especialistas: quais são os limites da imunidade parlamentar?


O advogado Ives Gandra Martins disse que "Sou daqueles que prefere sofrer o desconforto de manifestações [como essa] do que optar pelo cerceamento da liberdade de expressão", disse.


Aí eu pergunto, o que foi exatamente que ele disse de tão abjeto assim??? Que a vida da Preta Gil é promiscua e que vive em ambiente "lamentável"? Me parece que não é proibido ser racista, nazista ou homofóbico. A proibição é a comunicação de idéias desta natureza e não o pensamento delas.


Particularmente nada tenho contra negros e homossexuais, mas sim contra a militância que alguns grupos exercem, criando fatos e se aproveitando das situações decorrentes com a argumentação do tipo, "não te disse, não te disse que ele é assim", ou seja, dando motivo para ser processado. São grupos muito bem organizados e infiltrados em todos os lugares e profissões. De professores, jornalistas a deputados como Big Brother recém eleito. Olha, isso não é nenhuma teoria da conspiração. É real.


Voltemos ao caso da Preta Gil e do Bolsonaro. Me lembra uma recomendação que ouvia de meus avós, ainda eu criança aprendendo a não cutucar cachorro, principalmente quando sabendo que ele é bravo. Quando reagia não dava para dizer que não era esperado. Preta Gil cutucou o bicho com vara curta e deu no que deu. Ela sabia que ia dar nisso e fez de propósito. Ele, o Bolsonaro com um jogo de cintura que é peculiar a um poste, caiu no engodo. Burro. Agora a Preta está se sentindo lesada, ou sendo induzida a isso (e viva os holofotes), ou faz, ela também parte destes grupos – o que é provável. Os militantes dos movimentos que se dizem defensores das minorias perseguidas, excluídas e discriminadas caíram de pau e querem ver sangue, não sei se no sentido figurado.





Como planejado, criam fatos, geram notícia, fazem exemplo. É assim que agem fazendo movimentações em defesa desta ou daquela minoria e aprovam-se leis que aparentemente protegem a “pessoa humana” mas cerceiam direitos. O tiro sai pela culatra, como esperado, ou seja, do movimento anti-racista sai a nova cara do racismo; do movimento em defesa dos homossexuais sai a homofobia e assim por diante, e cada vez mais novas e novas “mordaças” vão surgindo através de leis que cercam a sociedade dos comportamentos sadios, mas permite o comportamento escandaloso, o pensamento que vai de encontro àquilo que sustentou a sociedade, alem de está em franco processo de destruição a imagem de instituições que nortearam a civilização, como a igreja por exemplo.


Desta forma, elaboram-se leis invertidas. Ao invés de serem leis aplicáveis nas situações gerais, em que os casos particulares são resolvidos conforme a demanda, não, está se fazendo leis de casos particulares para aplicação geral.


A moral judaico-cristão está em apuros. Ninguém fala de valores morais e éticos da sociedade e da família. Ta tudo liberado numa verdadeira esculhambação, um eterno hedonismo, mas para estes grupos de militantes não pode haver um sussurro de oposição para virem acusando os sussurradores de racistas, homofóbico, etc. Nada pode ser dito contrário, que provoca melindre. São, acima de tudo, militantes melindrosos. Isso é a mordaça que nem na proteção dada pela imunidade parlamentar, conquistada a partir das experiências dos anos de chumbo para garantir a oposição sem risco de prisão, mordaça ou tortura, está se colocando abaixo porque alguém disse algo contrário ao que está posto.


Por aqui, tenho que tomar cuidado, alguém pode se ofender com isso e me denunciar, mesmo eu que não represento ameaça a ninguém na minha insignificância quase anônima. Chamam-se os cães e serve-se o banquete a daí os holofotes para que sirva de exemplo.


Estamos caminhando para um regime de terror. Para alguns ele já acontece...

domingo, 3 de abril de 2011

7a pedalada de Pituaçu

Mapa do Parque de Pituaçu com sua ciclovia e ruas e avenidas no seu entorno.




Esta 7a. pedalada de Pituaçu foi dividido em duas etapas. Começamos às 9h05. Paramos para beber água na metade do percurso. No final chagaram alguns amigos.

Link para a 8a. pedalada de Pituaçu
Link para a 6a. pedalada de Pituaçu






Pronto. Paramos para água.


Os empreendimentos imobiliários estão todos de olho no Parque de Pituaçu. Vão se encostando e não dizemos nada. Constroem aqui e acolá e não dizemos nada. Chegará uma hora que já não poderemos dizer mais nada.


Na segunda etapa do passeio chegou um novo pelotão: José Luiz, Wagna e os filhos Nicolas e Cassiano.


Ja estávamos indo embora. Procurando umas bikes na internet descobri este maluco. Vê o que este cara faz com sua montain bike. Chega a dar calafrios...





Il funambolo della mountain bike por MollyMollie


Na próxima semana vamos sinconizar os horários.


Abraço

O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac Autoria desconhecida Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um ...