domingo, 24 de junho de 2012

Como morreram os Generais Presidentes

COMPARAÇÕES (Jornalista CARLOS CHAGAS)

"Horrores foram praticados durante o regime militar, da tortura institucionalizada à censura dos meios de comunicação e à mudança nas regras do jogo político toda vez que o regime estava prestes a ser derrotado, mesmo pelas regras impostas por ele mesmo. Claro que no reverso da medalha foi promovida ampla modernização de nossas estruturas materiais. Fica para o historiador do futuro emitir a sentença para aqueles tempos bicudos. Uma evidência salta aos olhos.


1 - Quando Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.

2 - Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.

3 - Garrastazu Médici dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu, precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.

4 - Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio.

5 - João Figueiredo, depois de deixar o poder, não agüentou as despesas do Sítio do Dragão, em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade. Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à venda, ao que parece em estado lamentável de conservação.

Não é nada, não é nada, mas os cinco generais-presidentes cometeram erros sem conta, mas não se meteram em negócios, não enriquecer nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos. Sequer criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para consultorias e palestras regiamente remuneradas. Bem diferente dos tempos atuais, não é? ”

Deve-se acrescentar que os filhos deles também não viraram empresários milionários…
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POR QUE VIREI A DIREITA (Livro)

COUTINHO, João Pereira; PONDE, Luiz Felipe; ROSENFIELD, Denis. POR QUE VIREI A DIREITA. São Paulo: Três Estrelas, 2012

Em Por que virei à direita, três intelectuais explicam os motivos de sua adesão ao pensamento conservador. Articulistas polêmicos da imprensa, o jornalista João Pereira Coutinho, o filósofo Luiz Felipe Pondé e o analista político Denis Rosenfield expõem em detalhes as razões que os levaram a recusar os princípios políticos da esquerda. Seus textos são marcados pela liberdade intelectual e coragem de arrancar o debate político da frouxidão em que está imerso.


Coutinho discute os riscos das utopias propagadas pelas esquerdas: "Não é função de um governo conduzir uma comunidade rumo a um fim de perfeição. Não apenas porque os homens são incapazes de o atingir, mas porque esse fim é, conceitualmente, inatingível".

Para Pondé, o pensamento progressista tem uma falha essencial: ignora aquilo que é próprio ao ser humano: "A esquerda é abstrata e mau-caráter porque nega a realidade histórica humana a fim de construir seu domínio sobre o mundo".

Rosenfield analisa a "teleologia da esquerda", que vê o Estado como encarnação máxima da moral. Faz ainda dura crítica à democracia participativa implementada pelo PT, para ele uma armadilha autoritária e "liberticida".

http://www.martinsfontespaulista.com.br/ch/prod/vit_c/424386/3/POR-QUE-VIREI-A-DIREITA.aspx
R$ 21,25 em junho de 2012

sábado, 23 de junho de 2012

A História Sangrenta do Comunismo


 
Desde Marx, Engels e Lenine até aos nossos dias, o Comunismo é responsável pela morte de de mais de 130 Milhões de pessoas. Por guerras provocadas, fomes intencionais, gulags, assassínios selectivos e chacinas puras e simples.

Este é um vídeo para ver pormenores de tudo isso. E de como todos os crimes foram intencionais e, na verdade, são uma consequência necessária da ideologia baseada no “dualismo materialista”.

Foca muito em Darwin, que mal interpretado (e sobretudo, sobre-interpretado) pode levar a conclusões perigosas. Eu creio que quem aceite o Darwinismo não tem necessariamente de aceitar que os homens são animais. E também não tem que aceitar que o conflito subjacente ao ser humano tem de ser sangrento e destruidor. A competitividade pode ser canalizada para aumentar a produção e o bem-estar da população.

E já agora, refere também o “Realismo Socialista” Estalinista e o ataque à cultura pela máquina “materialista” que vê o ser humano como simples matéria, que deve ser homogeneizada para bem do colectivo.

Para que não se Esqueça.


Mao a estudar Estaline
Estaline nas suas próprias palavras:
- “Death is the solution to all problems. No man – no problem.”
“A Morte é a solução para todos os problemas. Não há homem, não há problema.”

- “Gratitude is a sickness suffered by dogs.”
“Gratidão é uma doença sofrida por cães.”

- “One death is a tragedy; one million is a statistic”
“Uma morte é uma tragédia; um milhão é uma estatística.”

- “The people who cast the votes don’t decide an election, the people who count the votes do.”
“As pessoas que votam não decidem uma eleição, as pessoas que contam os votos sim.”

do blog de Ricardo Campelo de Magalhães - Economista Liberal na tradição de Ludwig von Mises

em http://campelodemagalhaes.wordpress.com/2012/01/08/a-historia-sangrenta-do-comunismo/
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quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Enem se transformou no maior vestibular do mundo, orientado por critérios ideológicos


Muito bem! Mas por que a redação de Michael - um rapaz de família modesta, que só tem bolsa numa escola privada porque excelente aluno - tinha sido anulada? Porque o primeiro corretor escreveu em sua prova: “Fuga ao tema”. O estudante recorreu à Justiça, o texto foi relido, e, como se sabe, ele não só “estava no tema” como deve ter tido um ótimo desempenho em cada um dos itens. Lembremo-nos: a redação vale nada menos de 50% da nota do Enem, o que já é um absurdo! Um erro, ainda que nem tão escandaloso como esse, pode prejudicar terrivelmente a vida dos jovens, que já não sabem, em razão da aplicação da tal Teoria da Resposta ao Item (TRI), por que obtiveram, nos testes, essa ou aquela nota. Hoje, a situação é rigorosamente esta: “Façam a prova; pouco importa se vocês vão acertar ou errar: a nota será sempre uma surpresa…
A cada vez que leio esses cinco itens da correção, sou levado a pensar na miséria moral e intelectual do ensino no país. Há muito tempo chamo a atenção para o fato de que o Enem convida o aluno a dissertar sobre uma tese previamente definida, sempre com viés de esquerda. Em nenhum país do mundo democrático um exame público serve como filtro para barrar os que não se orientam pela metafísica do poder. Isso está em curso no Brasil, e é uma vergonha que as escolas privadas ainda não tenham botado a boca no trombone. Estão deseducando os estudantes.
Ora, prestemos atenção àquele quinto quesito da correção: “Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito à diversidade e aos direitos humanos”. Digam-me: pode haver algo mais subjetivo do que isso? No raiar de 2009, o governo federal lançou, vocês devem se lembrar, o “Plano Nacional (Socialista) dos Direitos Humanos”. Entre outros mimos, havia lá a defesa da descriminação do aborto - lembro que a Declaração Universal dos Direitos do Homem defende a vida… -, a censura à imprensa e a decretação, na prática, do fim da propriedade privada: no caso de uma invasão, um juiz só poderia determinar a reintegração de posse depois de ouvidos invadidos e invasores… Ou seja: o criminoso era considerado parte da solução.
Muito bem! Um aluno que, por qualquer razão, argumentasse contra a invasão de terras - e em defesa, pois, da Constituição - estaria ou não “respeitando os direitos humanos”? Cito um outro exemplo, este ainda mais polêmico: o autor de uma redação que, sei lá, criticasse o casamento gay, evidenciando que o Supremo, ao tomar a decisão que tomou, desrespeitou um artigo da Constituição, estaria indo contra a diversidade?
Notem: estamos lidando com valores. A sociedade brasileira é plural e pluralista. Não cabe ao Estado - ou a qualquer uma de suas franjas - decretar o “certo” e o “errado” no terreno das escolhas individuais, morais. Um estudante que, no curso de uma argumentação qualquer, defendesse, por exemplo, a ação da Polícia Militar de São Paulo na cracolândia estaria, entendo, fazendo a defesa dos direitos humanos dos moradores da região, dos comerciantes honestos e, sim!, dos viciados. Mas será esse o “valor” de quem está corrigindo a prova? Não é preciso ser muito sagaz para perceber que o quesito nº 5 incorpora como critério objetivo de correção de redação a patrulha politicamente correta.
Ouvia outro dia a conversa de alguns adolescentes que já perceberam como toca a música. Todos eles dominam os, como chamarei?, maneirismos ideológicos do Enem e de boa parte dos vestibulares concorridos. Isso quer dizer que já sabem o que podem e o que não podem escrever. Desenvolveram suas técnicas para passar pela vigilância esquerdopata. Fizeram até uma listinha das coisas que devem ser defendidas e das que devem ser criticadas.
- movimentos ‘occupy’ isso e aquilo”: a favor;
- novo Código Florestal: contra;
- energia eólica: a favor;
- hidrelétricas: contra;
- “consumo consciente”: a favor;
- influência americana no mundo: contra;
- Cuba: a favor…
Um gaiato ainda brincou: “Mulher feia: a favor; mulher bonita: contra”! E veio a galhofa da área feminina: “Homem rico: contra; homem pobre e limpinho: a favor”. E caíram na gargalhada.
Todo o “trabalho de conscientização” das esquerdas nos ensinos fundamental e médio tem servido para criar ou um geração de idiotas - os que levam a sério aquela baboseira - ou uma geração de pragmáticos cínicos, que escrevem aquilo que o “examinador” - eventualmente, o professor - quer ler, ainda que sua convicção seja outra. Ora, por que correr riscos?
Não nos damos conta do absurdo daquele quinto quesito. Um examinador não pode jamais ser um juiz das convicções de um candidato a uma vaga na universidade. Ainda agora, como sabemos, arma-se um cerco ideológico contra a correta atuação da Prefeitura e do governo de São Paulo na cracolândia. Segundo os críticos, manter aqueles pobres zumbis nas ruas é uma questão de respeito aos… direitos humanos!!!
O Enem se transformou no maior vestibular do mundo, orientado por critérios ideológicos e gerido por incompetentes. Uma redação “880″ tinha sido “anulada”. Imaginem quantas tolices anuláveis não ganharam 880 só porque repetiram os chavões e clichês do humanismo oficialista…

Publicado no blog do autor em 12 de janeiro de 2012

fonte - http://www.escolasempartido.org/artigos/242-hora-de-reagir-o-enem-se-transformou-no-maior-vestibular-do-mundo-orientado-por-criterios-ideol

domingo, 3 de junho de 2012

Experimentos em Psicologia - Festinger e a dissonância cognitiva

Por Rodolfo Araújo Todo dia a vida nos oferece oportunidades para sermos pessoas melhores.  Podemos abrir a porta do elevador para aquele senhor idoso, deixar o carro ao lado passar a nossa frente, ligar para aquele amigo depressivo, poupar um pouco mais de dinheiro, fazer exercícios, ter uma alimentação saudável e até mesmo parar de fumar. Mas escolhemos deixar esses atos de lado.
Diabinho_e_anjinho Todo dia a vida nos oferece, também, oportunidades de sermos pessoas piores. Furar uma fila, avançar um sinal, fechar um cruzamento, comer um croquete na fila do restaurante a quilo, dar uma marretada no Imposto de Renda, faltar à academia. Algumas dessas nós escolhemos sem mesmo nos dar conta de que, no fundo, são atitudes erradas.
Mesmo assim, optando pelas as atitudes ruins e deixando as boas de lado, acreditamos que estamos sempre melhorando. E que nossas decisões são sempre acertadas e há razoáveis motivos para tudo o que fazemos.
Você avançou o sinal porque estava atrasada; fechou o cruzamento porque era a sua vez de passar; comeu o croquete porque o preço do restaurante é abusivo; inventou despesas médicas porque não quer seu suado dinheiro sendo roubado por políticos corruptos; e não foi à academia hoje, mas vai amanhã certamente e vai malhar o dobro.
Como é então que, ao deitar para dormir, conseguimos viver em paz depois de um dia inteiro de cretinices? A verdade, nua e crua, é que não pensamos muito nisso. Como você viu no parágrafo anterior, encaixamos autênticas justificativas aos nossos pequenos deslizes diários de forma tão automática, que eles passam praticamente despercebidos. Mas seriam essas justificativas tão autênticas e honestas quanto gostaríamos que elas fossem? Vejamos então como anulamos as discrepâncias entre nossas ações reais versus nossas íntimas convicções morais.
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Em 1954 Marion Keech - uma dona-de-casa de Chicago - teve uma visão: no dia 21 de dezembro daquele ano o mundo acabaria, afogado num dilúvio de proporções bíblicas. Uma mensagem marcando data e hora para o evento lhe teria sido entregue por uma divindade extraterrena chamada Sananda, diretamente do planeta Clarion. Mas todos aqueles que acreditassem no seu magnífico poder seriam salvos por um disco voador em missão de resgate. (É sério, não riam.)
No grupo de estudo de OVNIs de que Keech participava, todos acreditaram na sua história e formaram, então, uma espécie de seita destinada a se preparar para os funestos acontecimentos vindouros. Muitas das pessoas envolvidas tomaram drásticas decisões se preparando para o derradeiro apocalipse: largaram seus empregos e famílias, desfizeram-se de seus bens e tudo o mais que representasse algum elo com este condenado mundo terreno.
Leon Festinger, um professor de psicologia de 32 anos da Universidade de Minessota sabia que, quanto maior e mais custosa a decisão, em termos de tempo, dinheiro, esforço ou inconveniência e quanto mais irrevogáveis suas consequências, maior o apego das pessoas com o caminho escolhido. Ele leu uma nota no jornal sobre o culto e se interessou pela estória.
Arca de noé O pesquisador imaginava como seria o comportamento do grupo depois que sua previsão se revelasse falsa, dado o comprometimento de todos com suas crenças e atitudes. Quais seriam as reações das pessoas se a profecia não se realizasse? Elas perderiam a sua fé? De que forma elas justificariam o amanhecer do provavelmente seco 21 de dezembro?
Na noite do dia 20, Marion Keech, seus seguidores e o infiltrado Festinger reuniram-se em sua casa aguardando o cataclisma. Próximo à meia-noite, todos se livraram de qualquer objeto metálico que pudessem atrapalhar a chegada do seu transporte intergaláctico.
Às 4:00h da manhã nenhum disco voador havia pousado em Chicago, nem em qualquer outro lugar da Terra nem havia, tampouco, sinais de chuva. Marion Keech irrompe em prantos, para momentos depois receber uma nova e providencial mensagem de sua parceira Sananda: o grupo reunido havia irradiado tanta energia positiva, tanta luz, que os deuses resolveram poupar este insignificante planeta azul.
Para quem estava de fora, a emenda de Keech soou pior que o soneto. Para quem conviveu com essa presepada, foi uma piada de mau gosto. Para Festinger, no entanto, foi uma pública demonstração de um estranho comportamento.
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Apesar de esse não ser um clássico Experimento em Psicologia em seu conceito mais elementar - pois ele realizou-se por si só, sem intervenção nem iniciativa do pesquisador, relegado a um mero espectador - foi o evento que deflagrou um série de estudos realizados por Festinger na elaboração da sua Teoria da Dissonância Cognitiva.
O amante de Lady ChatterleyNum desses estudos, por exemplo, Festinger pagou alunos para contarem uma mentira. Uns receberam US$ 1,00 e outros US$ 20,00. Posteriormente os que receberam menos sentiram-se muito mais apegados a suas lorotas e buscavam mais argumentos para justificá-las. Para o pesquisador, os alunos não se sentiam bem em receber US$ 1,00 para mentir e, por isso, precisavam de outras razões para tal. Já os que ganharam mais logo abandonavam a farsa pois, afinal, receberam um dinheiro razoável por sua integridade.
Festinger batizou esse comportamento de Paradigma da Recompensa Insuficiente*. Será que o primeiro grupo realmente acreditava nas mentiras que contava ou apenas tentava se justificar e reduzir o sofrimento por venderem suas consciências a um preço tão vil?
Noutro estudo, Elliot Aronson e seu colega Judson Mills bolaram um engenhoso experimento para avaliar uma situação corriqueira. Alunos de Stanford, voluntários no estudo, eram convidados a se juntar num grupo para discutir a psicologia em torno do sexo. Mas antes de serem admitidos eles precisariam passar por um ritual de iniciação. Metade do grupo deveria recitar em público as passagens mais picantes e explícitas de "O amante de Lady Chatterley", que na década de 1950 representava o supra-sumo da pornografia. Os demais leriam apenas palavras de conotação sexual contidas num dicionário comum.
Após esses diferentes procedimentos, todos ouviam juntos uma suposta gravação da reunião anterior, que os participantes veteranos desse mesmo grupo teriam organizado. Os diálogos resumiam-se, contudo, a monótonas discussões sobre os hábitos de acasalamento dos pássaros - como as empolgantes mudanças em suas plumagens e seus emocionantes ritos de azaração. Além disso, o ritmo da conversa era propositadamente entediante e desinteressante, sem variação no tom de voz e longas pausas entre as frases.
Finalmente, os voluntários deveriam avaliar a gravação ouvida, de acordo com vários aspectos. Como era de se esperar, os que passaram pelo ritual de iniciação mais leve (ler o dicionário) detestaram a experiência e consideraram-na extremamente sem sentido e aborrecida, confessando-se arrependidos de estarem ali. Já os que sofreram um pouco mais (lendo em público as peripécias de Lady Chatterley) classificaram a mesma gravação como muito interessante e empolgante. Será que esse segundo grupo realmente gostou ou seus participantes estavam apenas tentanto se justificar e reduzir o sofrimento pelo qual haviam passado?
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Narciso_caravaggio Basicamente, a Dissonância Cognitiva é um estado de tensão que ocorre quando uma pessoa tem duas cognições (idéias, atitudes, crenças, opiniões) que são psicologicamente inconsistentes. É a velha moral dupla que nos permite tomar uma atitude enquanto pregamos outra.
Suas raízes estão intrinsecamente ligadas à imagem que construímos de nós mesmos. A maioria de nós tem uma auto-avaliação razoavelmente positiva, segundo a qual nos consideramos competentes, morais e espertos. Mas como somos seres humanos - e por isso passíveis de erros - temos o impulso de nos justificar e evitar a responsabilidade por qualquer ação que se revele prejudicial, imoral ou estúpida preservando, assim, nossa imagem diante do espelho.
Quando usamos uma cópia pirata do Windows em casa, nós nos justificamos dizendo que o original é muito caro, mas que se fosse mais barato nós até compraríamos. E, além disso, a Microsoft já ganha dinheiro suficiente. Quando batemos com o carro, a culpa é sempre do outro, que não te viu, não brecou ou não devia estar ali porque seu IPVA está vencido. Ela nunca é nossa.
A verdade é que o cérebro tem pontos cegos - óticos e psicológicos - e um dos seus truques mais brilhantes é forjar a ilusória noção de que, pessoalmente, eles não existem. De certa forma, a teoria da Dissonância Cognitiva é uma teoria de pontos cegos; de como as pessoas intencionalmente deixam de enxergar aquilo que lhes desagrade, para que não notem eventos e informações vitais capazes de questionar seus comportamentos e convicções. E somos tão alheios aos nossos pontos cegos quanto o peixe é alheio à água onde nada.
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Mistakes Essa auto-justificativa tem custos e benefícios, como contam Carol Travis e Elliot Aronson (do estudo dos rituais de iniciação) em Mistakes Were Made (But Not by Me): Why We Justify Foolish Beliefs, Bad Decisions, and Hurtful Acts, um verdadeiro tratado sobre a Dissonância Cognitiva. Para os autores, é ela que nos deixa dormir à noite. Sem ela, prolongaríamos terríveis embaraços. Nós nos torturaríamos com a culpa dos caminhos não tomados ou como navegamos mal por aqueles escolhidos. Agonizaríamos com as conseqüências de quase todas as nossas decisões. Com a Dissonância Cognitiva ficamos livres, portanto, de sentimentos como ansiedade, culpa, vergonha, raiva, estresse e outros estados de espírito negativos.
Por outro lado, o hábito de freqüentemente justificar nossos atos mascara nossas dificuldades. Sempre nos dizem que temos que aprender a partir de nossos erros, mas como podemos aprender se nos recusamos a admití-los?
Além disso, há os que cometem enormes exageros nesse maravilhoso exercício de criatividade que é inventar desculpas para nossos tropeços. Algumas pessoas inventam tantas histórias para justificar seus atos que passam a viver realidades paralelas, fazendo inveja até mesmo a Forrest Gump. Alguns desses mitômanos chegam a ser patológicos em sua necessidade de auto-afirmação que os leva, via de regra, a uma sucessão de mentiras onde uma vai encobrindo a outra, tecendo um ilusório manto de superioridade.
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Por esse motivo nós precisamos de algumas pessoas de confiança que nos digam NÃO de tempos em tempos. Críticos dispostos a estourar nossas bolhas protetoras de auto-justificativas e nos trazer de volta à dura realidade quando nos afastamos demais - e isso é especialmente importante para as pessoas que ocupam posições de poder e liderança.
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As idéias de Festinger provocaram uma verdadeira revolução na psicologia, como conta Lauren Slater em Opening Skinner's Box: Great Psychological Experiments of the Twentieth Century, na medida em que ofereciam uma elegante explicação para nossos comportamentos mais bizarros.
Sua Teoria da Dissonância Cognitiva representava, ao mesmo tempo, um desafio ao behaviorismo radical proposto por Skinner pois, segundo este, o comportamento é muito mais motivado pelas recompensas do que pelas punições. Ocorre que, diferente dos ratos e pombos, o ser humano tem o péssimo hábito de pensar e, porque pensamos, nossas escolhas e atitudes transcendem os efeitos de recompensas e punições.
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Do mesmo modo que a Dissonância Cognitiva pode alterar nossa percepção em relação aos nossos atos do dia-a-dia, ela também pode modificar alguns fatos do passado. Nossa memória constrói nossas histórias, mas nossas histórias também podem criar nossas memórias. E, ao contrário do que imaginamos, nossa memória não é algo tão rígido e estático: ela também muda com o tempo. No próximo texto veremos como Elizabeth Loftus bolou um dos mais incríveis Experimentos em Psicologia para desvendar essa intrigante e perturbadora perculiaridade da nossa mente.

ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE
NÃO POSSO EVITAR - por Rodolfo Araújo
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Experimentos em Psicologia - A unanimidade burra de Solomon Asch

por Rodolfo Araújo

Solomon Asch nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 14 de setembro de 1907 e mudou-se para os EUA com sua família em 1920. Completou seu Doutorado em 1932 na Universidade de Colúmbia e na década de 1950 começou a elaborar suas pesquisas acerca da pressão social exercida pelos grupos. A pergunta que ele pretendia respoder era: como e até que ponto as forças sociais moldam as opiniões e atitudes das pessoas? Era uma época em que as telecomunicações experimentavam crescentes avanços e, desde então, já havia a preocupação do poder de influência que a mídia poderia exercer na população.
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Imagine a leitora numa sala com mais sete outros estudantes, cuja tarefa no experimento sobre acuracidade visual, para o qual se ofereceram como voluntários, era olhar a linha vertical da figura mais à esquerda e encontrar sua correspondente dentre as três linhas da outra figura. Moleza!, você pensa. E todos respondem letra "C". No próximo par de figuras, nenhum problema e todos respondem a mesma óbvia opção.
Quando a leitora já começava a se arrepender de estar ali - pois tudo indicava uma tediosa atividade para identificar aspirantes a cego - o primeiro colega da sala a responder claramente cometia um erro. "Como ele pôde? Uma linha é visivelmente maior do que a outra!", você pensa inconformada. Mas aí o seguinte comete o mesmo erro. E também o terceiro e todos os demais. Você é a última e responde diferente dos demais. Todos olham para você. Que coisa estranha!
No par de figuras seguinte, aquele idiota da primeira cadeira erra novamente. E todos vão atrás. Você tem certeza que eles estão errados. Mas como podem todos estarem errados e você estar certa? Você responde de maneira diferente novamente.
Na próxima rodada você já não tem tanta certeza se está certa. Sua insegurança começa a dar lugar à angústia. Será que você não está enxergando direito? Que constrangimento responder de maneira diferente de todos! Ah, quer saber? posso até errar, mas acho melhor responder igual aos outros. Não estou me sentindo bem discordando de todo mundo, divergindo dessa estranha unanimidade.
No fim do experimento você descobre, porém, que o único voluntário de verdade era você. Os outros sete ali presentes eram atores que faziam parte da pesquisa. Todos foram orientados para dar as respostas erradaspara ver até que ponto você resistiria sendo a única dissidente da sala. Pouco, muito pouco. Você não agüentou ser a única respondendo diferente e passou a acompanhar o grupo, mesmo tendo certeza (ao menos no início) de que estava dando a resposta errada.
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Mas espere um pouco! Como reagiram os outros voluntários? Quantos deles teriam capitulado ante à pressão do grupo e passado a dar respostas erradas também? Curiosamente, os resultados do experimento haveriam de lhe trazer algum conforto...
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No total, 123 voluntários (reais) participaram da pesquisa e eles sempre eram os últimos ou penúltimos a responder. Nos dois primeiros testes os assistentes respondiam de forma correta, para deixar o voluntário à vontade, confiante. Mas nos quatorze seguintes eles deveriam errar doze, de modo que o voluntário não desconfiasse de alguma armação - o que ocorreu em poucas ocasiões e os resultados foram desconsiderados no cômputo final. Além disso, eles erravam juntos, apontando a mesma linha. Considerando que a estimativa de respostas erradas nesse tipo de teste é de menos de 1 em 35 (menos de 3%), os resultados foram assombrosos:
75% dos participantes escolheram a alternativa errada ao menos uma vez;
37% dos voluntários erraram a maioria das respostas;
5% deles acompanharam a opção incorreta todas as vezes.
Asch e seus colegas ficaram intrigados com o efeito opressor que um grupo poderia exercer sobre seus indivíduos e resolveu investigar mais a fundo os fatores que mais determinavam esse tipo de influência. As posteriores variações do experimento verificaram que:
.: O tamanho do grupo influi negativamente de forma diretamente proporcional e até um certo limite. Quando confrontado com apenas um outro participante, o indivíduo praticamente não mudava de opinião. Contra dois assistentes, o voluntário aceitava a resposta errada em 13,6% das vezes. Se fossem três adversários, o erro subia para 31,8% e permanecia estável. Isto é: a partir de três oponentes o tamanho da unanimidade já não fazia mais tanta diferença.
BurrosNa prática, isso parece sugerir que trabalhar com grupos muito grandes pode ser contraproducente, na medida em que algumas opiniões dissidentes podem se perder no caminho, em virtude da pressão da maioria. Por esse motivo os especialistas recomendam que o ideal é formar pequenos conjuntos de até três ou quatro indivíduos.
.: Um aliado aumenta a resistência, pois quando o inocente voluntário tinha o apoio de outro indivíduo na sua discordância, as chances de ele mudar de opinião em favor da maioria caíam em 75%. O interessante era que o aliado nem precisava escolher a resposta certa. Bastava que ele divergisse da maioria. No caso ilustrado anteriormente, por exemplo, se todos escolhessem "A" e o aliado escolhesse "B", já era suficiente para que o voluntário se sentisse mais à vontade para apontar a correta resposta "C".
Mas a importância desse aliado está em sua convicção, não em sua presença física. Se após discordar da maioria nas primeiras respostas o aliado mudasse de lado e passasse a errar junto com os demais, o voluntário perdia sua coragem. Após a deserção do seu aliado, os índices de erro passavam a ser iguais ao do experimento original. Por outro lado, se o aliado fosse retirado da sala no momento em que ainda dava respostas corretas, o voluntário mantinha-se independente, respondendo diferente da maioria.
Particularmente considero essa variação uma das mais intrigantes, pois ela ilustra como somos sensíveis à opinião de estranhos quando nos encontramos numa situação de desvantagem ou de informações insuficientes. Este é, basicamente, o formato mais comum dos chamados Contos-do-Vigário, onde um desconhecido oferece ajuda, convencendo a vítima a confiar no golpista que lhe aborda.
Ela sustenta, também, a importância da heterogeneidade dos grupos, como destaca James Surowiecki em The Wisdom of Crowds. Surowiecki lembra que a diferença não só contribui trazendo novas perspectivas para o ambiente, mas também ajuda os integrantes a expressarem mais livremente suas opiniões - sejam elas divergentes ou não (pp. 38-39).
Mas a mais pitoresca de todas as adaptações do estudo de Asch foi realizada por Vernon Allen. (Infelizmente não encontrei a fonte original nem a referência do artigo/livro e, assim, baseio-me na descrição de Ori e Rom Brafman em Sway: The Irresistible Pull of Irrational Behavior.) Antes de iniciar os supostos experimentos de acuracidade visual, os voluntários tinham que preencher um formulário qualquer isolados numa sala. Assim que iniciavam essa tarefa, um dos pesquisadores alegava falta de salas e introduzia um segundo "voluntário" na sala.
Fundo de garrafaEste era, na verdade, mais um ator com uma característica muito peculiar: ele usava óculos de lentes grossíssimas, denunciando uma acentuada dificuldade visual. Reforçando essa característica, ator e pesquisador encenavam um diálogo, onde o primeiro perguntava se a tarefa incluía algo em que fosse necessário enxergar de longe. O segundo respondia que sim e pede que o ator leia um cartaz pregado na parede, no que ele, previsível e propositadamente, falha. O pesquisador diz, então, que precisam terminar o estudo de qualquer forma (estão atrasados, com falta de pessoal, blá, blá, blá...) e sugere que ele responda às perguntas de qualquer maneira, prometendo não computar suas respostas.
O resultado mostrou que os voluntários reais reduziam sua conformidade em 30%, ou seja, aproximadamente um terço deles sentiam-se mais à vontade para discordar da maioria, ainda que fossem amparados por um aliado visivelmente (que beleza de trocadilho!) incompetente.
.: A discrepância do erro não influi no resultado, apesar de a intuição sugerir o contrário. Ainda que as figuras fossem exageradamente diferentes umas das outras, isso não diminuía a incidência de respostas erradas do voluntário.
Isso significa que, independentemente do absurdo da situação, a cega imitação das atitudes de um grupo pode nos levar a comportamentos que sequer cogitaríamos individualmente.
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Nas entrevistas posteriores ao experimento, os 25% que se mantiveram firmes em suas decisões em todos os testes mostraram uma grande capacidade de se recuperar das dúvidas que experimentaram ao confiar em seus julgamentos. E, diga-se de passagem, sentiram-se aliviados ao saber que o estudo continha uma pequena farsa...
Já dentre os que mais se conformavam com o grupo, suas principais características eram a baixa auto-estima ("devo estar errado") e o desejo de não comprometer o estudo discordando nas respostas. O mais intrigante, porém, era o fato de eles não se considerarem conformistas.
Em seu brilhante Iconoclast: A Neuroscientist Reveals How to Think Differently*, o neurologista americanoGregory Berns chega a questionar a influência do grupo sobre a percepção das pessoas. Apesar de os voluntários garantirem terem dado a resposta incorreta (mesmo sabendo a verdadeira), eles honestamente questionavam suas convicções. Alguns duvidavam daquilo que estavam vendo. Aparentemente as percepções permaneciam intactas, mas a fé das pessoas nos seus sentidos, esta sim, parece irremediavelmente abalada pela influência externa alterando, aí sim, as decisões tomadas. E, no fim do dia, o que importa mesmo são as decisões.
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O estudo de conformidade de Solomon Asch dá indícios sobre o poder de influência que os grupos exercem sobre os indivíduos. Mostra que o simples desejo de pertencer a um ambiente homogêneo faz com que as pessoas abram mão de suas opiniões, convicções e individualidades.
Adolecentes fumandoImagine crianças e adolescentes que são forçados a permanecer longos períodos de tempo convivendo em grupos a que eles não escolheram pertencer, como a classe da escola, por exemplo. Em ambientes onde o diferente acaba marginalizado ou ridicularizado, a pressão por seguir o grupo pode ser irresistível a um jovem com pouca maturidade ou personalidade. E, assim, muitos começam a fumar, beber e usar drogas.
Mas nem só em ambientes mais inocentes encontramos indivíduos sucumbindo à multidão. A tendência de seguir a opinião dos outros comumente é chamada de efeito manada em finanças, identificando um movimento onde os investidores seguem determinada direção, polarizando a tendência do mercado. Atitudes semelhantes podem ser observadas, também, em algumas religiões, agremiações políticas, moda e diversos outros grupos de indivíduos cujas preferências mudam com o tempo. Ou seja, todos.
Ainda que a vida em sociedade dependa de consensos, eles só serão produtivos na medida em que os indivíduos contribuirem com suas experiências pessoais e considerações particulares. Quando o consenso é produto da dominação ou da conformidade, o processo social é corrompido e os valores individuais são deixados de lado.
Fato é que, de maneira consciente ou não, estamos todos sujeitos às pressões do ambiente, seja ele físico ou psicológico. Há várias situações em que nossas atitudes são fortemente influenciadas por essas pressões e muitas formas de explorar tal comportamento - para o bem e para o mal. O que precisamos é estar atentos a essas armadilhas e identificar - de forma sincera, humilde e desprendida - que tipo de decisões tomamos por nossa própria e independente vontade e quais as que visam a paz de espírito de não ir contra a multidão.
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O experimento de Asch mostra uma forma de tomar decisões inocentes quando sob efeito da influência do comportamento do grupo. Mas o que acontece quando as decisões não são assim tão inocentes? Como reagem as pessoas que são instigadas a inflingir dor e sofrimento a um desconhecido? A seguir, os perturbadores estudos de Stanley Milgram.
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ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE
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