Marilena Chaui e o grito primordial: “Eu ODEIO a classe média!”
A filósofa petista incita o ódio de classe pois sabe que a classe média se ofende ao ser associada com fascismo e outras coisas que repugna profundamente.
Talvez a maior dificuldade da filosofia seja encontrar termos precisos, que ao menos com alguma acuidade tratem de espelhar a realidade com certa precisão e limites discerníveis. É muito comum um filósofo competente perder-se em seu próprio vocabulário abstrato, abandonando qualquer compromisso com a dureza dos fatos concretos.
É o caso do grande mestre da lógica Bertrand Russell e de seu mais famoso discípulo, Ludwig Wittgenstein. Ambos eram artífices da mais pura lógica matemática. Suas contribuições ao pensamento factual, entretanto, são tão platiformes que o último inicia seu magnum opus encontrando dificuldade em aceitar o fato de haver mais palavras do que coisas no mundo, crendo então ser um paradoxo o fato de todas as palavras estarem fazerem parte do mundo feito de coisas.
A professora de filosofia petista da USP Marilena Chaui, que possui alguma competência na exegese de filósofos há muito observadores do sol de outros mundos, é conhecida por sua visão marxista de conceitos, palavras e categorias. É uma manipuladora competente de termos com grande carga psicológica para sua platéia.
Sabendo animar seu auditório, a professora, no lançamento do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, organizado pelo sociólogo Emir Sader (seja lá o que for “pós-neoliberal”, se nem o termo “neoliberal” possui qualquer conteúdo dentro da forma além de um xingamento), resolveu, corretamente, explicar que o conceito de “classe social”, para os adeptos da logorréia marxista, nada tem a ver com o quanto alguém possui materialmente. É possível até fazer um corolário não-dito pela professora: tampouco tem a ver com a ocupação de alguém, como no caso da palavra “burguês” (comerciante), como antes se fazia. Sem usar termos declaradamente marxistas no mesmo palco em que o ex-presidente Lula logo falaria, Marilena explicou o conceito de “consciência de classe” (Klassenbewusstsein) do pregador comunista.
À guisa de “conclusão” ou justificativa de sua exposição, como se vê em vídeo divulgado por uma tal “Fundação Maurício Grabois”, com logotipo do PCdoB, Marilena, sem qualquer argumentação, disse finalmente o que a platéia estava ali para ouvir, ao invés dessa chateação filosófica na qual ninguém presta atenção:
“E porque é que eu defendo esse ponto de vista? Não é só por razões teóricas e políticas. É PORQUE EU ODEIO A CLASSE MÉDIA. (colérica, sob, finalmente, aplausos entusiasmados) A classe média é o atraso de vida. a classe média é a estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante… [perde-se procurando mais outro adjetivo ofensivo gratuito] terrorista. (risos da platéia)“
A classe média é a uma abominação política (risos da platéia), porque ela é fascista. Ela é uma abominação ética porque ela é violenta, e ela é uma abominação cognitiva porque ela´é ignorante. Fim.”
Marx gastou milhares de páginas em seu cartapácio O Capital e tornou famosa a idéia de que a sociedade se divide em “classes” estanques (necessariamente estanques), e de que o motor da história seria a “luta de classes” (conceito que gerou um falhanço mortuário ao se instigar uma luta mortal anteriormente inexistente, bobagem destroçada impiedosamente por Eric Voegelin). Tal conceitualização de “classe” não é explicada senão apressadamente, em um parágrafo e meio, no fim do terceiro capítulo d’O Capital, que se encerra abruptamente sem qualquer substancialidade sobre o assunto (vide a formidável análise de Gary North em The Marx Nobody Knows, no livro Requiem for Marx, editado por Yuri Maltsev).
Ora, pela taxonomia filosófica e científica, uma “classe” é uma categoria mais abrangente do que “espécie”, “gênero” e “família”. Marx, por pura retórica para arrebanhar fiéis despreparados, usa o termo “classe social” com o fito de fazer crer que é mais fácil fazer parte de outro gênero ou trocar de família do que ascender a outra classe social. Uma óbvia picaretagem. O historiador marxista E. P. Thompson demonstrou com precisão que é impossível distinguir se uma pessoa faz parte do tal “proletariado” ou da “burguesia” – vide o Brasil, onde a classe média econômica preocupa-se mais em conseguir um bom concurso e trabalhar sossegada para o Estado do que se exprobar no comércio (“burgo”) e ter um percentual altíssimo de seus rendimentos avacalhadamente tungados pelo Estado.
Sobra, então, apenas a tal “consciência de classe” (cada vez mais importante para marxistas), que vira aqui, na verdade, inconsciência – incapacidade completa de perceber a realidade a que seus termos juram que fazem alusão. Perdidos no reino abstrato de palavras que apenas sentimentalmente parecem ter alguma semântica científica, como “classe trabalhadora”, as ovelhas seduzidas pelo discurso marxista colocam um cabresto lingüístico sobre seus olhos. Se um analfabeto é capaz de ver e se admirar com o quanto uma pessoa trabalha, se sacrifica e se esforça para prover sustento aos seus e ascender socialmente, um crente lobotomizado por discursos como o da ideóloga do PT apenas enxerga alguém que, paradoxalmente, deixa de fazer parte da “classe trabalhadora” após tanto trabalhar. O “estudante” acaba aprendendo a enxergar sua realidade invertida através de condicionamento lingüístico cada vez mais abstrato, incapaz de notar paradoxos chocantes em sua nova religião.
Não é por outra razão que o filósofo marxista argentino Ernesto Laclau, à guisa de exemplo, inverte o tal motor da história, e diz que é o próprio discurso de classe que gera a classe social, sob estulticocos como afirmar que a “democracia” é um “significante vazio”, ao qual o partido revolucionário pode atribuir o sentido que bem lhe convenha. O que, afinal, é exatamente o que acontece.
Primeiro como farsa
Marilena Chaui não terminou abruptamente a sua verdolenga exposição ideária trocando uma conclusão derivada de premissas por um histérico berro de ódio pessoal apenas porque a continuação de sua verborréia iria jogar para sua platéia a raiz de suas crenças – o que a sua própria platéia, ignorante de cirúrgicas discussões filosóficas em minúcias, iria repudiar com nojo. Ela o faz como uma tática que a esquerda no mundo inteiro, dominante na cultura, na academia e na psicologia, sabe fazer como ninguém.
Não há o menor sentido em tentar ofender um membro da KKK o chamando de “racista”, tentar menosprezar um oficial da Waffen SS orgulhoso de ter assassinado judeus às mancheias tachando-o publicamente de “nazista”. Os intelectuais, os atores (de Hollywood ou o bom-mocismo global tupiniquim), os músicos e as celebridades usam desse expediente justamente para ofender quem odeia ser associado a racistas, nazistas e demais pessoas retrógradas e preconceituosas, porque têm um desprezo tão profundo por racismo, nazismo e outros obscurantismos que se calam de choque se alguém os associa com tais abominações. Em outras palavras, a esquerda ofende usando sempre as mesmas palavras porque sabe que está proferindo uma mentira.
E funciona. O analista político Ben Shapiro (palestra must-see), autor do recém-lançado Bullies: How the Left’s Culture of Fear and Intimidation Silences America, explica a tática ofensiva que a esquerda americana utilizou para ocupar todo o espaço público, justamente dizendo que todo o espaço público é dominado pelo inimigo (“a classe média é reacionária, a mídia é golpista, a oposição é direitista” e até – horresco referens – que essa classe média que não vota em partidos amigos das FARC é “terrorista”):
O objetivo da esquerda é encerrar o debate político, depreciando seus adversários como algozes. Eles rotulam os seus adversários como racistas, sexistas, homofóbicos, intolerantes, ignorantes, teimosos amargos. Eles os comparam aos nazistas, membros da KKK, terroristas (!). Em seguida, eles os expulsam como leprosos do debate político. Porque quem se importaria em debater com um nazista, ou com um membro da KKK, ou com um terrorista?
É assim que a esquerda ganha argumentos. Eles polarizam os americanos uns dos outros. Eles nos separam por grupos. Eles nos dividem e eles nos conquistam. Eles nos convencem de que somos ou vítimas que merecem recompensa, ou opressores que devem se curvar ao jugo.
Ao debatedor com razão, mas desconhecedor de técnicas de retórica e lavagem cerebral apregoadas desabridamente em literatura ideológica, resta o tempo todo ter de se explicar para a platéia que não é um fascista, ou racista, ou apoiador de ditaduras, um espancador de mulheres. Por mais que o outro lado, justamente, seja exatamente isso – a platéia não entenderia que alguém gaguejando amuado no canto após uma chuva de impropérios, ou então apelando para xingamentos desprovidos de carga ideológica após perder a paciência, esteja com mais razão do que um agradável odiador de seres humanos.
Desprovido o adversário de uma posição inicial confortável para expor argumentos, sem gastar tempo tendo de se justificar perante os preconceitos de que está sendo alvo, resta tão somente o teste de sentimentos, em que a platéia apenas julga se aquela pessoa faz parte do seu grupo ou é inimiga. É a animalização da linguagem (não confundir com a zoomorfização) que René Girard encontrou como ato inicial da sociedade humana: encontrar um inimigo como bode expiatório e, através da inculcação de um ódio completo a este “inimigo” como causador de todos os nossos males, iniciar um grupinho, embora não tenhamos nada a compartilhar, a não ser ódio pelo adversário.
É exatamente por esta razão que a esquerda atingiu o patamar de dominação integral que está quase alcançando no mundo, hoje.
Basta ver como mesmo a imprensa mais aguerrida contra sumidades do porte de Lula, Obama, Chávez, Dirceu, Genoino et caterva usa de uma linguagem educada, polida, cuidadosa (não exatamente com seus cargos, mas sim com o apreço do populacho por suas figuras públicas). Não são chamados de comunistas (mesmo discursando para o PCdoB), terroristas, seqüestradores, marxistas, caudilhos, ditadores, totalitários, agentes cubanos – mesmo que um deles ele próprio se jacte afirmando ser “ex” (?!) membro da inteligência cubana.
Eles mesmos, todavia, assim que tomam presença de uma câmera ligada, associam seus adversários a todos os descalabros que nos fariam, comuns mortais, ser processados se falássemos do mesmo modo. Vale chamar repórter de “torturador moderno” (!), afirmar que paulistas são racistas sendo um negro eleito por paulistas (!!), dizer que a imprensa livre pode levar ao nazismo (!!!), pregar uma estatização completa e chamar todos os seus inimigos de “fascista”, fechar o Congresso (ou cogitar se refugiar da prisão indo morar ali dentro), dizer que seus adversários odeiam pobres (a classe média, óbvio, continua liberada para ser odiada, vilipendiada e espezinhada, a ponto de se rir até quando é roubada e assassinada), imputar que seu adversário odeia gays e mulheres e negros etc, etc, etc. Bilinguis maledictus.
A tal “mídia hegemônica burguesa”, quando divulga tais fatos, o faz como uma notinha curiosa na página 84 do caderno D, ao invés de corretamente escancarar o fato repetidamente na capa por meses seguidos. Basta pensar na diferença de virulência e, vale dizer, educação, nos debates entre Lula e Dilma e seus opositores recentes, Serra e Alckmin.
Por óbvio que não se deve imputar à pura mândria maquiavélica a declaração de ódio e o típico discurso com 80 adjetivos para cada substantivo de Marilena Chaui, tão comum à esquerda (que nunca consegue escrever nada sobre seus adversários sem um chorrilho de apelidos depreciativos e difamações).
Urge notar que Chaui chama a classe média de “reacionária”, provavelmente sem saber o que isso significa, ao mesmo tempo em que a xinga de “fascista”. Ora, um reacionário, justamente ao contrário de alguém perdido na verborréia abstrata de “classes” da professora, é aquele que, por experiência, descobriu como as coisas reagem, independentemente de nossas boas intenções. Não é portanto o ideal que os reacionários possuem de diferente da esquerda – é conhecer melhor o real. O socialismo ideal, o capitalismo ideal, talvez até o fascismo ideal são maravilhosos – a encrenca é viver sob o jugo de tais sistemas consubstanciados na realidade, dura e por vezes pontiaguda.
É na realidade que os reacionários vêem as reações que no ideal vivido, sonhado e verbalizado pela esquerda elas são ainda são desconhecidas –.é a reação a uma mentalidade ainda juvenil. Como bem definido pelo filósofo colombiano Nicolás Gómez Dávila, não se parte de idéias reacionárias – chega-se a elas. O reacionário não tira suas conclusões políticas pensando na “classe média”, mas vivendo com o João, a Ana, o Paulinho, a Clara. Essas pessoas que a professora Chaui odeia mortalmente sem indigitá-las formalmente.
Exatamente por desconfiarem de ideais de “reforma” ou “revolução” social que os reacionários foram os inimigos mortais dos dois totalitarismos “revolucionários” e “reformistas” que mais mataram no séc. XX. Eram jurados de extermínio tanto na Internacional Comunista quanto eram lembrados como aqueles inimigos que impediram os nazistas de subirem ao poder no hino do 3.º Reich, a Canção de Horst-Wessel, com uma promessa de vingança pouco velada. Não é sem razão que, enquanto um reacionário como Winston Churchill prometia, diante de uma platéia cristã ao ponto da carolice, se aliar a Satanás contra Hitler, o próprio Hitler se aliava ao socialista Stalin para enfrentar os “reacionários”, enquanto jornais socialistas franceses culpavam a “imperialista Inglaterra” pela Segunda Guerra. Seus próprios hinos já anteviam esse inimigo comum. (e serem o supremo inimigo dos dois maiores totalitarismos da História mundial, que elogio aos reacionários!)
Para Marilena Chaui, que provavelmente desconhece de todo o pensamento “reacionário” (do contrário, não seria uma esquerdista) que julga odiar sob uma saraivada de adjetivos que contradizem uns aos outros, não há nada estranho em afirmar que a “classe média” (o João, a Ana, o Paulinho, a Clara) são fascistas e reacionários ao mesmo tempo. Para sua platéia abduzida, que desconhece conteúdo semântico e fica apenas com o teor apocalíptico de tais termos, é tudo a mesma coisa. Os grandes reacionários se opuseram à concentração do poder em poucas mãos com “grandes intenções”. São pessoas como Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, G. K. Chesterton, Jorge Luís Borges, H. L. Mencken, Jonathan Swift e outras pessoas que nunca feriram ninguém. São seus supremos inimigos a cepa de Pol-Pot, Hitler, Stalin, Mao, Castro e camaradas agremiados.
Entretanto, nem tudo pode ser atribuído à malevolência de um formador de opinião, quando há tanto espaço para a ignorância. Que também importa o fato de alguém justificar uma exposição “filosófica” tão somente com um urro primata de ódio vulcânico? Tais pessoas, que vivem sob o cabresto da ideologia sem substância real, apenas conhecem abstrações. Sua virgindade de conhecimento sobre o que pensam seus adversários permanece hagiográfica, seus conceitos não se sujam no contato com a realidade, permanecendo no puro reino das idéias platônicas. Contraditoriamente, chamam sua fantasia idealizada de “o socialismo real”.
Ao se divorciar da realidade para adentrar sem retorno ao reino das abstrações, generalizações e coletivizações de contornos imprecisos, o ser humano deixa até mesmo de enxergar pessoas. Diante dos seus olhos estão apenas peças de xadrez. Ou melhor, votos.
…e depois como tragédia
O longo discurso de Marilena repetiu pela biliardésima vez que sua platéia pode se acalmar: eles são uma classe, legal e bacana, e seus adversários não são seus semelhantes e pessoas dignas da mais remota consideração, fazendo todos parte de outra classe de seres humanos. Também foi útil para reafirmar que a turba enfurecida pode, afinal, se enfurecer à vontade – sob auspícios do que acredita ser uma profunda racionalidade filosófica.
Ao tratar pessoas como “classes” é mais fácil odiá-las. É por isso que o nazismo e o comunismo puderam existir, é por isso que a violência brasileira, sob uma roupagem retórica de “reparação” ou “causa social” imprecisa, está matando mais do que qualquer guerra. Por uma luta de “classes” ou “raças”. É difícil odiar o Michael Jackson, o Eric Hobsbawm, o João, a Ana, o Paulinho, a Clara: é fácil berrar: “Eu ODEIO a classe média!”, como Saturno devorando os próprios rebentos.
Marilena Chaui fez o que os analistas políticos americanos chamam de dog whistle, ou apito de cachorro: inculcou em seus comparsas as palavras de ódio que são condicionados a repetir servil, mecânica e inconscientemente como ratinhos de laboratório falantes. Apenas a cachorrada de sua “classe” assim o ouve o que deve ser definido como o discurso oficial daquela turma, que a opõe a outra – basta ver como o assunto foi solenemente desprezado pela imprensa, que deveria escarafunchar até a medula cada oportunidade de encontrar um grande furo que os galgue à promoção e reconhecimento profissional.
A partir do momento em que tais palavras abstratas e incertas adentram no vocabulário corrente é praticamente impossível reverter o processo. O melhor meio de condicionar o comportamento da patuléia ignara docilmente´e aproveitar um tema sensível, que pode ser observado na realidade, e, com tal termo, conduzir uma nova postura. É o que se faz com palavras como “homofobia” e “racismo” hoje. Ambas as coisas existem às pencas (basta tentar encontrar algum homossexual ou negro que nunca tenha sofrido discriminação injustificada). Entretanto, são utilizadas para criar uma apreciação sentimental automática e irrefletida com quem defenda as bandeiras contrárias à homofobia e ao racismo, ao mesmo tempo em que libera um poder cada vez mais irrestrito para grupos de pressão selecionados a dedo.
Coteje-se na realidade factual como boa parte das passeatas e manifestações do chamado “movimento gay” (que pouco ou nada tem a ver com os gays que conhecemos, o João, a Ana, o Paulinho, a Clara e esses outros que você desconfia aí) estão muito mais interessadas em escolher “o melhor Jesus gay do ano” ou, como já se fez, chegar ao cúmulo de “obras artísticas” em que alguém retira um rosário com crucifixo do furingo. São não coisas que façam os gays terem qualquer apreço e tolerância em uma sociedade majoritariamente religiosa – bem pelo contrário – e sim meros ataques à religião, usando milhares de pessoas lobotomizadas como massa de manobra. Todavia, como a palavra “homofobia” conseguiu inserir-se no vocabulário corrente, fala-se em homofobia sempre que se critica tais manifestações. Quem, por outra parte, poderia falar em “cristãofobia” ou algum outro termo ainda sequer existente para falar dos ataques completamente gratuitos à religião a olhos vistos?
Vide como a religião é tratada nos jornais (qual jornalista você conhece que defende a religião, se não um ou dois solitaríssimos “reacionários” de nome conhecido e não lidos por seus inimigos?). Todavia, só se fala do menos visto, a tal “homofobia”, e aquilo que é fato dado e observado com fotos (como as manifestações do FEMEN, o discurso da imprensa e dos blogs etc), enquanto não tem nome, “não existe”. No dizer de Nelson Rodrigues, Napoleão havia de ter um destino napoleônico. O nome faz o homem (aprendeu, sr. Wittgenstein?). Sejamos rodriguesanos.
Agora que um ou outro “reacionário” está descobrindo as idéias reacionárias justamente por desencanto com a esquerda (o contrário, obviamente, nunca acontecerá em toda a história: é impossível alguém se esfainar estudando as obras de Voegelin, Mises, Chesterton, Sowell, Ortega ou Kolakowski para chegar à conclusão de que bom mesmo é ser de esquerda – todo esquerdista, portanto, os ignora), o “ódio de classe” apregoado por Marilena precisa de uma certa urgência.
Mas ele também já se materializa. Não necessariamente no Holodomor, no Gulag, na ilha particular caribenha do sr. Castro ou no Holocausto, mas até as quizumbas nacionais já consubstanciam as palavras da dona Chaui. Veja-se como recentemente o músico Lobão criticou o fato de os Racionais MC’s terem se tornado o braço armado do PT com um discurso de revanchismo e exigência (vide Shapiro acima) e Mano Brown, dos Racionais, respondeu, sem o mais longínquo resquício de argumento, que esta´sempre pelo Rio, e portanto poderia discutir “como homem” com o Lobão.
Ou seja, o fato é que os Racionais MC’s são um braço armado do PT com discurso de ódio a ponto de chamar seus adversários sem pouco disfarce para uma agressão física gratuita. Mas, no discurso, fica-se só com os termos já assoviados pelos intelectuais que amestram os ânimos da farândola: racismo, ódio de classe, direita saudosista da ditadura, “violenta”, “preconceituosa”, “terrorista” etc etc. Fora do discurso “oficializado” e debaixo dos olhos de todo mundo, o que se vê é o exato oposto – mas sem que a educação “burguesa” ainda tenha inventado xingamentos iconoclastas para criticar a atitude violenta de Mano Brown. Sem termos concretos para descrever o fato de que um rapper petista pode até ameaçar alguém em público de porrada, as pessoas que se esforçam estudando o abstracionismo de uma Marilena Chaui sequer conseguem enxergar o fato, descrevê-lo e chamá-lo por um nome reconhecível.
Felizmente, ninguém que escapou da gaiola epistemológica da esquerda sai por aí a proferir: “Eu odeio pobres! Pobres são atraso de vida, são a estupidez, a ignorância!”
Curiosamente, quando o ex-presidente Lula subiu ao palco depois da intelectual, conforme mostra discretíssima nota na coluna de Vera Magalhães, ele aliviou o clima:
–Depois de anos que lutei para chegar à classe média, vem essa mulher e esculhamba com a classe média…
De fato, como duvidou o mestre Albert Jay Nock, não é possível ter certeza de que uma pessoa culta pensa mais ou melhor do que uma pessoa inculta.
inventemos os apelidos.
Fonte - http://www.implicante.org/artigos/marilena-chaui-e-o-grito-primordial-eu-odeio-a-classe-media/
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