Por Orlando Braga (2007)
Karl Marx
Muitos de
nós fazemos uma idéia do que é o politicamente correto (PC), pela repetição de
informações transmitidas pela mídia.
O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial. Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O Marxismo Econômico, que defende a idéia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o Marxismo Cultural, que defende a idéia de que a História é determinada pelo Poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos. Até a I Guerra Mundial, o Marxismo Cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no Marxismo Econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).
O PC não teve origem recente; remonta a sua utilização como instrumento ideológico, ao tempo da I Guerra Mundial. Quando Karl Marx escreveu o “Manifesto Comunista” (séc. 19), ficou bem claro que ideologia que nascia assentava em duas vertentes básicas: O Marxismo Econômico, que defende a idéia de que a História é determinada pela propriedade dos meios de produção, e o Marxismo Cultural, que defende a idéia de que a História é determinada pelo Poder através do qual, grupos sociais (para além das classes sociais) definidos pela raça, sexo, etc., assumem o poder sobre outros grupos. Até a I Guerra Mundial, o Marxismo Cultural não mereceu muita atenção, que se concentrou praticamente toda no Marxismo Econômico, que deu origem à revolução bolchevista (URSS).
O Marxismo
Cultural é uma sub-ideologia do Marxismo (a “outra face da moeda” é o marxismo econômico),
e como todas as ideologias, tende inexoravelmente para a implantação de uma
ditadura, isto é, para o totalitarismo.
À semelhança
do Marxismo Econômico, o Marxismo Cultural (ou Politicamente Correto) considera
que os trabalhadores e os camponeses são, à partida, “bons”, e que a burguesia
e os capitalistas são, a priori, “maus”. Dentro das classes
sociais assim definidas, os marxistas culturais entendem que existem grupos
sociais “bons” (como as mulheres feministas — porque as mulheres não-feministas
são “más” ou “ignorantes”), os negros e os homossexuais – para além dos
muçulmanos, dos animistas, dos índios, dos primatas superiores, etc.. Estes
“grupos sociais” (que incluem os primatas superiores — chimpanzés, gorilas,
etc.) são classificados pelos marxistas culturais como sendo “vítimas” e por
isso, são considerados como “bons”, independentemente do que os seus membros
façam ou deixem de fazer. Um crime de sangue perpetrado por um homossexual é
visto como “uma atitude de revolta contra a sociedade opressora”; o mesmo crime
perpetrado por um heterossexual de raça branca é classificado como um “ato
hediondo de um opressor”. Segundo o Marxismo Cultural, o “macho branco” é o
equivalente ideológico da “burguesia” no Marxismo Econômico.
Enquanto que
o Marxismo Econômico baseia a sua ação no ato de expropriação (retirada de
direitos à propriedade), o Marxismo Cultural (ou PC) expropria direitos de
cidadania, isto é, retira direitos básicos a uns cidadãos para, alegadamente,
dar direitos acrescidos e extraordinários a outros cidadãos, baseados na cor da
pele, sexo ou aquilo a que chamam de “orientação sexual”. Nesta linha está a
concessão de quotas de admissão, seja para o parlamento, seja no acesso a
universidades ou outro tipo de instituições, independentemente de critérios de
competência e de capacidade.
Enquanto que
o método de análise utilizado pelo Marxismo Econômico é baseado no Das
Kapital de Marx (economia coletivista marxista), o Marxismo Cultural
utiliza o desconstrucionismo filosófico e epistemológico explanado por
ideólogos marxistas como Jacques Derrida, que seguiu Martin Heidegger, que
bebeu muita coisa em Friederich Nietzsche.
O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende. Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional européia.
O Desconstrucionismo, em termos que toda a gente entenda, é um método através do qual se retira o significado de um texto para se colocar a seguir o sentido que se pretende para esse texto. Este método é aplicado não só em textos, mas também na retórica política e ideológica em geral. A desconstrução de um texto (ou de uma realidade histórica) permite que se elimine o seu significado, substituindo-o por aquilo que se pretende. Por exemplo, a análise desconstrucionista da Bíblia pode levar um marxista cultural a inferir que se trata de um livro dedicado à superioridade de uma raça e de um sexo sobre o outro sexo; ou a análise desconstrucionista das obras de Shakespeare, por parte de um marxista cultural, pode concluir que se tratam de obras misóginas que defendem a supressão da mulher; ou a análise politicamente correta dos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, levaria à conclusão de que se trata de uma obra colonialista, supremacista, machista e imperialista. Para o marxista cultural, a análise histórica resume-se tão só à análise da relação de poder entre grupos sociais.
O Desconstrucionismo é a chave do politicamente correto (ou marxismo cultural), porque é através dele que surge o relativismo moral como teoria filosófica, que defende a supressão da hierarquia de valores, constituindo-se assim, a antítese da Ética civilizacional européia.
António
Gramsci
Com a
revolução marxista russa, as expectativas dos marxistas europeus atingiram um
ponto alto. Esperava-se o mesmo tipo de revolução nos restantes países da
Europa. À medida que o tempo passava, os teóricos marxistas verificaram que a
expansão marxista não estava a ocorrer. Foi então que dois ideólogos marxistas
se dedicaram ao estudo do fenômeno da falha da expansão do comunismo marxista:
António Gramsci (Itália) e George Lukacs (Hungria).
Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura européia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do fracasso da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião. O mesmo conclui Lukacs.
Gramsci concluiu que os trabalhadores europeus nunca seriam servidos nos seus interesses de classe se não se libertassem da cultura européia – e particularmente da religião cristã. Para Gramsci, a razão do fracasso da expansão comunista marxista estava na cultura e na religião. O mesmo conclui Lukacs.
Em 1923, por
iniciativa de um filho de um homem de negócios riquíssimo de nacionalidade
alemã (Félix Veil), que disponibilizou rios de dinheiro para o efeito, criou-se
um grupo permanente (“think tank”) de estudos marxistas na Universidade de
Frankfurt. Foi aqui que se oficializou o nascimento do Politicamente Correto
(Marxismo Cultural), conhecido como “Instituto de Pesquisas Sociais” ou
simplesmente, Escola de Frankfurt – um núcleo de marxistas renegados e
desalinhados com o marxismo-leninismo.
Max Horkheimer
Em 1930,
passou a dirigir a Escola de Frankfurt um tal Max Horkheimer, outro marxista
ideologicamente desalinhado com Moscou e com o partido comunista alemão.
Horkheimer teve a idéia de se aproveitar das idéias de Freud, introduzindo-as
na agenda ideológica da Escola de Frankfurt; Horkheimer coloca assim a
tradicional estrutura socioeconômica marxista em segundo plano, e elege a
estrutura cultural como instrumento privilegiado de luta política. E foi aqui
que se consolidou o Politicamente Correto, tal como o conhecemos hoje, com
pequenas variações de adaptação aos tempos que se seguiram. Surgiu a Teoria
Crítica.
O que é a
Teoria Crítica? As associações financiadas pelo nosso Estado e com o nosso
dinheiro, em apoio ao ativismo gay, em apoio a organizações feministas
camufladas de “proteção à mulher”, e por aí fora – tudo isso faz parte da
Teoria Crítica do marxismo cultural, surgida da Escola de Frankfurt do tempo de
Max Horkheimer. A Teoria Crítica faz o sincretismo entre Marx e Freud, tenta a
síntese entre os dois (“a repressão de uma sociedade capitalista cria uma
condição freudiana generalizada de repressão individual”, e coisas do gênero).
No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura européia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.
No fundo, o que faz a Teoria Crítica? Critica. Só. Faz críticas. Critica a cultura européia; critica a religião; critica o homem; critica tudo. Só não fazem auto-crítica (nem convém). Não se tratam de críticas construtivas; destroem tudo, criticam de forma a demolir tudo e todos.
Marcuse
Por essa
altura, aderiram ao bando de Frankfurt dois senhores: Theodore Adorno e Herbert
Marcuse. Este último emigrou para os Estados Unidos com o advento do nazismo.
Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”. Marcuse defendeu o futuro da Humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.
Marcuse defendeu também, já nos anos trinta do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.
Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da Direita tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.
Foi Marcuse que introduziu no Politicamente Correto (ou marxismo cultural) um elemento importante: a sexualidade. Foi Marcuse que criou a frase “Make Love, Not War”. Marcuse defendeu o futuro da Humanidade como sendo uma sociedade da “perversidade polimórfica”, na linha das profecias de Nietzsche.
Marcuse defendeu também, já nos anos trinta do século passado, que a masculinidade e a feminilidade não eram diferenças sexuais essenciais, mas derivados de diferentes funções e papéis sociais; segundo Marcuse, não existem diferenças sexuais, senão como “diferenças construídas”.
Marcuse criou o conceito de “tolerância repressiva” – tudo o que viesse da Direita tinha que ser intolerado e reprimido pela violência, e tudo o que viesse da Esquerda tinha que ser tolerado e apoiado pelo Estado. Marcuse é o pai do Politicamente Correto moderno.
O sucesso de
expansão do Marxismo Cultural na opinião pública, em detrimento do Marxismo Econômico,
deve-se três razões simples: a primeira é que as teorias econômicas marxistas
são complicadas de entender pelo cidadão comum, enquanto que o tipo de dedução
primária do raciocínio PC, aliado à fantasia de um mundo ideal e sem defeitos,
é digno de se fazer entender pelo mentecapto mais empedernido. A segunda razão
é porque o Politicamente Correto critica por criticar, pratica a crítica
destrutiva até a exaustão – e sabemos que a adesão popular (da juventude, em
particular) a este tipo de escrutínio crítico é enorme. A terceira razão é que
o antropocentrismo do marxismo econômico falhou, como sistema social e econômico,
em todo o mundo; resta ao Marxismo a guerrilha cultural.
O que se
está a passar hoje na sociedade ocidental, não é muito diferente do que se
passou na União Soviética e na China, num passado recente. Assistimos ao
policiamento do pensamento, à censura das idéias, rumo a uma sociedade
totalitária.
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