domingo, 9 de outubro de 2011

As drogas não são inocentes na morte de Amy Winhouse

Acerca do comentário o Dr. Nery à morte de Amy Winhouse postado no link a seguir, respondi-lhe.

http://conversandocomnery.wordpress.com/2011/08/03/amy-winehouse-um-destino-inelutavel/#comment-175

Caro Dr. Nery,

Realmente as drogas não têm alma. Atribuir-lhes poderes que não tem é bem típico do humano. Concordo com vossa explanação até o ponto em que os seres humanos podem fazer suas escolhas e desta forma, escolher usar ou não.

O que o Senhor não coloca no seu ótimo texto é a ilustração de que inúmeros usuários perdem o controle sobre suas escolhas, perdem o controle sobre suas vidas. Talvez o Senhor queira colocar como que fazendo parte de um numero estatisticamente reduzidos em relação a população.

O caso da Amy, e o Senhor bem sabe, não era falta do desejo de parar de usar. Isso ela tinha tanto, que se submeteu a inúmeros tratamentos, pena que fracassaram.

O que ocorreu na vida da Amy é o que ocorre na vida de milhões de usuários que se transformaram em dependentes químicos em que perdem a capacidade de manter suas decisões.

Se neste seu texto retirarmos qualquer menção a drogas e substituirmos por “armas de fogo” provavelmente poderíamos atribuir que o problema está na pessoa que a porta e não no objeto. Pois bem, vejo que alguns objetos são mais propensos a gerar danos às pessoas. Se colocarmos que temos uma arma de fogo, um revolver com uma única bala no tambor e fossemos “brincar” de roleta russa, todos sabem o risco da tragédia. Mas o que leva pessoas a fazerem isso? Talvez a influencia do grupo, aliado as fortes emoções decorrentes da prática e talvez a um desejo de auto-afirmação, realmente não sei estou especulando. Mas voltemos a tal “bala na agulha” da roleta russa, que agora pode ser a relação do usuário com as drogas. O que fazer?

Assisti uma palestra do Senhor na qual disse que o ser humano ao descobrir sua finitude começou uma espécie de sofrimento, de angustia perante a morte e que se drogar era uma forma de sair um pouco desta dura realidade.

A droga (seja da boca-de-fumo seja da farmácia) perde a sua inocência quando se transforma em símbolo. O mesmo ocorre com a arma de fogo na mão de alguém, simbolicamente é o poder de vida ou morte que está ali. Não é possível inocentar as drogas quando estas se transformam em símbolos. Ninguém vai atrás de droga pela droga e sim pelo que ela representa.

Um abraço

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