segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Inversão retórica com desumanização



Um amigo postou o seguinte comentário no Facebook para a matéria que apece:

"Medonho ver 'personalidades políticas' como Jair Bolsonaro e Marco Feliciano conseguem manter-se no 'poder'."

Visita da Comissão da Verdade ao DOI-Codi tem bate-boca e agressão entre parlamentares

O deputado Jair Bolsonaro e o senador Randolfe Rodrigues 
batem boca em frente ao 1º Batalhão da Polícia do Exército, 
durante visita da Comissão Estadual da Verdade 
O Globo / Márcia Foletto


Respondi-lhe:
- Democracia é a convivência dos opostos. Se não for assim, volta-se para a ditadura ai todo mundo tem que ficar calado na marra. Mesmo não concordando com os pontos de vista da maioria, é melhor termos no país a condição de existência de Bolsonaros, Randolfes, Felicianos e Wyllis.

Meu amigo retrucou:
- (a)Civilidade deveria ser para todos os que almejam cargos públicos. Convivência civilizada não comporta determinados comportamentos. Não dá para colocar Jean Wyllys nesse balaio de Felicianos e Bolsonaros. Me poupe José Lamartine Neto, até você uma pessoa esclarecida defendendo esses tipinhos. Jean Wyllys tem um mandato que merece todo o respeito, pelo que defende e a forma como defende.

Outro que não conheço retrucou:
- (b)Democracia é a convivência com os opostos, não com a falta de respeito, truculência e cinismo. Colocar o Jean Wyllys nesse bolo me parece exercício de sofismo. A diferença é muito grande, em todos os níveis.

 Retomei com um comentário maio grosseiro
- J. Wyllys sozinho não se elegeria. E tem muita gente considera ele um tipinho.

Meu amigo, parece que ainda meio cego...
- Pois é (b), concordo com você. Figuras como "Bolsonaros" e "Felicianos" não sabem o que é democracia, direitos humanos, sequer sabem o que é civilidade na convivência de opostos. A falta de respeito, truculência e cinismo no discurso e ações desses sujeitos é o sinal de que seus argumentos e ideias fracassam. Mas insistem...

Um segundo amigo contribuiu:
- (c)Democracia é aceitar as diferenças, e discuti-las amplamente, apresenta-las em plenário, e aí sim submetê-las a uma consciência coletiva soberana.

Por fim acho que queria dizer isso
Querido amigo (a), existe aí dois tipos de estratégia embutidos nestes discursos repetidos de muitos dos grupos que são revolucionários, não de causas nobres. Ambos nos tiram do equilíbrio emocional, indispensável para uma análise mais sóbria. 

Uma delas, é a da inversão retórica já proposta por SunTzu cinco séculos antes de Cristo quando disse: "quando estiver fraco finja-se de forte; quando estiver forte finja-se de fraco". São fracos mesmo? Tem o discurso dos fracos, perseguidos, injustiçados, mas os fatos e os números contestam. 

A segunda estratégia é chamada de desumanização, uma forma de se criar um grupo “menos que humanos”. Ora, se nossa espécie é motivada a proteger uns aos outros, o que ocorre ao longo do tempo com estes tipos Felicianos e Bolsonaros se incutimos no público a noção de que os direitos básicos, válidos para todos, não valem para este grupo alvo, o grupo dos oponentes a qual eles pertencem? 

Aos judeus foi exatamente assim que aconteceu na Alemanha Nazista, quando muitos negaram direitos a eles que eram dados aos demais cidadãos, ou seja, uns tinham todos os direitos; os outros, somente o de serem exterminados, já que sua voz e seu grito aos poucos foi deixando de ser ouvido até tornar-se um grito surdo.


Todas as vozes são importantes. 

TODAS.

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