sábado, 27 de dezembro de 2014

A Cartilha de Antonio Gramsci (1891-1937)

Por Manoel Soriano Neto*
Jornal da Paulista - 16/09/13



Intelectual italiano e um dos fundadores do Partido Comunista Italiano (PCI) em 1921, percebeu que a implantação do comunismo nos países do Ocidente não deveria seguir o modelo russo (LENIN) do uso da violência para conquistar ou tomar o Estado, mas, sim, ao contrário, primeiro conquistar o Estado e depois, então, a aplicação da violência para finalizar o processo.
Nessa concepção, destaca-se o valor atribuído ao seu entendimento de Sociedade Civil como sendo o espaço social onde deve ocorrer a luta pela hegemonia, para que a classe subalterna passe a ser a Classe Dirigente.
Um grupo social da classe dirigente, assumindo o controle da Sociedade Política (Estado), permite que o partido da Classe Dirigente seja posicionado acima do Estado.

A manobra simples, lenta e gradual utiliza-se dos instrumentos legais e políticos da democracia para, de forma pacífica e sorrateira, minar e enfraquecer as principais trincheiras democráticas: Executivo, Legislativo, Judiciário, Forças Armadas, Religião e Família. Usando a propaganda subliminar, o populismo e a demagogia, as consciências são entorpecidas e é criada a sociedade massificada para a luta pela hegemonia.

O envolvimento estratégico também é simples e eficaz, conduzindo o processo em três fases:

- na primeira, organiza o Partido das Classes Subalternas e luta pela ampliação das franquias democráticas para facilitar a ação política, explorando as deficiências e vulnerabilidades do governo;

- na segunda, luta pela hegemonia das classes subalternas, criando as condições para a tomada do poder;

- na terceira fase, toma o poder, impondo novos valores e princípios através de uma nova ordem.

O «socialismo pacífico» é a etapa intermediária para o «socialismo marxista», o marxismo-leninismo, o comunismo...

Preso em 1926, escreveu na prisão «Cadernos do Cárcere» contendo o seu pensamento sobre a tomada do poder de forma pacífica. Foi libertado pouco antes de morrer em 1937.

O gramscismo contagiou países da Europa e, hoje, está transbordando na América do Sul.


A PENETRAÇÃO GRAMSCISTA NO BRASIL

 FINALIDADE

Criar as melhores condições para transformar o Brasil em uma República Socialista sob a inspiração de Antônio Gramsci.

OBJETIVOS

1. Obter a hegemonia na sociedade civil.

2. Obter a hegemonia na sociedade política ( Estado)

3. Estabelecer o domínio do intelectual coletivo (partido classe).

4. Silenciar os intelectuais independentes.


MÉTODO

Realizar a transformação intelectual e moral da sociedade pelo abandono de suas tradições, usos e costumes, mudando valores culturais de forma progressiva e contínua, introduzindo novos conceitos que, absorvidos pelas pessoas, criam o «senso comum modificado», gerando uma consciência homogênea construída com sutileza e sem aparente conteúdo ideológico, buscando a identificação com os anseios e necessidades não atendidas pelo poder público.

Assim é estabelecido o desejo de mudança em direção a um mundo novo, com a sociedade controlada através dos mecanismos de uma «democracia popular», onde os pensadores livres, temendo o rótulo de retrógrados ou alienados, se submetem a uma prisão sem grades calando a voz de divergência existente dentro de si e se deixam, assim, vencer pelo «senso comum modificado». Este prossegue intoxicando a sociedade, sob a égide do Estado, usado para reduzir e suprimir a capacidade de reação individual e coletiva.

Nesse momento, está construída a base para a «tomada do poder» e consequente implantação do Estado Socialista.

AÇÕES QUE ENFRAQUECEM TRINCHEIRAS DA DEMOCRACIA

I. PARTIDOS POLÍTICOS

• Estimular o número elevado de partidos para enfraquecer a oposição e facilitar a tática de «aliança», favorecendo o «partido classe».

• Manter a regionalização dos partidos; o controle por caciques ou oligarquias regionais afeta a unidade nacional, favorecendo o enfraquecimento dos partidos políticos de oposição e favorecendo o «partido classe», que possui «unidade de comando».

• Admitir a pluralidade de esquerda para ser bem explorada pelo «partido classe» por tempo determinado.

• Esvaziar as poucas lideranças da oposição através de patrulhamento e ataque (dossiê) direto ou indireto (parentes).

• Criar fatos novos para o esquecimento das mazelas de militantes do «partido classe» e aliados.

• Afastar ou mudar de cargo o militante com erro focado pela mídia de oposição, para a sua proteção e do «partido classe».

• Usar a «mídia da situação» para silenciar as mazelas dos militantes do «partido classe».

• Infiltrar militantes nos outros partidos para obter o seu controle e esvaziar os líderes de oposição, os neutros e os que não são adeptos do «partido classe».

II. EXECUTIVO

• Criar aparelhos governamentais de coerção.

• Distribuir cargos em órgãos e empresas públicas para militantes do partido-classe e seus aliados, em todos os níveis da administração (federal, estadual e municipal), (aparelhar o Estado).

• Criar uma estrutura policial que possa ser transformada em Guarda Nacional ou Guarda Pessoal ou em Polícia Política (Polícia Federal, Força Nacional) para emprego imediato, quando chegar o momento oportuno.

• Ampliar o «curral eleitoral» usando o assistencialismo como fim e não como meio, mantendo o benefício por tempo indeterminado.

• Manter o «curral eleitoral» através de um sistema de ensino, controlando o baixo nível de aprendizagem e desenvolvimento da inteligência.

• Silenciar a imprensa através de emprego da verba pública destinada à propaganda, mantendo a população sem informação correta.

• Neutralizar políticos de oposição e aliados através de distribuição de dinheiro, cargo público ou qualquer outro tipo de benefício pessoal ou familiar.

• Criar ou fortalecer um organismo sul americano para diminuir a importância da OEA (EUA).

• Participar de um bloco sul americano de repúblicas socialistas democráticas.

• Facilitar a penetração cultural e a projeção dos intelectuais orgânicos.

• Denegrir heróis nacionais.

• Enaltecer militantes da ideologia marxista.

• Desmerecer fatos e vultos marcantes da História Nacional.

• Impedir a tomada da Consciência Nacional.

• Entorpecer a Vontade Nacional.

• Eliminar valores do processo histórico-cultural nacional.

• Mudar usos e costumes.

• Enfraquecer o moral nacional.

• Mudar traços da identidade nacional.

• Mudar valores e princípios ético-morais.

• Enfraquecer a família.

• Enfraquecer a coesão-nacional.

• Lançar a discórdia no seio da população.

• Desviar o foco dos debates em torno de questões relevantes em áreas estratégicas (saúde, educação, segurança, defesa, etc), isentando o Governo de responsabilidade pelas deficiências e vulnerabilidades.

• Estabelecer um poder paralelo ao do Estado (Conselho de Política Externa, Comissão de Direitos Humanos, etc).

• Alimentar as ONGs com o dinheiro público e estimular outras para atuarem na sociedade civil, apoiando direta ou indiretamente a luta pela sua hegemonia.


III. LEGISLATIVO

• Eleger militantes do Partido-Classe.

• Unir temporariamente os partidos de mesma ideologia.

• Fazer alianças com partidos de ideologia oposta.

• Desmoralizar o Legislativo, mantendo privilégios, barganhas e a falta de espírito público.

• Criar leis para dar o respaldo às mudanças de usos, costumes e valores da nacionalidade brasileira.

• Obter o controle do Legislativo para conquistar o domínio da sociedade política (Estado), através do Partido-Classe.

• Enfraquecer o Legislativo como fiscal do Executivo.

• Submeter o Estado ao controle do Partido-Classe.


IV. JUDICIÁRIO


• Retardar ou impedir a modernização da estrutura do judiciário.

• Retardar ou impedir o aperfeiçoamento do funcionamento do judiciário.

• Estimular o corporativismo extremado na magistratura.

• Manter o magistrado afastado do povo e das suas necessidades.

• Difundir na sociedade civil as ideias de parcialidade, ineficiência e improbidade do judiciário.

• Desacreditar o judiciário perante as classes subalternas, explorando a lentidão funcional e a corrupção e privilégios dos magistrados como funcionários públicos.

• Aparelhar o judiciário.


V. ESCOLA

• Usar as universidades como refúgio ideológico.

• Buscar a hegemonia nos meios intelectuais.

• Construir nova massa de manobra, usando as universidades, a mídia e as editoras.

• Criar a geração revolucionária nas escolas do ensino médio.

• Usar professores da nova massa de manobra no ensino básico (fundamental e médio).

• Fortalecer o controle do sistema de ensino que não ensina a pensar, através do MEC.

• Apagar a memória do povo reescrevendo a história do Brasil para fatos e vultos nacionais relevantes.

• Mudar valores e princípios ético-morais (professores homossexuais no ensino médio e fundamental, alterando a estrutura familiar).

• Enfraquecer a vontade nacional.

• Transformar a consciência nacional em consciência do partido político.

• Controlar escolas e universidades particulares através de sindicatos e com uma reforma universitária.


VI. FORÇAS ARMADAS


• Enfraquecer a união dos militares, afastando os militares da ativa dos militares inativos.

• Enfraquecer o «espírito de corpo», separando os oficiais generais da tropa.

• Introduzir, a curto prazo, o uso de drogas entre os militares.

• Disseminar, a médio prazo, o homossexualismo entre os militares.

• Preparar, a longo prazo, as gerações de chefes militares que servirão ao governo, e não à pátria, modificando a grade curricular das escolas de formação.

• Enfraquecer a credibilidade e a confiança da população nas forças armadas.

• Desestimular profissionalmente os militares que servem à pátria e não ao governo.

• Criar o ambiente em que os oficiais terão apenas a visão da expressão militar e não de todo o poder nacional.

• Enfraquecer o «espírito combativo», de fundamental importância no confronto bélico.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O pensamento de Gramsci está sendo aplicado de forma dissimulada e protegida pelas franquias da democracia, tornando difícil a sua identificação.

Conhecendo o pensamento de Gramsci, as técnicas para a sua aplicação e com uma análise paciente e detalhada da conjuntura nacional, chega a ser surpreendente a infiltração do marxismo–gramscismo na sociedade brasileira.

Encontrando Gramsci, a decisão sobre o que e como fazer é do descobridor.

Já é hora de deixarem de lutar por ideologias importadas, inadequadas às características do brasileiro, que atendem a interesses estrangeiros ao dificultarem o progresso do nosso país.

*Historiador Militar Membro da AHIMTB - msorianoneto@hotmail.com




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