Entenda como os regimes socialistas perseguiram homossexuais no último
século
Foi
no dia dezoito de dezembro de 1950, há pouco mais de um ano do nascimento da
República Popular da China, e após duas décadas de uma guerra civil amarga e
sangrenta, que Mao Tsé Tung – o homem que faria Adolf Hitler parecer um
coroinha indefeso – declarou aquela que viria a ser talvez a melhor definição
de sua ideologia:
“Comunismo
não é amor, comunismo é um martelo com o qual se golpeia o inimigo.”
De
todas as formas e cores que o amor poderia se manifestar, apenas uma seria
aceita pelo regime vermelho. Gays se tornariam inimigos e seriam golpeados
em campos de concentração na China, União Soviética, Albânia, Sibéria,
Cazaquistão, Bulgária e Hungria. Na Romênia, a orientação oficial de
Ceausescu para a Securitate era a de, em caso de
homossexuais flagrados fazendo sexo, o devido espancamento ou execução no local
como exemplo público. Quase todos os estados comunistas baniram associações
políticas e comunitárias de gays e lésbicas, impedindo a publicação de material
LGBT. Gays e lésbicas foram constantemente denunciados, perseguidos, demitidos,
presos, humilhados, censurados, deportados, castrados e executados em quase
todos os países em que a esquerda promoveu seus regimes totalitários ao longo
do último século.
Por
onde o socialismo passava, o discurso de que a homossexualidade era uma prática
burguesa se repetia. Lenin foi taxativo para a jornalista alemã Clara Zetkin:
“Parece-me
que esta superabundância de teorias sobre sexo brota do desejo de justificar a
própria vida sexual anormal ou excessiva do indivíduo ante a moralidade
burguesa e reivindicar tolerância para consigo. Não importa quão rebeldes e
revolucionárias aparentam ser; essas teorias, em última análise, são
completamente burguesas. Não há lugar para elas no partido, na consciência de
classe e na luta proletária.”
Em
Cuba não foi diferente. Em 1965, seis anos após tomar o poder na ilha, Fidel declarou ao jornalista norte-americano Lee Lockwood:
“Nunca
acreditei que um homossexual pudesse encarnar as condições e requisitos de
conduta que nos permite considerá-lo um verdadeiro revolucionário, um
verdadeiro comunista. Um desvio de sua natureza se choca com o conceito que
temos do que um comunista militante deve ser.”
No
mesmo ano, ao lado de Che Guevara, ele criaria as “Unidades Militares de
Ayuda a la Producción” –
que no outro lado do mundo atendia pelo carinhoso nome de Gulag – acampamentos de trabalho agrícola com cercas de 4 metros de
arame farpado, onde homossexuais e outros indivíduos contra-revolucionários
realizariam trabalho forçado nos canaviais, dedicando suadas 16 horas de labuta
para sustentar a bigodagem revolucionária, em condições tão degradantes quanto
as encontradas nas concentrações nazistas – onde os gays também sofriam nas
mãos do coletivismo, marcados por um triângulo rosa.
Penteados
extravagantes, calças apertadas, camisas coloridas e “maneirismos efeminados” eram vistos como uma afronta ao estado cubano, ainda que as práticas privadas não
fossem vistas como um tormento à revolução – a condenação residia na exibição
pública da homossexualidade, no cubano que ousava se comportar nas ruas como um
indivíduo livre, no gay que desafiava a formação do “novo homem” que o regime
promovia.
Em
1971, a resolução do Primer Congreso Nacional de Educación y Cultura era taxativa:
“Os
desvios homossexuais representam uma patologia anti-social, não admitindo de
forma alguma suas manifestações, nem sua propagação, estabelecendo como medidas
preventivas o afastamento de reconhecidos homossexuais artistas e intelectuais
do convívio com a juventude, impedindo gays, lésbicas e travestis de
representarem artisticamente Cuba em festivais no exterior.”
Com
a decisão, um homossexual não poderia sequer exercer a profissão de professor.
Inúmeros artistas e escritores foram perseguidos pelo regime por serem gays,
como Virgílio Piñera, Reinaldo Arenas, Lezama Lima, Anton Arrulaf, Ana Maria
Simo. Em 1967, em conversas com o escritor espanhol Juan Goytisolo, Piñera dizia calcular que houvessem
mais de 60 mil gays presos pela ditadura. O trabalho de Piñera seria
completamente censurado em Cuba. O próprio Che Guevara, ao encontrar sua obra Teatro
Completo na Biblioteca da Embaixada Cubana em Argel,
jogaria o livro na parede, conclamando: “como vocês têm na nossa
embaixada o livro de um ‘pajaro maricon’? (o equivalente cubano para
viado)”.
“Eu tenho medo, muito medo, muitíssimo medo. Na verdade, eu acho que
estou morrendo de medo. Sim, estou quase morto. Mas também estou certo de que
se não fosse o medo eu não estaria quase morto, mas completamente morto. Quer
dizer, eu teria me matado, porque o medo é a única coisa que nos mantém vivos…” –
Reinaldo Arenas, escritor cubano
Quando,
em 1980, Fidel resolveu abrir as contendas do porto de Mariel, deixando mais de 125 mil pessoas
abandonarem a ilha, boa parte da considerada escória cubana – os criminosos e
os presos comuns, os deficientes mentais e os homossexuais – seguiram o mesmo
caminho. A América – terra da livre associação, onde se permitiria a criação de
um comércio e de uma cultura gay, onde gays e lésbicas se tornariam estrelas do
cinema e da tv, e venderiam milhões de cópias de discos, onde gays e lésbicas
escreveriam livros e manifestos que ditariam a pauta para a libertação de
outros incontáveis gays e lésbicas ao redor do mundo – seria o novo reino da
plebe gay cubana.
Evidentemente
a perseguição aos gays não é uma invenção do socialismo e tampouco foi
completamente sanada pelo advento do capitalismo, ainda que a violência contra
homossexuais tenha diminuído drasticamente em todo mundo desde então. Gays e
lésbicas viviam à margem da sociedade cubana pré-revolucionária e a própria
homossexualidade, até metade do último século, era crime em diversos países
ocidentais – embora o ímpeto inquisidor fosse incomparável em relação aos
países socialistas. Mas foram nas democracias liberais – onde a liberdade
individual é um bem sagrado – que a libertação de gays e lésbicas, bissexuais,
travestis, transexuais e transgêneros se tornou uma realidade, não sem duros
golpes. Em contrapartida, acompanhando o fenômeno proporcionado pela religião,
e sendo o outro lado da moeda, países com históricos comunistas, quando
permitem a prática homossexual, tendem a ser culturalmente mais homofóbicos.
Na
atual Rússia – onde a Parada Gay está proibida de ser realizada pelos próximos 98 anos – segundo uma pesquisa do instituto Vtsiom, 88% da população apoia a proibição da
propaganda homossexual e 54% acredita que a homossexualidade deve ser punida. Na China, o Partido Comunista qualificou todos os
homossexuais como contra-revolucionários e doentes mentais, fato que perdurou
até o início desse século, e boicota a temática gay na mídia. Na Coreia do
Norte ainda há campos de concentração para homossexuais.
Indivíduos cantam, dançam, representam, correm, pulam, brincam, transam. Indivíduos se associam livremente com outros indivíduos, para
fins que eles mesmos escolhem. A liberdade individual é indissociável da defesa
do individualismo. E o individualismo, como dizia Hayek, “não parte do pressuposto de que o
homem seja egoísta ou deva sê-lo, como muitas vezes se afirma; parte apenas do
fato incontestável de que os limites dos nossos poderes de imaginação nos
impedem de incluir em nossa escala de valores mais que uma parcela das
necessidades da sociedade inteira; e como, em sentido estrito, tal escala só
pode existir na mente de cada um, segue-se que só existem escalas parciais de
valores, as quais são inevitavelmente distintas entre si e mesmo conflitantes.
Daí concluem os individualistas que se deve permitir ao indivíduo, dentro de
certos limites, seguir seus próprios valores e preferências em vez dos de
outrem; e que, nesse contexto, o sistema de objetivos do indivíduo deve ser
soberano, não estando sujeito aos ditames alheios. É esse reconhecimento do
indivíduo como juiz supremo dos próprios objetivos, é a convicção de que suas
ideias deveriam governar-lhe tanto quanto possível a conduta, que constitui a
essência da visão individualista”.
Em
contrapartida, citando Mises, “nenhuma pessoa inteligente deixaria
de perceber que o que socialistas, comunistas e planejadores almejavam era a
mais radical abolição da liberdade dos indivíduos e a instalação da onipotência
do governo. Não obstante, a grande maioria dos intelectuais socialistas estava
convencida de que, ao lutar pelo socialismo, lutava pela liberdade. Eles se
denominaram ala esquerda e democratas e, hoje em dia, reivindicam até o
adjetivo “liberal”. Hoje em dia, os defensores do socialismo são forçados a
distorcer os fatos e a deturpar o verdadeiro significado das palavras quando
pretendem fazer com que as pessoas acreditem na compatibilidade do socialismo
com a liberdade.”
Socialismo
é escravidão. O amor, amparado no seio libertário da tolerância a
indivíduos pacíficos de todas as formas e cores, definitivamente não é
vermelho.
Fonte - http://spotniks.com/o-amor-nao-e-vermelho/
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