terça-feira, 19 de julho de 2016

CHESTERTON E A CORAGEM DE BUSCAR OS ANTIGOS IDEAIS - Rodrigo Gurgel

A seguir, coloco um trecho do prefácio que escrevi para O que há de errado com o mundo, de G. K. Chesterton, editado pela Ecclesiae.


Chesterton refutava o conjunto de opiniões que pretendia se impor como natural ou necessário. Um de seus primeiros cuidados em O que há de errado com o mundo é denunciar o poder do “grande preconceito impessoal” do mundo moderno, contrapondo-lhe “uma sanidade mental de aço e uma firme resolução de não dar ouvidos aos modismos”. Contra o caráter efêmero das ideias que via espocar em cada esquina, Chesterton retorquia com uma proposta até hoje ousada, a de buscar a dignidade escondida no passado: A mente moderna vê-se forçada na direção do futuro pela sensação de fadiga – não isenta de terror – com que contempla o passado. Ela é propelida para o futuro. Para usar uma expressão popular, é arremessada para meados da semana que vem. E a espora que a impulsiona avidamente não é uma afeição genuína pela futuridade, pois a futuridade não existe, pois que ainda é futura. É antes um medo do passado: um medo não só do mal que há no passado, senão também do bem que há nele. O cérebro entra em colapso ante a insuportável virtude da humanidade. Houve tantas fés flamejantes que não podemos suportar; houve heroísmos tão severos que não somos capazes de imitar; empregaram-se esforços tão grandes na construção de edifícios monumentais ou na busca da glória militar que nos parecem a um tempo sublimes e patéticos. O futuro é um refúgio onde nos escondemos da competição feroz de nossos antepassados. São as gerações passadas, não as futuras, que vêm bater à nossa porta. O texto chestertoniano está repleto de trechos assim, nos quais a verdade é anunciada com eloquência comovedora. Ele nos arrebata porque, no fundo de nossas mentes corrompidas pelas ideologias, sabemos o quanto seu pensamento está certo: “Os homens inventaram novos ideais porque não se atrevem a buscar os antigos. Olham com entusiasmo para a frente porque têm medo de olhar para trás”. Esperanças baseadas em sofismas, as promessas dos ideólogos são balões de ar que explodem em contato com a pressão da realidade. “O futuro é uma parede branca na qual cada homem pode escrever seu próprio nome tão grande quanto queira”, diz Chesterton, mas “o passado já está abarrotado de rabiscos ilegíveis de nomes como Platão, Isaías, Shakespeare, Michelangelo, Napoleão”. O texto integral do prefácio está aqui: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/13976-o-que-falta-ao-nosso-tempo.html


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