quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A Pobreza é Mesmo a Causa da Criminalidade? (por Felipe Lomboni)




Até que ponto os fatores externos condicionam ou até determinam a ação humana? Seria a pobreza a causa real de toda a miséria moral? Theodore Dalrymple, pseudônimo do médico psiquiatra Anthony Daniels, viu de perto a realidade das classes baixas da Inglaterra, chegando a atuar em hospitais públicos e presídios.  Sua experiência no trato com viciados, assaltantes, moradores de rua e jovens mulheres constantemente agredidas pelos maridos nos mostram que a pobreza moral somada a uma máscara ideológica que visa amenizar a responsabilidade individual tem maior fator determinante do que a quantidade de bens que se possui.

Se observarmos mais de perto o fenômeno das conversões evangélicas que ocorrem nas favelas do Rio de Janeiro, por exemplo, veríamos que boa parte dos que antes traficavam drogas e praticavam furtos sob a desculpa de que era a única saída que a vida lhes dera, abandonaram completamente estes meios de enriquecimento fácil. Tais pessoas continuam pobres, continuam habitando a mesma região, mas a percepção deles mesmos em relação à sociedade  e dos fatores que os condicionam foi alterada. Grande parte dos pobres, e dos ricos também, não ousariam praticar furtos ou traficar substâncias por medo da lei, da imagem que sustentam diante da comunidade em torno ou dos próprios valores morais. Já o fora da lei, sempre o teremos. E não importa a posição que ocupe na sociedade.

No Brasil, vemos que as condições não são tão diferentes quanto à Inglaterra de Dalrymple. Apesar da propaganda do atual governo mencionar que a miséria tenha sido erradicada entre nós e que o país esteja mais rico, os índices de violência crescem como nunca antes observado na história. Há um completo descompasso entre riqueza material e espiritual. O Wellfare-State inglês fazia de tudo para garantir os “direitos” inalienável dos mais pobres, como moradia, automóvel, pensão e até mesmo garrafas de Scotch, mas mascarava os dados que evidenciam o aumento da violência, sobretudo nos bairros mais...pobres.

“Homens”, diz Dalrymple, “pensam, e o conteúdo daquilo que pensam determina em grande parte o curso de suas vidas”[1]. É a refutação de uma máxima marxista infinitamente perniciosa que tem corrompido a vida intelectual ao afirmar que não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas é o seu ser social que determina a consciência. Longe de ser uma mera descrição do porquê alguns escolhem uma vida de crimes, o discurso progressista de que a pobreza determina a conduta individual acaba incentivando que mentes fracas – e como o mundo sempre foi cheio delas! – transfira a culpa pessoal para algum tipo de entidade abstrata, como “o sistema capitalista”,  “a sociedade patriarcal”, “a igreja” e etc.  Se o indivíduo não existe enquanto agente de suas próprias deliberações, só resta uma massa amorfa a arcar com a responsabilidade.

No Brasil, esse  pensamento está enraizado em universidades, redações de jornais e programas de TV, e teve o seu auge quando intelectuais de esquerda aplaudiram o lançamento do livro Um Contra Mil, de William de Lima da Silva, que nada mais era que um verdadeiro tratado sociológico de como o crime era uma reação legítima contra uma sociedade injusta. Que William fosse mais conhecido como “O Professor” –  líder do Comando Vermelho – não é informação relevante a esta altura.

A esquerda brasileira, após ter ajudado direta e indiretamente a elevar o nível da criminalidade no país, tenta posar como guardiã da liberdade e do progresso, com soluções para problemas que ela mesma inventou.  Inventou e, assim como o banditismo urbano, se recusa a assumir a culpa. Talvez a esquerda gramsciana por aqui só dure até o início do verdadeiro estado de terror,  quando será absorvida – ou fuzilada – pelos velhos revolucionários stalinistas. Deixar o banditismo à solta não visa acabar com a truculência dos órgãos de segurança contra pobres que não tiveram outra escolha a não ser a vida do crime, mas tão somente levar a população a clamar pelo policiamento ostensivo, até mesmo contra seus direitos mais básicos.  Como Lênin dizia, “a burguesia tece a corda com que será enforcada”, mas no nosso caso, negando a realidade de que são espíritos de porco que materializam o chiqueiro, ou seja, que indivíduos e não entidades abstratas é que praticam ações, a corda é o discurso bem visto de que os chiqueiros é que fazem os porcos.


1. Dalrymple, Theodore - Vida Na Sarjeta, pag. 144, É Realizações(2014)




Por Felipe Lomboni

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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Ele Salvou 669 Crianças da Morte Durante a 2ª Guerra


Ele Salvou 669 Crianças da Morte Durante a 2ª Guerra e Não Sabia Que Elas Estavam Sentadas ao Lado Dele.


Sir Nicholas Winton é um britânico que organizou o resgate de 669 crianças judias na antiga Tchecoslováquia, salvando-as da morte certa nos campos de concentração nazistas antes do início da Segunda Guerra Mundial.

O seu ato de heroísmo foi mantido em segredo até que, certo dia, a sua esposa encontrou no sótão um álbum com as fotografias das crianças salvas.

O vídeo da reportagem do Fantástico, exibido em 2007, mostra ele recebendo uma homenagem emocionante em um programa de TV inglês. Ele não sabia que as pessoas que estavam sentadas ao lado dele, eram as crianças que ele salvou.



Hoje com 105 anos, aproximadamente 6.000 pessoas lhe devem a vida, as que ele salvou e os seus descendentes. No dia 28 de outubro de 2014, ele foi condecorado com a Ordem do Leão Branco.

Esse garotinho deve a vida a ele, neto de uma das crianças que o Sir Nicholas ajudou a salvar.


Algumas das crianças que chegaram salvas em Southampton.

Nicholas Winton segurando uma das crianças que salvou.

Fonte: dailymail

Sir Nicholas Winton não se considera um herói. Segundo ele:

"O que eu fiz foi algo que os outros achavam que era impossível, mas eu tinha de tentar para ver se era possível ou não. Não é um ato heroico. O meu lema é: se algo não é obviamente impossível, então deve haver uma maneira de o fazer."




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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A desigualdade da distribuição da renda e o luxo dos ricos - por Ludwig von Mises

Ludwig von Mises escreveu este pequeno e elucidativo texto sobre a função dos bens de luxo.


"A desigualdade da distribuição da renda, contudo, tem ainda uma segunda função tão importante [..] : torna possível o luxo dos ricos.

Muitas bobagens se têm dito e escrito sobre o luxo. Contra o consumo dos bens de luxo tem sido posta a objeção de que é injusto que alguns gozem da enorme abundância, enquanto outros estão na penúria. Este argumento parece ter algum mérito. Mas apenas aparenta tê-lo. Pois, se demonstrarmos que o consumo de bens de luxo executa uma função útil no sistema de cooperação social, este argumento será, então, invalidado. É isto, portanto, o que procuraremos demonstrar.


A defesa do consumo de luxo não deve, naturalmente, ser feita com o argumento que se ouve algumas vezes, a saber: que esse tipo de consumo distribui dinheiro entre as pessoas. Se os ricos não se permitissem usufruir do luxo, assim se diz, o pobre não teria renda. Isto é uma bobagem, pois se não houvesse o consumo de bens de luxo, o capital e o trabalho neles empregados teriam sido aplicados à produção de outros bens: artigos de consumo de massa, artigos necessários, e não "supérfluos".

Para formar um conceito correto do significado social do consumo de luxo é necessário, acima de tudo, compreender que o conceito de luxo é inteiramente relativo. Luxo consiste em um modo de vida de alguém que se coloca em total contraste com o da grande massa de seus contemporâneos. O conceito de luxo é, por conseguinte, essencialmente histórico.

Muitas das coisas que nos parecem constituir necessidades hoje em dia foram, alguma vez, consideradas coisas de luxo. Quando, na Idade Média, uma senhora da aristocracia bizantina, casada com um doge veneziano, fazia uso de um objeto de ouro que poderia ser chamado de precursor do garfo em vez de utilizar seus próprios dedos para alimentar-se, os venezianos o considerariam um luxo ímpio, e considerariam muito justo se essa senhora fosse acometida de uma terrível doença. Isto devia ser, assim supunham, uma punição bem merecida, vinda de Deus, por esta extravagância antinatural.

Em meados do século XIX, considerava-se um luxo ter um banheiro dentro de casa, mesmo na Inglaterra. Hoje, a casa de todo trabalhador inglês, do melhor tipo, contém um. Ao final do século XIX, não havia automóveis; no início do século XX, a posse de um desses veículos era sinal de um modo de vida particularmente luxuoso. Hoje, até um operário possui o seu. Este é o curso da história econômica. O luxo de hoje é a necessidade de amanhã. Cada avanço, primeiro, surge como um luxo de poucos ricos, para, daí a pouco, tornar-se uma necessidade por todos julgada indispensável. O consumo de luxo dá à indústria o estímulo para descobrir e introduzir novas coisas. É um dos fatores dinâmicos da nossa economia. A ele devemos as progressivas inovações, por meio das quais o padrão de vida de todos os estratos da população se tem elevado gradativamente.

Havia um tempo em que somente os ricos podiam se dar ao luxo de visitar países estrangeiros. Schiller nunca viu as montanhas suíças que tornou célebres em William Tell, embora fizessem fronteira com sua terra natal, situada na Suábia. Goethe não conheceu Paris, nem Viena, nem Londres. Hoje, milhares de pessoas viajam por toda parte e, em breve, milhões farão o mesmo."



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