quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Nossa ética está comprometida

Hoje ouvi de uma profissional das leis e funcionária publica competente, que cuida da área de ética, que neste partido do governo, existe uma pessoa que ela é fã: o José Dirceu, pelos métodos que empregou.


Tentei contra-argumentar que os métodos dele são de corrupção ativa e passiva, ou seja, a mesma coisa que ela combate, mas sem sucesso.


O que percebi é que o fim justifica os meios sejam éticos ou não.


Dá pra perceber o quanto nossos valores e nossa ética está comprometida???


Lamartine


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A CARROÇA

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me para dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.

Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo - disse meu pai - e uma carroça vazia.

Perguntei a ele:

- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora - respondeu meu pai - é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grosseria inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar ser a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...!



sábado, 23 de outubro de 2010

Poema DA MENTE

de Affonso Romano de Sant`Anna


Há um presidente que mente,

Mente de corpo e alma, completa/mente.


E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sincera/mente,

Mais que mente, sobretudo, impune/mente...


Indecente/mente.
E mente tão nacional/mente,

Que acha que, mentindo história afora,

Vai nos enganar eterna/mente.



Carta para o Chico Buarque por José Danon



Estado de São Paulo - 11/08/2010



Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.

Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou mal sucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,

Zé Danon.

*José Danon é economista e consultor de empresas.




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Só me resta uma alternativa

Meus caros e minhas caras, boa noite

Ultimamente, pouco tenho observado nossa intranet. Fico feliz com umas coisas, entristecido com outras, mas permanentemente fico me perguntando até onde vai nossa influencia como professor (ou servidor público) sobre este sujeito em formação que é o aluno.

Fazer escolhas é algo sublime,é um atributo individual e intransferível que se serve da memória, do discernimento, da capacidade de julgamento, dentre vários outros atributos cognitivos e emocionais.

O quanto estamos “ajudando” nossos alunos a fazerem suas escolhas? Ou serão as nossas escolhas que eles fazem? E me pergunto se isso é certo, se é ético.

É obvio que questiono se isso é democracia, isso que induz, seduz, manipula, mente, engana, omite, distorce verdades (em que cada um tem a sua), neste cenário de campanha presidencial por todos os candidatos? E no nosso cotidiano?

Dentro desta linha gramscista de infiltração (comunista) nas instituições brasileiras, provavelmente iniciada com a formação dos alunos nas Universidades por volta da década de 1960, ampliou-se nas décadas seguintes e hoje, estes ex-alunos ocupam diversas funções em todos os setores da sociedade, são os “intelectuais orgânicos” de Antonio Gramsci. Como resultado, o conseqüente aparelhamento ideológico da máquina pública, assim como dos movimentos sociais, empresas de capital misto, sindicatos, etc.


O que vemos ocorrer hoje em nossa instituição, de forma escancarada e sem a menor vergonha, é fruto também deste processo. Veja que tem alguns de nossos colegas que não tem nem mais o pudor de resguardarem suas funções institucionais. Usam-nas nos comunicados pessoais, confundindo a vida pública com a vida privada, em outras palavras, confunde-se o servidor publico – representante do estado – com o cidadão – pessoa física.

Só me resta uma alternativa: me render aos fatos e somar coro com a massa de pseudos “qualquer coisa”. Mais antes gostaria de deixar como contribuição algumas informações em forma de vídeos para apreciação da turma (ou turba?).

O primeiro é uma entrevista em que Ciro Gomes elogia Lula, Dilma, Temer, o PT e o PMDB. Não percam! Era na época em que ele coordenava a campanha da Sra. Dilma!





O próximo, ou melhor, os próximos são muito esclarecedores e atualíssimos com o tema Aborto: Sim, não ou muito pelo contrário? Na verdade não é nem tanto pelo aborto em si, mas, pela firmeza, convicção, determinação, equilíbrio da estrela deste vídeo. Vale a pena ver os dois.



Na seqüência uma singela história que o PT lamentavelmente não mostra na TV. É interessante ler os comentários dos internautas solidarizados com os protagonistas. É muito lindo.




Por fim temos um vídeo de um deputado federal (meio doido, só pode) que fala tantas mentiras que é difícil de acreditar. Fiquei impressionado com a capacidade e eloqüência do mesmo. Tem a participação especial de Franklin Martins, Hugo Chaves, e outras estrelas do momento. Também uma boa pedida. Mas no final acho que ninguém acredita não é mesmo?


Mas no final acho que ninguém acredita, não é mesmo?


Abraços a todos (e todas)


Lamartine


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Psicologia das massas por JOEL BIRMAN


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Hugo Chávez e Evo Morales atualizam na América Latina uso político do cidadão, estudado por Freud

JOEL BIRMAN*
ESPECIAL PARA A FOLHA
São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006
Nos anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra – quando os horrores do nazismo estavam ainda presentes no imaginário coletivo principalmente com o Holocausto e com a biopolítica empreendida pelo nacional-socialismo –, Adorno realizou uma pesquisa de grande envergadura sobre a personalidade autoritária, ainda nos tempos do seu exílio americano. Entre as muitas coisas aqui levantadas, se destacava algo inédito, qual seja, a relação entre autoritarismo e sociologia política.

O vazio do poder será preenchido
por um líder carismático, versão de
um novo Deus e de um Pai onipotente

O que foi surpreendente na época foi a evidência de que a dita personalidade não tinha nenhuma afinidade eletiva com uma ideologia, podendo aquela aderir seja a discursos de direita ou de esquerda. Vale dizer, existiria o autoritarismo declinado tanto com o discurso conservador quanto com o socialista.

Assim, das denúncias de Kruschov sobre os crimes de Stálin até a malfadada revolução cultural empreendida pelo "Livro Vermelho" de Mao Tse-tung, passando pelo destino funesto dos diversos regimes africanos que realizaram as revoluções anticoloniais, a lista do autoritarismo de esquerda é tão longa quanto a da direita. O que me importa aqui ressaltar, no entanto, é o que se encontra subjacente no imaginário desses discursos autoritários e de que maneira as massas são levadas de roldão pela sedução desses discursos.

O pensamento de Freud, 150 anos após o seu nascimento, pode talvez nos ajudar nessa empreitada e indicar assim a sua atualidade.

Digo isso, porque assistimos hoje a uma disseminação de lideranças autoritárias, cujos discursos nacionalistas e supostamente antiimperialistas têm o dom ainda de fascinar as massas. De Hugo Chávez, na Venezuela, a Evo Morales, na Bolívia, a mesma retórica se tece em torno da defesa dos descamisados e dos interesses nacionais. O discurso populista teve em Vargas, no Brasil, e em Perón, na Argentina, dois forjadores dessa tradição latino-americana.

Collor ensaiou essa retórica, mas quebrou a cara e foi defenestrado do poder. Garotinho gaguejou também esse discurso e está encenando a comédia de morrer de fome pela sua sofreguidão pelo poder. Chávez e Morales se filiam a essa mesma tradição, procurando manipular os despossuídos em torno do ideário nacionalista, visando a harmonizá-los com a nação e a pátria amada, para lhes oferecer um troco para a sua auto-estima esculhambada.
O que significa isso? Que essa modalidade de liderança e discurso se apresenta por meio de uma figura paterna onipotente, que seria capaz de proteger os humilhados e ofendidos de seu desamparo secular.

Epopéia maniqueísta
Assim, o discurso se transforma numa epopéia maniqueísta, de tonalidade moralista, de retorno ao paraíso perdido do início do século 19, quando se empreenderam as lutas contra o jugo colonial. O projeto bolivariano de Chávez nos revela bem isso. O que se promete, porém, é que o pai da nação vai refundar o povo e o Estado, contra os vilões da pátria ultrajada e da terra arrasada.

Esse discurso não é novo na modernidade. Marx, no "Dezoito Brumário de Luís Bonaparte", já ironizava isso, enunciando a famosa tese de que a história se repete, inicialmente como tragédia e depois como farsa. Foi isso que foi encenado na Alemanha e na Itália, com a crise produzida após o fim da Primeira Guerra, dando ensejo à emergência do nazismo e do fascismo.

Na mesma onda, tanto Jean-Marie Le Pen quanto Nicolas Sarkozy estimulam hoje a xenofobia francesa contra os imigrantes, como resposta oportunista ao desamparo provocado pelo desemprego crescente, oriundo da globalização.

No que tange à nacionalização das reservas de gás e de petróleo, realizada na segunda passada por Evo Morales, na Bolívia, o que está já em pauta é o seu desgaste perante as massas –aprometeu mais do que podia cumprir durante a campanha presidencial –, talvez na iminência da convocação da Assembléia Constituinte. Diante da possibilidade de perda dessa próxima eleição, nada melhor do que realizar um ato político espetacular, para alentar, quem sabe, a malajambrada auto-estima dos bolivianos, quase descrentes.

Porém todas essas soluções autoritárias, que florescem na modernidade, são a contrapartida de um vazio produzido no centro do poder (Leffort). Com efeito, com a morte de Deus, com o assassinato do Pai do patriarcado e com o destronamento do Rei da tradição teológico-política, as massas marcadas pela orfandade – e que não conseguem exercer plenamente a sua soberania política – aceitam de bom grado a sedução autoritária.

Dessa maneira, alguém vai cuidar delas, e o vazio do poder será preenchido por um líder carismático, versão de um novo Deus e de um Pai onipotente. As massas, na sua servidão voluntária (La Boétie), podem, enfim, não entrar em pânico, como enunciava Freud, na "Psicologia das Massas e Análise do Eu", como efeito maior que se produz quando aquelas não mais acreditam no carisma de seu líder.

*Joel Birman é psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do RJ. É autor de "Freud e a Filosofia" (Zahar).

A Psicologia da Multidão de Gustave Le Bon


Há muitos anos atrás, ou mais precisamente 1895, o psicologista francês Gustave Le Bon escrevia o interessante trabalho entitulado “A Psicologia da Multidão” (The Crowd: A Study of the Popular Mind).
Le Bon defende que, quando no meio de uma multidão, o homem regressa para um estado mental primitivo. Uma pessoa que pode ser altamente culta e moral em alguns casos, é capaz de agir como um barbáro e está propenso a agir de uma forma violenta. Perde suas faculdades críticas na extensa massa de gente.
As pessoas na multidão perdem suas inibições e padrões morais, e tornam-se altamente emotivas, diz Le Bon. Este emocionalismo, esta irracionalidade, presta-se ao poder da sugestão, através do qual o comportamento de um indivíduo pode ser determinado pelas suas percepções e as ações de outros ao redor dele.
Queria comprar um ingresso para o show do U2 em fevereiro, mas hoje quando começaram as vendas, devido aos boatos (verdadeiros) que a fila estava enorme, as pessoas foram afoitamente em busca do seu, o que só agravou a situação precária da rede de atendimento. O mesmo valeu para o website.
Esse é um exemplo desprentecioso, mas existem exemplos piores, como no caso da peregrinação anual até Meca, que quase todo ano faz vítimas por motivos de pisoteamento.
A psicologia de massa coíbe também a nossa capacidade de criar e mudar o destino. Inibe a criatividade porque molda suas opiniões dentro de conceitos “enlatados”.
A obra de Le Bon, entendedora do mecanismo humano interpessoal, continua valendo até hoje. Vale a pena ler.

Fábio Cipriani

O anúncio de Olavo Bilac

O anúncio de Olavo Bilac Autoria desconhecida Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade rural, um ...