quarta-feira, 24 de abril de 2013

Um mundo escuro - J. R. GUZZO

Um mundo escuro - J. R. GUZZO
 

REVISTA VEJA de

Está cada vez mais difícil, em nosso mundo de hoje. encontrar inocentes. No exalo momento em que estiver lendo estas linhas, o leitor poderá muito bem estar sendo culpado pela prática de algum delito sério, mesmo que não saiba disso - e provavelmente não sabe. Como poderia saber? As noções de certo ou errado, de bem ou mal ou de justo e injusto, cada vez mais, são definidas por dezenas de "causas", em relação às quais é indispensável estar do lado correto. E que lado é esse? É o lado dos donos ou dos militantes dessas causas - tarefa complicada, considerando-se que elas se multiplicam sem parar, não têm conexão nenhuma entre si e sua própria existência, muitas vezes. é completamente desconhecida do público em geral. Com o desmanche cada vez mais rápido de qualquer valor ou princípio na atividade política, e o falecimento da ideia geral de "direita" e "esquerda", o campo do "bem" vai sendo ocupado por movimentos que defendem ou condenam todo tipo de coisa. Importa cada vez menos, também, o divisor de águas formado pelo conjunto de valores morais como integridade, decência, gratidão, generosidade, honradez, cortesia e tantos outros que marcavam a correção do indivíduo, do ponto de vista pessoal, na vida de todos os dias. O cidadão, hoje, pode ser tudo isso ao mesmo tempo, mas ainda assim não será inocente basta não concordar com as bandeiras em voga, ou ser indiferente a elas, ou não saber que existem.

Todas essas cruzadas se declaram proprietárias exclusivas do bem e têm, cada vez mais, a certeza de que a lógica, os argumentos baseados em fatos e o livre debate devem ceder lugar à fé - a fé dos dirigentes e militantes das "causas", que se julgam moralmente superiores e portanto, autorizados a exigir que todos abram mão do seu direito a raciocinar e simplesmente concordem com eles. O lado escuro disso tudo é que a defesa de tais bandeiras está se tornando cada vez mais fanática - e o resultado é a criação, pouco a pouco, de um novo totalitarismo. Nega-se as pessoas o direito de discordar de qualquer delas e, principalmente, de criticar seja lá o que proponham; não é permitida nem a simples neutralidade, pois quem é neutro é considerado cúmplice do mal.

Os efeitos práticos são muito parecidos com os que se produzem nas ditaduras - e sua primeira vítima é a liberdade de pensar e de exprimir o que se pensa.

Muito de todo esse ruído é simplesmente cômico; além disso, ao contrário do que acontece nas tiranias, os líderes das novas causas não têm a seu dispor a força armada para obrigar o público a obedecer a suas decisões. Mas. em ambos os casos, sua atividade está gerando cada vez mais consequências na vida real. Ainda há pouco, um anúncio da agência AlmapBBDO mostrava um gato preto subindo no capô de um Volkswagen, numa brincadeira 100% inocente a respeito de sorte e azar. Ideia proibida, hoje em dia. Grupos que defendem a causa dos gatos, de qualquer cor, decidiram que o comercial estimulava a "perseguição" e o "desrespeito" ao gato preto, e exigiram da empresa que o comercial fosse retirado do ar. Ganharam: a Volkswagen, uma das maiores companhias do mundo, com mais de noventa fábricas. 550.000 empregados e faturamento superior a 200 bilhões de dólares em 2012, ficou com medo do pró-gato e topou, sim, cancelar o anúncio. Há uma coisa muito parecida com isso - ela se chama censura. A AlmapBBDO, uma das agências de publicidade mais respeitadas do Brasil, queria levar o comercial ao público, como a imprensa queria publicar notícias durante a ditadura militar. Mas a cruzada dos gatos, como acontecia na época em que o governo cortava as notícias que lhe desagradavam, não quis. Nas duas situações uma pela força bruta, a outra pela pressão bruta - o resultado prático é o mesmo: aquilo que deveria ter sido publicado não o foi. Qual é a diferença?

Episódios como esse vão se tornando comuns e, para piorar as coisas, deixam atrás de si uma nuvem radioativa que contamina o ambiente do pensamento e faz com que as pessoas fujam das áreas de perigo. É muito pouco provável que a AlmapBBDO volte a criar comerciais com algum gato no enredo, ou qualquer outro animal. Para quê? Outras agências vão tomar, ou já tomaram, a decisão de cortar o reino animal do seu universo criativo e também, por via das dúvidas, o reino vegetal e o reino mineral, pois é possível que provoquem objeções dos movimentos que atribuem direitos civis às árvores, ou às pedras, ou sabe-se lá ao que mais. Os jornalistas e os órgãos de imprensa, com frequência, vão pegando uma alergia cada vez maior a tratar de certos assuntos. "Isso vai dar confusão", ouve-se todos os dias nas redações. "Melhor a gente ficar fora dessa." O mesmo se aplica a políticos, por seu natural pavor de perder votos, a artistas que não querem ficar mal "na classe" e a mais um caminhão de gente capaz de ter posições claras, mas incapaz de arrumar coragem para falar delas em público.

É apenas natural que a situação tenha ficado assim. Não vale a pena, para a maioria, dizer o que pensa e ser imediatamente amaldiçoado como racista, cruel com os animais, homofóbico, nazista, destruidor da natureza, inimigo da fauna e da flora, poluidor de rios, lagos e mares, vendido aos interesses das "grandes empresas", carrasco das "minorias", assassino de bagres e por aí afora. Ser um mero defensor da luz elétrica, e achar natural, para isso, que sejam construídas usinas geradoras de energia passou a ser, no código da "causa ambiental", um delito grave. Pior ainda é ser chamado de "agricultor" ou "pecuarista" - as duas palavras passaram a ser utilizadas pelos militantes como um puro e simples insulto. Eis aí. por trás de todo o seu verniz de atitude moderna, democrática e defensora da virtude, a essência do totalitarismo que vai sendo imposto pelas "causas" do bem. O alicerce central de sua postura é raso e estreito: "Ou você pensa como eu. ou você é um idiota; ou você pensa como eu. ou você está errado". Ou você é coisa ainda muito pior, dependendo do grau de ira que sua opinião despertou neste ou naquele movimento.

Se discordar, por exemplo, de uma mudança na lei trabalhista, vão acusá-lo de ser a favor da volta da escravatura. Se criticar a doação de latifúndios a tribos de índios, pode ser chamado de genocida. Se achar errado o Bolsa Família, vai ser condenado como defensor da miséria. Se sustentar que o sistema de cotas para negros nas universidades tem problemas sérios, vira um racista na hora. Se julgar que os governos do PT são um exemplo mundial de incompetência, ignorância e vigarice, será incluído na lista negra dos que são contra o povo, contra a pátria e contra as eleições. Falar mal do ex-presidente Lula, então, é um caso perdido. Como ele diz em seus discursos que o seu segundo objetivo na vida é governar para os pobres (o primeiro, segundo uma confissão que fez há pouco, é "viver o céu aqui mesmo na terra"), quem não gosta do ex-presidente só pode ser contra os pobres. A alternativa é ouvir que você, até hoje, não se conforma com o fato de que "um operário tenha chegado à Presidência" etc. etc., como o próprio Lula nos diz todo santo dia. há mais de dez anos.

Com certeza há pessoas boníssimas, e sinceramente interessadas no bem comum, na maioria das "causas" em cartaz hoje em dia não lhes passaria pela cabeça, também, imaginar que estão construindo um mundo totalitário. Mas sua recusa em raciocinar um pouco mais, e em agredir a lógica um pouco menos, acaba levando-as, mesmo que não percebam, a uma postura de autoritarismo aberto diante da vida. A modelo Gisele Bündchen, por exemplo, propõe nada menos que uma "lei internacional" obrigando todas as mulheres a amamentar seus filhos. Gisele pode ser mesmo uma devota dessa postura, mas, ao querer que sua opinião pessoal seja transformada em "lei", ela mostra uma outra devoção: o desejo de mandar no comportamento dos outros. E as mulheres que não querem amamentar - como ficam os seus direitos? Qualquer pessoa que quer nos impor uma escolha forçada, diz o psicanalista Contardo Calligaris, de São Paulo. provavelmente está interessada, acima de tudo, em "afirmar e consolidar seu poder sobre nós".

Um outro tóxico que alimenta essa marcha da insensatez é a ignorância. Somada à decisão de atirar primeiro nos fatos, e perguntar depois quais eram mesmo esses fatos, leva a episódios de circo como o movimento "Gota d'Água" - no qual um grupo de atores e atrizes tentou demonstrar, no fim de 2011, que a usina de Belo Monte seria uma catástrofe sem precedentes para o Rio Xingu e para a ecologia brasileira cm geral. No vídeo que gravaram com o propósito de provar suas razões, confundiram o Pará com Mato Grosso, colocaram a usina a mais de 1 000 quilômetros do lugar onde está sendo construída e denunciaram a inundação de terras ocupadas por índios quando não há um único índio na área a ser alagada. Foi um desempenho digno de entrar na lista das piores respostas do Enem. Mas os artistas continuam achando que estão certíssimos: sua "causa" é justa, dizem eles, e meros tatos como esses não têm a menor importância. pois o que interessa é o triunfo do bem.

"Não há expediente ao qual o homem deixará de recorrer para evitar o real trabalho de pensar", disse, no fim dos anos 1700. o grande mestre da arte inglesa do retrato, sir Joshua Reynolds. Hoje, mais de 200 anos depois, sua tirada é um resumo praticamente perfeito da turbina-mãe que faz girar a máquina das "causas" justas. Nada as incomoda tanto quanto o ato de pensar. Preferem receber insultos, porque podem responder com insultos - o que não toleram é a tarefa de raciocinar em cima de fatos, reconhecer realidades e convencer pelo uso da inteligência. Algum tempo atrás esta revista publicou, com a assinatura do autor do presente artigo, um conjunto de considerações sobre o que julgava serem exageros, equívocos ou distorções do chamado "movimento gay". Tudo o que foi escrito ali recebeu uma fenomenal descarga de ódio. histeria e ofensas, nas quais foram incluídas diversas maldições desejando uma morte rápida para o autor. Mas o que realmente deixou a liderança gay fora de si, acima de qualquer outra coisa, foi a afirmação de que casamento de homem com homem, ou de mulher com mulher, não gera filhos. É apenas um fato da natureza mas é exatamente isso, o fato, o pior inimigo das "causas". Não pode ser anulado por abaixo-assinados. redes sociais ou passeatas. A única saída é mantê-lo oculto pelo silêncio.

Por essa trilha, caminhamos para um mundo de escuridão.

domingo, 21 de abril de 2013

FILHOS DA PROSTITUTA

FILHOS DA PROSTITUTA
 
O sujeito se chama Marc Faber, e é norte-americano.  Ele é Analista de Investimentos e empresário.
 
Em junho de 2008, quando o Governo Bush estudava lançar um projeto de ajuda à economia americana, Marc Faber encerrava seu boletim mensal com um comentário bem-humorado:
 
"O Governo Federal está concedendo a cada um de nós uma bolsa de U$600,00."
 
Se gastarmos esse dinheiro no supermercado Wall-Mart, esse dinheiro vai para a China.
Se gastarmos com gasolina, vai para os árabes.
Se comprarmos um computador, vai para a Índia.
Se comprarmos frutas e vegetais, irá para o México, Honduras e Guatemala.
Se comprarmos um bom carro, irá para a Alemanha ou Japão.
Se comprarmos bugigangas, irá para Taiwan...
 
E nenhum centavo desse dinheiro ajudará a economia americana. O único meio de manter esse dinheiro na América é gastá-lo com prostitutas e cerveja, considerando que são os únicos bens ainda produzidos por aqui.
Estou fazendo a minha parte...
 
Resposta de um brasileiro igualmente bem humorado:
 
"Realmente a situação dos americanos parece cada vez pior."
 
Lamento informar senhor Marc Faber que, depois desse seu e-mail, a Budweiser foi comprada pela brasileira AmBev, portanto, restaram apenas as prostitutas. Porém, se elas (as prostitutas), repassarem parte da verba para seus filhos, o dinheiro virá para Brasília, onde existe a maior concentração de filhos da puta do mundo!
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As 10 estratégias de manipulação através da mídia segundo Noam Chomsky

O que Noam Chomsky* fala sobre a manipulação midiática




 1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

 2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas.

 3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990.

 4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato.

 5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais.

 6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos.

 7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação” dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

 9. Reforçar a auto-culpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido a pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se auto-desvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

 10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes.


* Filósofo, ativista, autor e analista político. É professor emérito de Linguística no MIT e uma das figuras mas destacadas da linguística do século XX, reconhecido na comunidade científica e acadêmica por seus importantes trabalhos em teoria linguística e ciência cognitiva. Estados Unidos.
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quarta-feira, 17 de abril de 2013

A nossa posição sobre os atentados de boston e da Venezuela

AO TEXTO POSTADO COM A INTRODUÇÃO A SEGUIR...

A nossa posição sobre os atentados.
Por Leão Trostky
PS - Esperamos que o método terrorista não vingue, inclusive na Venezuela,
pós eleição.
http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1911/11/terrorismo.htm

RETRUQUEI

"Um dos mortos na ação é um menino de oito anos e a outra uma mulher de 29
anos. A terceira é uma estudante chinesa da Universidade de Boston, que
não teve a identidade divulgada.
Entre os feridos, 17 permanecem em estado grave. Dois deles são dois
irmãos de 31 e 33 anos que assistiam à corrida e que sofreram amputações.
Há também uma brasileira, que, de acordo com o chanceler Antonio Patriota,
sofreu ferimentos leves." (Folha de São Paulo)
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Cada vez mais estamos transformando o mundo em um local em que toda
insanidade será bem-vinda, se erguerão estátuas aos assassinos, se
concederão aposentadorias polpudas aos que contarem a maiores mentiras.
premiada. Toda verdade será sufocada.
Uma total inversão retórica nos valores e na ética humana.
É por estas e outras que Henry Hazlitt - filósofo, economista e jornalista
- escreveu "Entenda o marxismo em um minuto" (a seguir), publicado no
sitio do Instituto Mises Brasil em 16 de setembro de 2012.
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Prof. José Lamartine de Andrade Lima Neto
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"Liberdade de expressão não existe se não tolerar os discursos que
odiamos" - Henry J. Hyde
"Acuse-os do que você faz; xingue-os do que você é". - Lênin.

Todo o evangelho de Karl Marx pode ser resumido em duas frases: Odeie o
indivíduo mais bem-sucedido do que você. Odeie qualquer pessoa que esteja
em melhor situação do que a sua. Jamais, sob qualquer circunstância,
admita que o sucesso de alguém pode ser decorrente de seu esforço próprio,
de sua capacidade, de seu preparo, de sua superioridade em determinada
atividade. Jamais aceite que o sucesso de alguém pode advir de sua
contribuição produtiva para algum setor da economia, contribuição essa que
foi apreciada por pessoas que voluntariamente adquiriram seus serviços.
Jamais atribua o sucesso de alguém às suas virtudes, mas sim à sua
capacidade de explorar, trapacear, ludibriar e espoliar.
 Jamais, sob qualquer circunstância, admita que você pode não ter se
tornado aquilo com que sempre sonhou por causa de alguma fraqueza ou
incapacidade sua. Jamais admita que o fracasso de alguém pode ser devido
aos defeitos dessa própria pessoa — preguiça, incompetência, imprudência,
incapacidade ou ignorância.
 Acima de tudo, jamais acredite na honestidade, objetividade ou
imparcialidade de alguém que discorde de você. Qualquer um que discorde
de você certamente é um alienado a serviço da burguesia e do "capital".
 Este ódio básico é o núcleo do marxismo. É a sua força-motriz. É o que
impele seus seguidores. Se você jogar fora o materialismo dialético, o
arcabouço hegeliano, os jargões técnicos, a análise 'científica' e todas
as inúmeras palavras presunçosas, você ainda assim ficará com o núcleo do
marxismo: o ódio e a inveja doentia do sucesso, que são a razão de ser de
toda esta ideologia.


PARECE QUE OUVE ENTENDIMENTO DIFERENTE COMO FRISA MEU COLEGA


Professor Lamartine, você leu o texto que eu enviei?
Pois parece que não. Caso tivesse lido teria visto que o texto enviado
condena o terrorismo. Por tanto misturar "insanidade" com o "marxismo em
um minuto" e resumir Marx ao ódio à outrem, não me parece adequado.


POR FIM RESPONDI...


Professor, com todo respeito ao seu entendimento, mas me permita uma leitura diferente. Se considerarmos que o terrorismo tem um quê de primitivismo (deve existir malucos que podem achar uma coisa moderna e uma evolução, ou até uma justificativa), que desencadeia nas pessoas envolvidas uma série de emoções de origem pré-históricas como o binômio raiva-medo, então é de se supor que nada mais natural do que gerar comportamentos de luta-fuga.
Pois bem, toda ideologia vive manipulando informações, que por sua vez geram emoções que resultam em comportamentos. Emoções como raiva, ressentimento, vingança, indignação, etc., assim como outras emoções que se enquadram nos outros três quadrantes básicos, assumem padrões de comportamento distintos, porém conhecidos, que  mobilizam as pessoas comportamentos típico conhecido como efeito manada, um fenômeno muito curioso, e útil aos revolucionários.
O fato de também desejar ver o respeito à vida, a liberdade, à propriedade, à diminuição da pobreza, o aumento das oportunidades, mais respeito aos direitos de expressão de opinião, dentre muitos, não me dá o direito de seguir este caminho para um mundo melhor. Aliás, eu não acredito que um grupo, qualquer grupo, possa impor um “mundo melhor” aos demais. Então, o que dizer desta expressão do Sr. Trotsky?

"Nos opomos aos atentados terroristas porque a vingança individual não nos satisfaz. A conta que nos deve pagar o sistema capitalista é demasiado elevada para ser apresentada a um funcionário chamado ministro."

Na sequencia o autor ensina como se prepara a revolução, transformando a leitura de mundo em uma visão de vitimização:

"Aprender a considerar os crimes contra a humanidade, todas as humilhações a que se vêem submetidos o corpo e o espírito humanos como excrescências e expressões do sistema social imperante..." (Trotsky)

Para desencadear todo o sentimento de rancor, inveja e ódio na consecução do objetivo:

"... para empenhar todas nossas energias em uma luta coletiva contra este sistema" (Trotsky)

Então professor, acredita realmente que assim é possível melhorar o mundo dando crédito a Trotsky?
Este manipulador das primitivas emoções humanas prega que para vencer esta luta contra o capitalismo é preciso estar bem nutrido, mas de desejo de vingança.

"... essa é a causa na qual o ardente desejo de vingança pode encontrar sua maior satisfação moral” (Trotsky).

"Não extinguir o insatisfeito desejo proletário de vingança, mas, pelo contrário, avivá-lo uma e outra vez, aprofundá-lo, dirigi-lo contra a verdadeira causa da injustiça e a baixeza humanas: essa é a tarefa da social-democracia." (Trotsky).

Por fim, quando pessoas manipuladas são transformadas em militantes, aí o bicho pega. Quem se atrever a sozinho, discordar deles ou de suas posições ideológicas, estará frito. As porradas que irá levar, sempre públicas, terão um efeito pedagógico nos demais a ponto de inibir qualquer possível levante, inibir qualquer traço de coragem. Se acovardam a ter de enfrentar a fúria da massa totalmente manipulada, ou àqueles que se colocam como integrantes da “tropa de choque”. Diante da massa ignara que vem para destruir qualquer tipo de oposição a maioria se cala com medo, ou adere para não ser a próxima vítima. Esta é força da democracia ignorante, e nada mais arrogante do que a ignorância.
É evidente que a massa manipulada não entende a psicologia por traz disso e ‘vai na onda’... como “gado” se achando águia.

Att

maratona de Boston e eleições na Venezuela

Esta é uma resposta a um colega de trabalho que, como tantos outros, que acreditam na justiça da explosão na maratona de Boston/2013 e acreditam que as eleições da Venezuela foi limpa.


Desculpe querido colega, mas o considero muito inteligente para acreditar em historinhas que não se investigam. Você não é o tipo de ser humano que engole historias pronta como se fossem pílulas receitadas por um médico de confiança. Aliás, confiança é o que não existe neste meio político, que transforma as disputas eleitorais em um "vale-tudo", em que "faz-se o diabo", como disse Dilmão, para ganhar eleições. Acreditar que o grupo de Chaves/Maduro é honesto é demais.

 E outra coisa, pegou mal aquela tal cédula eleitoral com "duzentas" fotos de Maduro e só uma de Capriles... campanha eleitoral televisiva com dezenas de horas de exposição de Maduro e poucos minutos de Capriles... Eleições com resultado apertadíssimo... Barreiras para recontagem de votos... Juízes submissos ao Executivo ... Suspeita de fraude sem investigação (é obvio)... Revolta dos que se sentiram enganados. E falar em "derecha" da Venezuela e seus “8 muertos”? Então eu pergunto: Que direita colega?

 A América Latina (AL) está dominada pelas ações coordenadas do Foro de São Paulo (Leia as Atas) que a grande mídia brasileira (e nanica também) autofágica se encarregou de esconder por mais de 15 anos. Lula foi seu primeiro presidente e junto com Fidel Castro. E ambos guiaram os rumos dos países membros, ou melhor, dos partidos membros. Sim, praticamente todos os partidos de esquerda da AL estão associados, inclusive com grupos guerrilheiros, a exemplo das FARC, o maior fornecedor de cocaína do planeta, ou melhor, como grupo narcotraficantes é o único fornecedor. Ele está lá, assassinando, sequestrando, roubando. Operações que rendem bilhões de ... dólares. Revolucionários gerando dólares. Sabe onde aplicam os bilhões deste negócio? Em Wall Street com o consentimento de Tio San. Lá, na terra de liberdade e respeito ao individualismo, se sentem seguros para aplicar até na bolsa de valores de NY.

 A o quatro dedos dando “pito” nos EUA para não se meterem nas eleições

 O termo que usei, “insanidade” foi no sentido dado por, acredita-se, Einstein: fazer as mesmas coisas esperando resultados diferentes. Logo o que se está fazendo na América Latina é uma insanidade. Na página do Foro de São Paulo encontra-se esta pérola:

 “En 1990, mientras la izquierda mundial enfrentaba el peor desastre de su historia con el derrumbe del socialismo en la Unión Soviética y Europa del Este, en América Latina se creaba el Foro de Sao Paulo, espacio de debate y comunicación política que en poco tiempo logró aglutinar a toda la diversidad de la izquierda continental. En aquel momento la izquierda gobernaba únicamente en Cuba (lo había hecho en Nicaragua por diez años, pero meses antes de la fundación del Foro el sandinismo había sido derrotado en las elecciones).” (http://forodesaopaulo.org/)

 Toda insanidade histórica do marxismo-leninismo, levando a milhões de mortes ao longo do século XX está documentada nos arquivos da KGB abertos após a queda do muro de Berlim. Mas ninguém lê. E se o faz a ideologia turva o entendimento fazendo com que não acreditam ou busquem formas de desacreditar os dados. Os seres vivos se caracterizam por aprenderem com seus próprios erros. Mas isso, em se tratando do pensamento dialético hegeliano-marxista, foge a lógica da formação estrutural neurológica da cognição humana. 

 Voltando a Venezuela, para mim se aplica o mesmo que em Cuba, ou seja, “La Revolución, si! Free elections, no!” considerando que o conceito de liberdade é amplo o bastante para o entendimento de mentes e emoções podem ser capturadas sem que se percebam o engodo.

 O Brasil parece se encontrar em uma situação pior intelectualmente já que a criação arquitetada de um inimigo ideológico já denunciada pelo seu autor, Ladislav Bittman (The KGB and Soviet Disinformation: An Insider's), para representar tudo que há de pior no mundo, fazendo brotar todo tipo de sentimento de revolta, faz com que toda nossa juventude se enverede pelo caminho do dogmatismo intelectualoide, por sinal, típico de qualquer militância. As estratégias para isso são muitas e todas envolvem a manipulação da verdade, e pior, a total ignorância da verdade e o total afrouxamento do desejo de conhecer a verdade. Resultado: uma pseudo sabedoria que ignora. E tem coisa mais arrogante do que a ignorância?

 Lamentavelmente não existe direita na América Latina capaz de enfrentar o avanço esquerdista. É possível que Henry Hazlitt tenha razão ao afirmar a respeito do marxismo que "o ódio e a inveja doentia do sucesso, que são a razão de ser de toda esta ideologia.”

 P.S.
Antes que me falem da meia dúzia de famílias donas da mídia brasileira informo que temos 4.835 jornais e 9400 emissoras de radio.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

As falas em dilmês são mais que um escândalo

Coluna do Augusto Nunes

04/04/2013
às 22:16

Celso Arnaldo: As falas em dilmês são mais que um escândalo. São prova literal da grande farsa política de nosso tempo

Exatamente às 22h41 de 3 de junho de 2009, menos de três meses depois da inauguração do Sanatório Geral, Dilma Rousseff foi internada pela primeira vez na instituição da qual se tornaria a mais ilustre e assídua freguesa. A frase de estreia inspirou-se em outra leva de patifarias, denunciadas por senadores do DEM, protagonizadas por José Sarney. Convidada a comentar as denúncias, a então ministra-chefe da Casa Civil tentou explicar que aquilo era mais uma invencionice da oposição. Só conseguiu balbuciar o seguinte:
─ Então, eu acho que tem um modelo no Brasil que dá pizza, que é esconder a questão debaixo do tapete.
Em 15 de outubro de 2009, o post republicado na seção Vale Reprise marcou a estreia no Direto ao Ponto da coletânea de posts dedicados exclusivamente ao besteirol produzido em escala industrial pelo neurônio solitário. A coisa está feia, constatou o país que pensa. O texto de Celso Arnaldo reafirma que, no Brasil, o que está ruim demais sempre pode piorar. (AN)

O POLONÊS E O DILMÊS
Celso Arnaldo Araújo

O paciente claudicante, um imigrante polonês, vai fazer exame de vista e o oftalmologista projeta na parede a primeira sequência de letras para o teste de acuidade visual:

C J W K J Y Z K

O médico pergunta:
– O sr. consegue ler isso?
– Claro, esse é muito meu amigo.

Quem frequenta esta coluna com alguma assiduidade já se habilitou a bater o olho em qualquer frase de Dilma com a sintaxe original e afirmar, sem pestanejar, mesmo omitida a indicação de autoria: isso é Dilma.
O índice de identificação será de 100%, mesmo se a frase em dilmês estiver misturada a outras mil, de autores diversos. O dilmês, ao contrário dos exóticos Quimbumbo, Yoruba, Palaúngico, Miáquico e Mundurucu, é idioma que não pertence a nenhum tronco linguístico e é desprovido de canais comunicantes ─ já que falado por um único usuário, Dilma Rousseff. Por isso, é inconfundível. E é trágico.
As falas oficiais de Dilma, transcritas do dilmês sem nenhuma revisão e cerimônia pela própria Secretaria de Comunicação Social da Presidência no Portal do Planalto, só ganham senso e sentido lidas por alguém com o espírito do simplório polonês do teste de optometria. Para um brasileiro que ouve, lê direito e pensa, essa exposição sem pejo do despreparo de Dilma é mais do que um escândalo – é prova literal da grande farsa política de nosso tempo.
A presidente do Brasil – e sobre isso não existe a mais remota dúvida — é incapaz de formular um raciocínio minimamente inteligente sobre qualquer assunto que venha a abordar, num palanque ou entrevista, e é especialmente desastrosa ao reproduzir ideias de outrem, piorando muito o raciocínio até de um matuto.
É o caso da estranha definição de futuro que teria sido dada pelo suposto cangaceiro citado por Dilma dia 2 de abril, num discurso em Fortaleza sobre a seca no nordeste. Não se conhece o teor original da sábia fala do cangaceiro que inspirou Dilma — graças ao Portal do Planalto, conhece-se apenas a versão em dilmês, divulgada ao vivo pela porta-voz dos raciocínios mais desconexos já formulados por um ente público neste país:

O futuro está em cima, em cima no sentido de que o futuro é sempre uma exigência maior que a gente se faz a nós mesmos”.

Se tivesse dito isso, exatamente assim, é provável que o poético tabaréu, arremedo de Riobaldo, recebesse severa punição dos chefes, por introduzir mais enigmas, completamente indecifráveis, no árido mistério da vida por aquelas bandas do sertão. Esse “a gente se faz a nós mesmos” foi forte, muito forte. Dilma é dose.
Mas pálidas tentativas de mostrar à opinião pública a extensão da farsa ainda esbarram na “Síndrome do exame de vista do polonês”, que aparentemente acomete os 80% de brasileiros que, segundo o IBOPE, acham Dilma um colosso.
Hoje, em seu blog n´O Globo, Ricardo Noblat reproduz, sem nenhum adendo pessoal, um dos sanatórios internados há pouco nesta coluna – extraído de outro discurso de Dilma no Ceará, no mesmo dia do anterior. O pensamento fala por si. O dilmês não é uma via de pensamento, mas um fim em si mesmo, um laudo definitivo:

Eu queria dizer para vocês, nesta noite, aqui no Ceará, em Fortaleza e nessa escola, o compromisso forte, o compromisso que é um compromisso que eu diria o maior compromisso do meu governo. Porque é que o compromisso com a educação tem que ser o maior compromisso de um governo”.

Dos 300 comentários até este momento publicados no blog do Noblat sobre mais esse espanto do dilmês, pelo menos 60% não notaram nada de errado na redundância rudimentar da pensata de Dilma — própria de quem vive “defendendo” a educação como um cacoete de político, jamais com o menor conhecimento de causa. Seus seis “compromissos” num raciocínio oco de três linhas equivalem, na prática, a nenhum. E a repetição não pode ser confundida com recurso retórico – apenas com absoluta falta de recurso analítico. Dilma provavelmente não saberia ordenar, sem hesitação, os diferentes níveis de ensino do organograma da educação brasileira.
Mas a redundância tacanha não perturbou mais do que um punhado de comentaristas. Muitos outros, mesmo não gostando de Dilma, preferiram questionar o compromisso da presidente com a educação – não os seis compromissos. Estes passaram despercebidos. O dilmês parece já ter se amalgamado, numa versão linguística do roteiro do clássico “Vampiros de Almas”, ao nosso substrato instintivo da psique – aquilo que Freud e redatores de palavras cruzadas com duas letras chamam de Id.

Já um petralha subiu nas sandálias de dedo na seção de comentários do blog do Noblat:

Não entendi. Qual é a aberração da oração?
É a repetissão (sic) da palavra compromisso?”

Está explicada a síndrome do velho polonês que só enxerga amizade e pureza numa sequência desconexa de letras à sua frente?

 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O México pronto para decolar - revista Veja



01 Abr 2013







O México pronto para decolar
 

Internacional

O país conseguiu reverter a perda de investimentos para a China afastando-se do estatismo e do protecionismo

Tatiana Gianini, da Cidade do México

Em meio à terra vermelha e aos arbustos do semiárido mexicano, enormes galpões de três andares se espalham pela periferia do município de Querétaro, 200 quilômetros ao norte da capital, a Cidade do México. Os prédios pertencem a 32 companhias, entre fabricantes de aeronaves, de motores, prestadoras de serviços e empresas de manutenção. O complexo ganhou envergadura a partir de 2006, com a aterrissagem da canadense Bombardier, concorrente mundial da brasileira Embraer. Nessa região central do México, são produzidas as fuselagens traseiras dos jatos Global 5000 e Global 6000, que depois seguem para a linha de produção no Canadá. Em outras cidades, existem duas centenas de empresas do setor aeroespacial, que estão entre as principais razões por trás do crescimento de quase 4% registrado pela economia nacional em 2012 – mais que o quádruplo do brasileiro. Depois de perder durante anos para a China os investimentos de empresas globais, o México tornou-se uma opção vantajosa com o aumento dos salários no país asiático, atualmente apenas 20% mais baixos. Além disso, com outros governos latino-americanos aplicando políticas improvisadas, protecionistas e estatizantes, o país voltou a apimentar o paladar dos investidores. “Os mexicanos apostaram no longo prazo, enquanto o Brasil está tentando programas de alívio fiscal e de curta duração para estimular a economia”, diz a americana Lisa Schineller, diretora da agência de análise de risco Standard & Poor’s. “Essa volatilidade dos brasileiros tem um peso grande nas decisões dos investidores”, diz Lisa.

A sina mexicana começou a mudar com a assinatura do Nafta, o tratado de livre-comércio com os Estados Unidos e o Canadá, em 1994. De imediato, o país sofreu para adaptar a sua economia fechada e dominada por monopólios estatais ao cenário de maior concorrência. A sorte também não ajudou. Em 1995, a crise conhecida como “efeito tequila”, que levou o peso a se desvalorizar 50%, fez o PIB cair 6,2%. Seis anos depois, o ataque às Torres Gêmeas, em Nova York, arrefeceu a economia americana e, por extensão, a mexicana. Também em 2001, a China entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC) e passou a competir ainda mais fortemente com o México. Naquele período, a maior pane dos investimentos na América Latina se concentrava no Brasil, que atraía por ser um exportador de commodities para a Ásia. A crise financeira de 2008 e 2009 afetou mais o México que o Brasil. Da mesma maneira, a recuperação por lá também foi mais intensa e, em 2010, ambos voltavam a crescer.

As duas nações então seguiram caminhos opostos. O Brasil tomou medidas estatizantes, que espantaram os investidores. Elevou os impostos sobre transações financeiras, forçou concessionárias de eletricidade a reduzir os lucros e sobretaxou os veículos importados. O governo mexicano, por outro lado, continuou abrindo a economia, com a aprovação dos empresários e do Poder Legislativo. Apenas um dia após tomar posse como presidente, em dezembro do ano passado, Enrique Pena Nieto conseguiu que os três principais partidos do país, o velho PRI, o católico PAN e o esquerdista PRD, assinassem um acordo para aprovar reformas essenciais, o denominado Pacto pelo México. Entre os 95 compromissos, estão o aumento da competitividade, o desmembramento dos monopólios e o fim da política de subsídios. Aos olhos dos mexicanos, os subsídios governamentais, como o que barateia o preço da gasolina, utilizam o dinheiro de todos os contribuintes para beneficiar a fatia mais rica da população, aquela que tem carro.

Enquanto o Brasil está amarrado pelo Mercosul e passa por apuros constantes com seu principal parceiro comercial na região, a Argentina, o México tem tratados de livre-comércio com 44 países. A dependência em relação à economia dos Estados Unidos, que era destino de 89% das exportações em 2000, diminuiu. Agora está em 79%. Para as empresas, os tratados significam ter acesso aos melhores in-sumos e aos maiores mercados consumidores. Da linha de montagem da montadora americana GM, localizada na cidade de Ramos Arizpe, saem os modelos Captiva, Sonic e Cadillac SRX. Colado no vidro de cada um deles, há um adesivo com o destino dos automóveis, que pode ser Ontário, no Canadá, Xangai, na China, Nova Jersey, nos Estados Unidos, e Gravataí, no Brasil. Os preços são 45% mais baixos que os cobrados aqui, uma vez que um carro mexicano é formado com peças do mundo todo. “Os clientes que visitam as concessionárias no México não querem comprar carros brasileiros. Eles sabem que no Brasil há uma exigência de que determinada proporção das peças seja nacional, o que afeta a qualidade e infla o preço”, diz o economista Luis de la Calle. A diferença nos valores levou o governo brasileiro a impor uma cota de importação aos carros mexicanos em 2012. “Esses limites, ao mesmo tempo em que protegem as empresas do setor, são um fardo para os compradores brasileiros”, diz La Calle.

Além dos galpões das fábricas, instalaram-se no país escritórios de publicidade, telecomunicações e informática. O México é hoje um dos principais centros da América Latina para o setor de serviços. Só a área de tecnologia da informação concentra mais de 700 empresas. Um estudo da consultoria Jones Lang La-Salle mostrou que a Cidade do México tem mais metros quadrados de escritórios do que São Paulo ou Miami. “Tudo aqui é mais barato, e as universidades são tão boas quanto as brasileiras”, diz a paulistana Ana Carolina Hevia, de 37 anos, que se mudou para a capital mexicana para instalar na cidade uma agência de publicidade especializada em internet e plataformas digitais.

As transformações da economia mexicana reverberaram na política e na sociedade. A tolerância com os monopólios estatais diminuiu da mesma maneira que a aceitação de grupos autoritários no poder. O PRI, que governou por sete décadas e voltou à Presidência no ano passado, não é mais dominante e disputa as eleições em igualdade com os demais partidos. Os principais indicadores sociais melhoraram consideravelmente. O relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado no mês passado pelas Nações Unidas na Cidade do México mostrou que os mexicanos vivem mais e dedicam mais horas aos estudos que os brasileiros (leia o quadro ao lado). Os graduados em engenharia, em geral os profissionais mais requisitados por uma economia em desenvolvimento, passaram de 114000 em 2010. No Brasil, que tem quase o dobro da população mexicana, o total de formandos na área no mesmo ano foi de 41000, menos da metade do necessário para o país sustentar um crescimento expressivo, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Mesmo com diplomados em maior número, a demanda mexicana absorve rapidamente a todos. Os trinta alunos de engenharia mecânica que se graduam por ano na Universidade Iberoamericana, na Cidade do México, têm uma taxa de contratação de 100%. Melhor de tudo, esses jovens já não dependem do governo para amimar um emprego, como ocorria durante o governo anterior, do PRI.

Na condição ainda de país emergente, o México tem desafios importantes pela frente. Na área econômica, o governo precisará aprovar as reformas fiscal e energética, incluídas nas propostas do Pacto pelo México. A estatal do petróleo Pemex é uma das menos competitivas do setor. Sem investimentos suficientes em exploração, a produção caiu de 3 milhões de barris diários em 2000 para 2,5 milhões em 2012. Ao mesmo tempo, o número de empregados da empresa passou de 132000 para mais de 150000. “Perto da Pemex, a Petrobras parece o melhor dos mundos. Claro que não é assim. Deveríamos ter a colombiana Ecopetrol, que não é monopolista, como modelo”, diz Juan Pardinas, diretor do Instituto Mexicano para a Competitividade. O narcotráfico também está na lista de problemas, mas um pouco apagado. Ao contrário do presidente Felipe Calderón, do PAN, que entre 2006 e 2012 centrou sua política nesse tema, Peña Nieto optou por fazer menos barulho em torno do assunto, sem deixar de combater as gangues. Como a questão não será resolvida em seis anos, dar ênfase a ela seria um tiro no pé.

O aumento da renda, que no México não foi acompanhado pela alta no custo de vida, levou mais da metade da população a integrar a classe média. É um público menos propenso ao discurso da vitimização, em que os pobres são usados como justificativa para minar as qualidades do mercado. A adesão a essas ideias ainda é grande nas cidades do sul, distantes dos Estados Unidos e, portanto, menos desenvolvidas. Em 2006, o candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador, do PRD, popular no sul, ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais. No último pleito, viu seu apoio cair 4 pontos porcentuais. Os movimentos armados no sul também silenciaram. Em 1994, o autointitulado subcomandante Marcos liderou o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), da região de Chiapas, num levante contra o Nafta, o acordo de livre-comércio da América do Norte. Na confusão, o EZLN chegou a tomar a cidade histórica de San Cristóbal de las Casas. O mascarado foi identificado como Rafael Sebastián Guillén Vicente, de Tamaulipas, um estado desenvolvido do norte, que estudou filosofia na universidade e migrou para o sul. Mais por marketing revolucionário do que por necessidade, ele continua usando a balaclava preta e virou uma figura mais folclórica do que influente. Marcos e seus mascarados tornaram-se obsoletos. No início deste ano, ele disse que divulgará uma “série de iniciativas de caráter civil e pacífico”. Os mexicanos, animados com as promessas da economia de mercado, não aceitariam outra coisa.

Feliz em casa

A estudante mexicana de desenho industrial Alejandra Rion, de 20 anos (à direita, na frente), com as amigas de curso na Universidade Iberoamericana, na Cidade do México. A nova geração não pensa em cruzar a fronteira em busca de trabalho nos Estados Unidos. Animadas com a expansão da indústria nacional, elas querem trabalhar em solo mexicano. A demanda pelo curso de design aumentou 30% nos últimos dois anos. Alejandra interessou-se pela versatilidade da profissão. “É uma carreira que nos permite atuar numa infinidade de setores da economia, e tem muitas ofertas de emprego”, diz.

Para a inveja do Brasil

No dia 14 de março, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou na Cidade do México a edição de 2013 de seu Relatório de Desenvolvimento Humano. O México conquistou a 61ª posição no ranking que calcula a qualidade de vida em 187 países. Com um índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,775 – sendo 1 o máximo –, o país está 24 posições à frente do Brasil, com um IDH de 0,730. O Pnud citou entre os méritos mexicanos a elevada expectativa de vida (77 anos, contra 73 dos brasileiros), o aproveitamento dos mercados mundiais e a inovação nas políticas sociais. “Nosso país teve melhoras nas três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um nível de vida digno”, disse o presidente mexicano Enrique Peña Nieto, que esteve presente e discursou no evento.

Para não passar vergonha em escala global, o governo brasileiro imediatamente contestou o relatório. Alegou que as estatísticas usadas para a definição do IDH estavam defasadas. O órgão da ONU refez docilmente as contas e divulgou que o novo índice, usando outros valores, seria de 0,754, o que permitiria ao Brasil avançar dezesseis posições, ficando no mesmo patamar do Cazaquistão (690), mas ainda longe do México. A manobra de última hora, contudo, não alterará o ranking. Para que isso fosse feito de forma justa, os dados de todos os demais países também teriam de ser atualizados. Melhor é acreditar que não há mesmo razão para socorrer o ego dos nossos funcionários. No IDH, o Brasil está na mesma posição da Jamaica, logo acima da ex-soviética Armênia e do Equador. Resta-nos invejar os mexicanos.

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Faltou um detalhe na reportagem

No endereço da internet do HDR (Human Development Report), percebe-se que o México possui IDH bastante superior ao Brasil desde 1980, e que o Brasil melhorou o índice  mais que o México de lá para cá.

Em 1980, o México tinha IDH de 0,598 e do Brasil 0,522 diferença de 0,076
Em 2000, o México tinha IDH de 0,723 e do Brasil 0,669 diferença de 0,054
Em 2012, o México tinha IDH de 0,775 e do Brasil 0,730 diferença de 0,045

De 1980 até 2000:
- O México avançou o IDH 0,177
- O Brasil avançou a IDH 0,208
Como se percebe, o Brasil está se aproximando do México e continua se desenvolvendo um pouco mais rápido que os mexicanos.
 

terça-feira, 2 de abril de 2013

Perdendo o senso - por Olavo de Carvalho

Publicado originalmente na Segunda, 01 Abril 2013 19:22

Divulgação
Assustado com o número de mensagens falsas altamente comprometedoras que circulam em seu nome na internet, o deputado Jean Wyllys lançou do alto da sua tribuna na Câmara as perguntas desesperadas: "Será que as pessoas perderam todo o senso? Que é que está acontecendo neste país?"
 
São perguntas que faço há pelo menos vinte anos. Mas não foi só nisso que antecedi o sr. Wyllys. Também foi vinte anos atrás que o meu nome passou a circular como signatário de mensagens nazistas, terroristas, racistas, anti-semitas, o diabo. A isso veio acrescentar-se um caudal inesgotável de lendas urbanas que me apresentavam como espião da CIA ou do Mossad, como beneficiário de verbas do Partido Republicano, como agente comunista enrustido, como mentor secreto do Opus Dei e dos skinheads e, last not least, como guru de uma perigosa seita gnóstica.
 
 O sr. Wyllys está choramingando por coisa pouca. Em matéria de character assassination, ele mal sentiu o gostinho de um veneno que há décadas me é servido em doses oceânicas. Mas a nossa diferença não é só quantitativa. No caso dele, a mídia solícita e um punhado de ONGs correram para desmentir as mensagens, passando a reputação do deputado por um lava-rápido do qual saiu brilhando com o fulgor beatífico das vítimas inocentes; ao passo que, quando o atingido era eu, até figuras mais conhecidas como os srs. Leandro Konder, Emir Sader e Mário Augusto Jacobskind, à esquerda, ou os srs. Rodrigo Constantino, Anselmo Heydrich e Janer Cristaldo, à direita, se apressaram em legitimar o acervo lendário anônimo, aprimorando-o e acrescentando-lhe novas invencionices de sua própria criação.
 
A coisa avolumou-se a tal ponto que ultrapassou toda possibilidade de contestação ou revide. Embora o número de pessoas de nível universitário envolvidas nessa operação subisse a vários milhares, caracterizando um fenômeno sociológico de dimensões alarmantes, o sr. Wyllys achou mais escandaloso e mais significativo o fato de que tratamento similar lhe fosse aplicado homeopaticamente, em dose única e diluição infinitesimal.
 
Quando ele pergunta o que há de errado na mente dos brasileiros, deveria aferir antes de tudo o seu próprio senso das proporções. De qualquer modo, as perguntas valem por si.
A vida na sociedade baseia-se na aceitação geral e costumeira de certos princípios tácitos, que servem de critério de julgamento nos instantes de confrontação e dúvida. É o que Antonio Gramsci, dando ao termo uma conotação peculiar, denominava "senso comum".
 
O próprio Gramsci reconhecia que o senso comum predominante nas nações ocidentais refletia, grosso modo, a cosmovisão cristã, mesmo em versão laicizada e amputada de quaisquer referências religiosas.
 
A demolição desse senso comum tornou-se desde os anos 60 o objetivo prioritário do combate cultural revolucionário. Mas nem de longe imaginem que "combate cultural" significa uma luta de ideias, uma disputa entre eruditos. Não significa nem mesmo propaganda ou "doutrinação".
 
As pessoas que me escrevem queixando-se da "doutrinação esquerdista" que seus filhos recebem nas escolas, venho há anos tentando explicar que os bons tempos da doutrinação e da propaganda já acabaram, que há décadas o sistema educacional ameaça a integridade mental das nossas crianças com algo de bem mais perverso e temível: um conjunto de técnicas de manipulação comportamental que permitem moldar ou modificar atitudes e hábitos  diretamente, sem passar pela inculcação de idéias e crenças, isto é, sem qualquer apelo ao pensamento consciente.
 
Já falei disso no meu livro de 1996, O Jardim das Aflições, e recentemente a Vide Editorial publicou, a conselho meu, a obra-padrão sobre o assunto: Maquiavel Pedagogo ou O Ministério da Reforma Psicológica, de Pascal Bernardin.
 
 A doutrinação comunista clássica baseava-se nas artes da dialética, da retórica e da propaganda, e procurava inculcar na mente do público uma concepção do mundo, da história e da política, o que não era possível sem mostrá-la como alternativa a alguma concepção concorrente, alimentando discussões.     
 
As novas técnicas não têm nada a ver com retórica e propaganda. Baseiam-se inteiramente nas chamadas "ciências da gestão": engenharia social, marketing, gerenciamento, psicologia comportamental, programação neurolinguística, Storytelling, Social Learning e Reality Building.
 
Um dos efeitos mais diretos da aplicação dessas técnicas em escala de massas é a disseminação epidêmica de um estado crônico de "dissonância cognitiva", um quadro mental descrito pioneiramente por Leon Festinger em 1957. Dissonância cognitiva é conflito entre as crenças e a conduta.
 
Dissonâncias cognitivas temporárias são normais e até desejáveis no desenvolvimento humano. Quando o quadro se torna crônico, rompe-se a unidade da consciência moral e o indivíduo tem de buscar fora dele mesmo, na aprovação grupal ou na repetição de slogans ideológicos, um sucedâneo da integridade perdida. Ao espalhar-se entre a população, a incapacidade de julgar realisticamente a própria conduta resulta na queda geral do nível de moralidade, assim como na disseminação concomitante da criminalidade e das condutas destrutivas, mas isso, segundo os engenheiros sociais, é um preço módico a pagar pela dissolução do senso comum e pela implantação dos novos modelos de conduta desejados.
 
Antes de posar de vítima da falta de consciência moral dos outros, o sr. Wyllys deveria perguntar se o próprio movimento que ele representa não tem utilizado abundantemente essas técnicas para modificar a conduta de crianças, adolescentes e adultos.
        
        
            
Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia
 

O anúncio de Olavo Bilac

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