quarta-feira, 4 de junho de 2014

Algumas frases aterradoras contidas no livro de Thomas Piketty

por , sexta-feira, 30 de maio de 2014


Vários artigos, inclusive na grande mídia, já foram escritos comentando os vários erros teóricos, bem como as flagrantes manipulações de dados, encontrados no livro-sensação do momento, Capital no Século XXI, do francês Thomas Piketty. 
Financial Times, por exemplo, descobriu que o livro contém dados que foramdeliberadamente adulterados.

Juan Ramón Rallo decidiu testar empiricamente a tese central propagandeada pelo livro — a de que a riqueza dos bilionários aumenta quase que por inércia, a uma taxa maior que a do crescimento da economia — e tambémdescobriu que ela não se sustenta
E Hunter Lewis mostrou que os dados utilizados por Piketty não apenas foram erroneamente interpretados por ele como também, e ainda pior, são baseados em extrapolações criadas pelo próprio autor.
Meu intuito aqui é outro: quero chamar a atenção para o estupefaciente ódio à propriedade privada e aos básicos direitos à privacidade financeira que permeia todo o livro.  A maneira mais rápida de fazer isso é simplesmente reproduzindo algumas das mais aterradoras frases contidas no livro, as quais vão logo abaixo.
À medida que você for lendo as frases abaixo, lembre-se de que o livro de Piketty vem sendo celebrado por toda uma gama de intelectuais progressistas, os quais, mesmo quando eventualmente o criticam pontualmente — como fez Larry Summers, ex-secretário do Tesouro de Bill Clinton —, fazem questão de ressaltar que o livro é simplesmente maravilhoso. 
O motivo de tais intelectuais estarem dispostos a relevar os vários erros metodológicos, teóricos e empíricos encontrados no livro é simplesmente porque eles endossam o espírito do livro.  E quando você finalmente entender qual é exatamente esse espírito, você ficará extremamente preocupado quanto ao futuro.  Apenas leia o material coletado.
"Impostos não são uma questão técnica.  Impostos são, isso sim, uma questão proeminentemente política e filosófica, talvez a mais importante de todas as questões políticas.  Sem impostos, a sociedade fica destituída de um destino comum, e a ação coletiva se torna impossível." (p. 493)
"Quando um governo tributa um determinado nível de renda ou de herança a uma alíquota de 70 ou 80%, o objetivo principal obviamente não é o de aumentar as receitas (porque essas altas alíquotas nunca geram muita receita).  O objetivo é abolir tais rendas e heranças vultosas, as quais são socialmente inaceitáveis e economicamente improdutivas..." (p. 505)
"Nossas descobertas [de Piketty e de seus co-autores] possuem importantes implicações para o grau desejável de progressividade tributária.  Com efeito, elas indicam que impor alíquotas confiscatórias sobre as altas rendas não apenas é possível como também é a única maneira de acabar com os aumentos observados nos altos salários.  De acordo com nossas estimativas, a alíquota ótima de imposto de renda para os países desenvolvidos é provavelmente uma maior que 80%." (p. 512)
"Uma alíquota de 80% aplicada a receitas maiores que US$500.000 ou US$1 milhão por ano não traria ao governo muito em termos de receita, pois ela rapidamente alcançaria seu objetivo: reduzir drasticamente as remunerações, mas sem reduzir a produtividade da economia, de modo que os salários subiriam a níveis menores". (p. 513)
"O propósito primário dos impostos sobre ganhos de capital não é o de financiar programas sociais, mas sim o de regular o capitalismo.  A meta é, em primeiro lugar, acabar com o contínuo aumento na desigualdade de renda, e, em segundo lugar, impor uma regulação efetiva sobre os sistemas bancário e financeiro para evitar crises." (p. 518)
"[A transparência financeira associada ao imposto global proposto por Piketty] iria gerar preciosas informações sobre a distribuição de riqueza.  Os governos nacionais, as organizações internacionais, e os institutos de estatística ao redor do mundo iriam pelo menos ser capazes de produzir dados confiáveis sobre a evolução da riqueza global... [Os cidadãos] teriam acesso a dados públicos sobre fortunas, cujas informações seriam fornecidas por lei.  Os benefícios para a democracia seriam consideráveis: é muito difícil ter um debate racional sobre os grandes desafios enfrentados pelo mundo atual — o futuro do estado de bem-estar social, os custos da transição para novas fontes de energia, o tamanho do estado em países desenvolvidos, e muito mais — porque a distribuição global de riqueza continua muito opaca." (pp. 518-519)
"Um imposto de 0,1% sobre o capital não seria apenas mais um imposto; ele teria, acima de tudo, o intuito de ser uma lei que obriga o relato compulsório de informações pessoais.  Todos seriam obrigados a divulgar informações sobre a natureza de seus ativos para as autoridades financeiras mundiais.  Só assim poderão ser reconhecidos como os proprietários legais daquilo que possuem..." (p. 519)
Referindo-se à necessidade de se abolir todos os paraísos fiscais por meio da obrigatoriedade de especificar todos os seus ativos às autoridades globais: "Ninguém tem o direito de determinar suas próprias alíquotas de impostos.  Não é certo que indivíduos enriqueçam por meio do livre comércio e da integração econômica, obtendo lucros à custa de seus vizinhos.  Isso é roubo puro e descarado." (p. 522)
"Se, amanhã, alguém descobrir em seu quintal um tesouro maior do que toda a riqueza existente em seu país, seria correto aprovar uma emenda constitucional para que esta riqueza seja redistribuída de uma maneira mais sensata (é o que devemos desejar)." (p. 537)
"Na África, a saída de capitais sempre excedeu o influxo de ajudas estrangeiras.  Não há dúvidas de que foi algo bom vários países ricos terem impetrado medidas judiciais contra líderes africanos que saíram de seus respectivos países com grandes fortunas.  Porém, seria algo ainda mais proveitoso criar uma instituição de âmbito global voltada para a cooperação tributária e para o compartilhamento de dados com o objetivo de permitir que os países da África e de outros continentes descubram essas pilhagens de maneira mais sistemática e moderna, especialmente quando se leva em conta que empresas internacionais e acionistas de todas as nacionalidades são, no mínimo, tão culpados quanto as inescrupulosas elites africanas.  De novo, a transparência financeira e um imposto global e progressivo sobre o capital são a solução correta."  (p. 539)
"Do ponto de vista do interesse geral e do bem comum, é preferível tributar os ricos a tomar emprestado deles." (p. 540)
Essas frases revelam que Piketty na realidade não tem nenhum interesse em apenas aumentar as receitas dos governos com seus esquemas tributários; o que ele realmente quer é acabar de uma vez por todas com a formação de fortunas.
Para finalizar, um alerta a todos que ainda prezam valores ultrapassados como privacidade financeira e estado de direito: preocupem-se.  Piketty e todos aqueles que estão tecendo louvores a seu livro não têm a mais mínima consideração pela maneira como uma pessoa construiu sua fortuna.  Não importa se você trabalhou duro, poupou e foi um corajoso empreendedor.  Tudo será confiscado.  Eles, aliás, nem sequer têm "planos nobres" para como irão utilizar toda a propriedade que pretendem confiscar — o objetivo é apenas o de garantir que uma pessoa rica deixe de ser rica. 
Se você for razoavelmente rico, é melhor se tornar amigo de Piketty e sua turma, e bem rápido.  Talvez assim eles permitirão que você mantenha pelo menos uma fatia de suas propriedades.
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Leia também:

é Ph.D em economia pela New York Universityeconomista do Institute for Energy Research, um scholar adjunto do Mises Institute, membro docente da Mises University e autor do livro The Politically Incorrect Guide to Capitalism, além dos guias de estudo para as obras Ação Humana e Man, Economy, and State with Power and Market.  É também dono do blog Free Advice.





Thomas Piketty e seus dados improváveis
por , quarta-feira, 7 de maio de 2014


thomas-piketty.w1058.h704.jpgO principal livro de Keynes, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, está repleto de teoria econômica.  Há apenas duas páginas contendo dados, e Keynes ainda desqualifica esses dados dizendo que são "improváveis".
Em contraste, o novo livro do francês Thomas Piketty, O Capital do Século XXI, que é a sensação mundial do momento, é recheado de dados. Ironicamente, Piketty se considera um sucessor daquele mesmo economista cujos dados Keynes descartou como improváveis: Simon Kuznets.  Quase todas as pessoas que realmente leram o livro admitem que o argumento teórico de Piketty é fraco.  No entanto, seus defensores prontamente contra-argumentam: "Mas veja todos esses dados! Não dá para argumentar contra todo esse volume de evidências históricas!"
O principal argumento de Piketty é que a riqueza (que tende a se concentrar em poucas mãos) cresce mais rapidamente do que a economia, de modo que aqueles que já possuem muita riqueza vão se tornando cada vez mais ricos em relação a todos os outros. Supostamente, esta seria uma característica inevitável do capitalismo.
(Se essa tese lhe soa familiar, é porque ela realmente é: a teoria de Piketty é apenas uma repetição mais atualizada do que Marx e Keynes já haviam dito, embora seja válido lembrar que Keynes zombou da maioria das coisas ditas por Marx, classificando-as como "embuste").
Mas qual seria então a prova de que a riqueza cresceu mais rápido do que a economia?
Analisemos o gráfico abaixo, que foi adaptado do livro de Piketty. A linha roxa é o retorno sobre o capital e a linha amarela é a taxa de crescimento da economia mundial. A linha roxa supostamente mostra como os ricos estão se saindo e a linha amarela, como o cidadão médio está progredindo.  Observe que as partes de ambas as linhas localizadas na extrema direita do gráfico são meramente uma projeção de Piketty, e não dados históricos.
1.jpg
Este gráfico é espantoso por várias razões.  Em primeiro lugar, ele sugere que o capital apresentou um retorno de 4,5% ou mais, por ano, no período que vai do ano 0 ao ano 1800.  Este valor é insano.  Por exemplo, se toda a raça humana houvesse começado o ano 1 com uma riqueza total de apenas US$10, um crescimento composto de 4,5% ao ano durante 1.800 anos faria com que, atualmente, fossemos mais de um trilhão de vezes mais ricos do que realmente somos — lembrando que a riqueza total do mundo foi estimada pelo Credit Suisse em US$241 trilhões de dólares.
Esse valor de 4,5% de retorno sobre o capital também é insano porque o próprio Piketty argumenta, e muito corretamente, que todo o crescimento econômico ocorrido antes da Revolução Industrial foi insignificante, o que significa que retornos tão altos para os ricos simplesmente não são compatíveis com um crescimento tão ínfimo.  A verdade é que, durante boa parte desse período, os ricos estavam mais interessados em gastar ou em esconder suas riquezas a investi-las, pois, naquela época, expor suas riquezas significava se tornar suscetível a ser roubado — ou por bandidos ou pelo governo.
Por fim, se analisarmos mais atentamente a parte mais atual do gráfico (1913 a 2012) e ignorarmos a projeção feita para o futuro, veremos que as linhas também não dão sustentação à tese de Piketty.  A ideia de que, no capitalismo, os ricos sempre necessariamente se tornam mais ricos em relação a todos os outros simplesmente não é corroborada pelos dados que ele apresenta.
Já o gráfico seguinte mostra a fatia da riqueza nas mãos dos 10% mais ricos da Europa ao longo do tempo (linha azul-escura), a fatia de riqueza nas mãos dos 10% mais ricos dos EUA (a linha verde clara), a fatia da riqueza nas mãos do 1% mais rico da Europa (linha azul-clara) e a fatia da riqueza nas mãos do 1% mais rico dos EUA (a linha verde-escuro).
Este gráfico também não corrobora a tese de Piketty.  Sim, a fatia dos ricos cresceu desde 1970, mas só depois de ter caído acentuadamente antes.
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Finalmente, o próximo gráfico mostra a renda dos 10% mais ricos dos EUA ao longo do tempo em termos da porcentagem da renda total do país.
Renda, neste caso, inclui também os ganhos de capital, que, em termos práticos, não representam renda verdadeira, mas sim apenas uma troca de um ativo por outro.  E exclui as transferências de renda feitas pelo governo, exclusão essa gera uma grande alteração nos resultados. Ainda assim, mais uma vez, não se observa nenhum aumento inexorável na renda dos mais ricos ao longo do tempo.  Longe disso.
3.jpg
O que realmente vemos no gráfico acima são dois picos para as pessoas de maior renda: um imediatamente antes da crise de 1929 e o outro imediatamente antes da crise de 2008.  Ambos os picos ocorreram justamente durante as duas maiores bolhas econômicas da história americana, nas quais o Banco Central americano, em conluio com o sistema bancário, estimulou a expansão do crédito e criou muito dinheiro, o que gerou uma falsa e insustentável prosperidade.  Ambas também foram eras que representaram o ápice do capitalismo corporativista — também chamado de "capitalismo de compadrio" —, no qual aquelas pessoas ricas que tinham conexões com os governos utilizaram o dinheiro criado pelo sistema bancário para se tornar ainda mais ricas ou simplesmente se beneficiaram de outras políticas governamentais que as favoreciam.
Infelizmente, após a crise de 2008, o ativismo dos bancos centrais ao redor do mundo inflou outra bolha nos mercados de capitais.  Isso elevou a fatia da renda dos mais ricos novamente para o patamar de 50% da renda total em 2012, baseando-se em dados foram disponibilizados após a publicação do livro.  Só que essa nova bolha também irá estourar, o que derrubará a fatia da renda dos mais ricos de volta ao patamar dos 40% observados em 1910, início do período analisado pelo gráfico.
Talvez a afirmação mais surpreendente do livro de Piketty é a de que as burocracias governamentais terão de ser reformadas para que possam fazer um uso mais eficiente de toda a receita adicional que será gerada pelos novos impostos sobre renda e sobre a riqueza que ele recomenda.  A suposição é a de que o controle governamental quase que completo sobre a economia seria o melhor arranjo, só que esse mecanismo ainda necessita de alguns ajustes para ser definitivamente implantado.
Ludwig von Mises demonstrou, há quase 100 anos, que uma economia gerenciada pelo  estado simplesmente não tem como funcionar, pois, entre outros problemas, ela não é capaz de estabelecer preços racionais. Só uma economia guiada pelos consumidores pode fazer isso.  Os socialistas têm tentado refutar a tese de Mises desde então, mas nunca conseguiram. Piketty deveria ao menos ler Mises.
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Para ver outro artigo que refuta, com fatos e dados empíricos, a tese central de Piketty, leia este:

Tradução de Pedro Borges Griese
Hunter Lewis é autor de nove livros, dentre eles dois novos: Free Prices Now!  e Crony Capitalism in America: 2008-2012. Lewis é o co-fundador do movimento anti-corporativista Against Crony Capitalism.org.  Também foi criador e presidente da Cambridge Associates, uma empresa de investimentos atuando em nível global.  Já participou do conselho de 15 organizações sem fins lucrativos, dentre elas organizações ambientalistas, pedagógicas, culturais e de pesquisa.  Também já foi membro do Banco Mundial.






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