quarta-feira, 17 de junho de 2009

A mecanização assume o comando

Gostaria de fazer alguns cometários que acabei lembrando no decorrer da exposição. Situações que já fazem um tempinho...

...já que é muito familiar pela atividade profissional que tenho.
Participo da formação profissional a quase 3 décadas para empresas do Pólo de Camaçari, Petrobras e outras no país. Vejo as transformações que o mercado tem sofrido quanto a exigência na formação técnica.
Na Década de 1980 ainda existia um delineamento claro entre as fronteiras profissionais. A abordagem de Taylor com o "use de métodos científicos, seleção, treinamento e fiscalização" e de Ford com as metas a serem alcançadas por cada funcionário também eram bem evidentes. A formação de várias turmas de Operadores de Processos Industriais para as áreas Química e Petroquímicas era uma constante e ocorria com as seguintes etapas: Pré-seleção de candidatos, o treino para adequar os sujeitos às novas tecnologias científicas de produção. A seleção de fato ocorria no contato destes indivíduos com a vida real dentro da industria. A figura do Encarregado ou do Cotu (Chefe de Operação de Turno) fechava o ciclo com a fiscalização.
Muitos destes ex-alunos estão empregados até hoje, alguns até aposentados.
O ritmo de trabalho hoje em dia é diferente. As regras de turno podem até serem as mesmas, mas as competências ampliaram. O modelo Toyotista implantou uma interdisciplinariedade que flexibilizou os limites dos campos de atuação profissional, aumentando a responsabilidade e ampliando a gama de conhecimentos com a inclusão de tecnologias de comunicação digital, automação, etc. Muita terceirização tirou os postos originais de trabalho e transferiu para empresas que prestam serviço, muitas vezes empregando o mesmo profissional que havia sido demitido, vindo atuar muitas vezes no mesmo lugar e com a mesma função, só que por um salário menor.
Se o trabalho que empreendi ao longo deste tempo sempre foi ligado a um tipo de mecanização, levando-se em conta que é uma das aplicações da Teoria Geral dos Sistemas de L. Von Bertalanffy, o que percebo hoje é um aumento brutal da interatividade das informações antes dispersas e isoladas em sub-sistemas. Estes sub-sistemas estão conectados, logo o grau de complexidade aumenta muito.
O usos da informática de uma forma intensa com a crescente automatização das operações, tem se necessitado cada vez menos de profissionais e mais de tecnologia. A flexibilidade e eficiência e rapidez na produção, é fator decisivo de competitividade.
Em 1989 foi construído o segundo robô da Bahia e o primeiro do Cefet-Ba (http://www.4shared.com/file/56549018/b54f78a1/Robo-_RAI_1.html )bem antes da chegada das empresas no pólo de informática de Ilhéus e da instalação da Ford. Foi um estudo teórico-prático despretensioso. Porém a robótica industrial uniformizou e aumentou a produção, melhorando a qualidade, e facilitando a mudança do tipo de produto pela mudança de um software e não mais pelo treinamento de um contingente de pessoas.
É evidente que estes novos profissionais ficam inseguros para enfrentar os novos desafios profissionais. No passado alguns adquiriram doenças ocupacionais muito sérias. Hoje, apresentam novas classes de doenças, onde os estudos de nexo causal as correlacionam com a atividade profissional. Os problemas emocionais como a depressão, ansiedade, alcoolismo, uso de drogas, síndrome de burnout.

Filmes: além dos já mencionados "Eu, Robô", "Metrópolis" e "Tempos Modernos" sugiro também "2001 - Uma Odisséia no Espaço" que coloca em cheque, na visão de Artur C. Clark, o homem contra a máquina (HAL 9000) que o domina e o filme "Matrix" como uma visão incrivelmente dominadora da máquina se utiliza o homem como uma fonte de energia, em uma inversão total dos papeis. A criatura domina o criador.

Um abraço

José Lamartine Neto

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