terça-feira, 19 de novembro de 2013

Estado brasileiro pede desculpas aos estudantes, gesto de culto a própria personalidade

Um colega comenta e posta um texto que saiu a poucos dias na revista Carta Maior.

Ontem, como hoje os nossos jovens ESTUDANTES ainda fazem revolução e tomam em suas mãos os prumos e rumos da nossa história, transformando e construindo novos sonhos de um porvir melhor.

Mesmo assim, ainda hoje existem alguns poucos que não acreditam no poder de transformação desta juventude.


Estado brasileiro pede desculpas aos estudantes presos no Congresso da UNE em 1968
Dermi Azevedo

O Estado brasileiro reconheceu, em Ibiúna, no último dia 15, a sua responsabilidade, acompanhada por um pedido formal de desculpas, na prisão de mais de 600 estudantes em 1968, que participavam do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).


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"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo" (Olga Benário Prestes)
"Sou louco porque vivo em um mundo que não merece minha lucidez"(Bob Marley)
JC

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Veja isso é um pouco complexo pois os mesmos artistas foram presos de novo no Mensalão.

JBRITO
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Comento:

Você já pensou na possibilidade de pedir desculpas para sua própria juventude? Ora, o que você é hoje é o resultado de sua própria história, dependeu das decisões e escolhas que você mesmo fez.

Esta historia do governo pedir desculpas tardias aos jovens de 1968 é, de fato reconhecer que os mesmos estudantes de outrora que hoje fazem parte deste mesmo governo pedem desculpas para si mesmos.

Falta-lhes inteligência para perceber que isso é vergonhoso, reconhecer publicamente que estão menos sábios e maduros do que estavam naquele tempo.

Lamartine

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Um colega que respeito muito faz sua defesa


Colegas,

O que pode haver de errado no pedido de desculpas aos estudantes de 68?
Dizer que agora esses estudantes ocupam os cargos do executivo é risível.
Outros que estiveram no executivo recentemente e que foram estudantes nos anos da ditadura civil-militar nem pensaram em fazer qualquer ação de desculpas ou algo parecido. Aliás, muito pelo contrário, só faltou o apoio público ao que alguns ainda chamaram de ditabranda!

Lembram do que o STF fez com a auto-anistia que os milicos se deram?
Julgar que essa lei(?) era constitucional foi o máximo da falta de ética. Isso sim é que foi triste, fazer o jogo dos golpistas contra um governo eleito e que tinha apoio popular e mesmo depois de tantos anos ainda serem sabujos dos donos do poder.

Perdoe-me Lamartine, mas nenhuma revisão histórica poderá passar sem esses "pequenos" - e incipientes - processos de desculpas, de exumação, de reanálise de uma historia que pelo menos se aproxime da verdade, por quem hoje ocupa o cargo daqueles que cometeram esses crimes.

Quem pede desculpas é o governo. E isso é o mínimo que tinha a obrigação de fazer.

Espero que ainda façam muito mais.

Saudações,

U.

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Por fim mês explico melhor...

Caríssimo Prof U,

Soube de uma faceta da historia de Hyppolite Taine que vendo-se eleitor aos 21 anos, percebeu que nada sabia do que era bom ou mau para a França, muito menos das ideologias em disputa na eleição. O que ele fez? Não votou, absteve-se e começou a estudar o país. Algumas décadas depois, em 1875, publicou as "Origines de la France Contemporaine" um monumento em cinco volumes da ciência histórica e um dos livros mais esclarecedores de todos os tempos que ajudou muitas gerações a votar.

A ética taineana é baseada na prioridade do saber. Influenciou o jornalista e escritor Lima Barreto evidenciado em seu romance escrito a um século "Triste Fim de Policarpo Quaresma" retratando um duelo do personagem com Floriano Peixoto.

Porém nas ultimas décadas parece que vem ocorrendo um fenômeno diferente ilustrado sinteticamente por uma frase de Oscar Wilde ao admitir “Não sou jovem o suficiente para saber tudo". É razoável percebermos que ao envelhecer vamos tendo certeza que sabemos pouco e que sabíamos cada vez menos.

Um pedido de desculpas sincero tem a força de cura para muitas feridas, aplaca os ódios, alivia as almas. Sim, almas, pois pressupõe que estejamos tratando de relações sistêmicas entre pessoas diferentes. Co-responsabilidade. Alguém cede, desiste da luta. Só funciona se o mais forte desta relação se desculpar perante o mais fraco.

Professor U., respeito a forma como o senhor vê a situação mas, penso que aqueles antigos estudantes que hoje fazem parte da atual elite política, intelectual e cultural do país, mais do que um pedido de desculpas aos antigos estudantes, se utilizam do governo, para fazerem um gesto de culto a suas próprias personalidades, uma reverencia a si mesmos e a suas imensas sabedorias juvenis.

Lamartine

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