quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Tipos de família
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Todo es igual, nada es peor - Olavo de Carvalho
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
O menino, o avô e o lápis
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Nunca se matou tanto no Brasil
No quadro abaixo (2.1) mostra que os homicídios brasileiros estão matando mais que as mais sangrentas guerras ao redor do mundo. Não tem explosão de bomba ou atentado político que nos supere.
Arma chinesa e a facilitação brasileira
Por fim incitei os colegas a terem “coragem de ler o proibido. É muito fácil ler só aquilo que massageia o ego ideológico”. Tenham coragem de ler a excomungada. Daí em diante coloquei uma parte da reportagem da revista Veja edição 2248 de 19 de dezembro de 2011 no item Educação conforme abaixo:
Capítulo 1 - Os alunos e seus pais
Capítulo 2 - A sala de aula
Capítulo
3 - OS ProfessoresCapítulo 4 - O empuxo histórico e cultural
Capítulo 5 - As políticas públicas
(click para ver a matéria completa da Revista Veja)
Depois da postagem tive logo uma resposta de um colega que acrescentou “para reforçar o conteúdo dessa reportagem” “Isso é que é vontade de prosperar:
Respondi-lhe dizendo que achei muito ilustrativo a imagem compartilhada. Mostra como pais e professores podem, de fato, ajudar a forjar o caráter de seus jovens. Muito diferente das posturas facilitadoras que encontramos exemplificadas nos quatro cantos deste país.
Em uma história antiga, que não sei a autoria, ilustra muito bem as conseqüências da ajuda em excesso. A história começa assim...
“Certo homem estava observando um jardim cheio de borboletas. Encantado com a beleza daqueles pequenos seres voadores, ele percebeu na ponta de um arbusto um casulo de borboleta. O bichinho estava rompendo a casca e parecia fazer um esforço imenso. Penalizado, decidiu ajudar a borboleta, rasgando o que faltava da casca. A borboleta tentou ficar em pé, bater as asas, mas parecia que algo estava errado. Suas asas estavam enrugadas e ela não tinha forças para levantar vôo. Infelizmente, depois de um tempo acabou morrendo.
O homem intrigado procurou um amigo que era biólogo e lhe perguntou a razão daquilo ter acontecido. O amigo lhe explicou que ao tentar ajudar a borboleta a sair do seu casulo, o homem havia interrompido o processo natural de crescimento, danificando uma etapa vital para a sobrevivência da borboleta: a abertura e secagem das asas. Quando a borboleta sai do casulo, ela demora o tempo certo para que suas asas sequem e se fortaleçam o suficiente para poder sair voando. Como isso não aconteceu, as asas ficaram deformadas, impedindo que ela pudesse ter uma vida normal.
Moral da história: Assim como aquela borboleta, também temos fases em nossa vida. Por mais difíceis que algumas delas possam parecer, elas são essenciais. Brincar, desenvolver habilidades motoras, estudar, aprender a obedecer e ter responsabilidades, a ler e estudar e se dedicar... tudo isso e muito mais fazem parte do processo de crescimento. Queimar etapas não leva ninguém a um estágio superior com mais rapidez. Em realidade só cria um desequilíbrio que pode ser muito ruim.”
A postura Facilitadora aumenta a probabilidade de criar deformações comportamentais no indivíduo por impedir seu amadurecimento psicológico.
Como no caso da borboleta, a desculpa é a intenção de ajudar, mas o que está sendo criado é um aparato legal com alegação de se fazer "reparações sociais", ou a proteção a grupos específicos perseguidos (baseados em mentiras), tratando-os de forma diferente aos demais cidadãos (caindo por terra a máxima de que todos são iguais perante a lei), ou invadindo os lares como a "lei da palmada" que não distingue castigo educativo da agressão. Resultado, todos estão nas mãos das supostas vítimas e suas interpretações subjetivas. Isso é o fascismo puro. Não me espanta se reações violentas passarem a ocorrer.
Meu interlocutor ainda acrescenta que foi muito oportuno a colocação sobre as "posturas facilitadoras" que estão grassando na nossa sociedade, haja visto o recente episódio dos "baderneiros" de uma universidade pública, que até estão sendo denominados de "presos políticos", pode? E completa dizendo que “enquanto utilizarmos 'essas posturas' em nosso processo de ensino-aprendizagem, teremos sempre resultados pífios, continuaremos na rabeira do PISA”.
A novíssima poesia Baiana
Um colega de trabalho postou este texto abaixo...
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Fica a demonstração para todos nós de como boa parte da população se diverte, do que cria-se como referência estética e cultural.
Daí, querer propor que um aluno escute Chico, Betania, Milton, Gil, Tom Zé, Ney Matogrosso, Vinícius, Caymmi, Nara Leão, Elis e tantas outras expressões da nossa música torna-se uma tarefa quase impossível. Quanto mais, ler Jorge Amado.
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Se tivesse já teria sido banido ou então as fabricas de papel jornal já teriam sido tomadas pelo Estado (como ocorreu com a Argentina).
Nosso povo não está só politicamente enfraquecido, mas psicologicamente está desarmado.
O povo, a massa sem face não pensa, apenas age. Vimos isso nas manifestações pelo mundo. Basta alguém dar a direção dizendo que é o certo a se fazer.
Sabendo que tivemos escritores, artistas e intelectuais do peso de Gregório de Matos, Castro Alves, Adonias Filho, Jorge Amado, Antônio Torres, João Ubaldo Ribeiro, Ruy Espinheira Filho, Florisvaldo Matos, Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Raul Seixas, João Gilberto e quem sabe não poderíamos incluir o padre Antonio Vieira, que chegou à Bahia com a família ainda criança, para hoje testemunharmos o horror cultural que impera na Bahia, é de doer.
Abaixo está um texto para reforçar a lista ...
A LITERATURA BAIANA CONTEMPORÂNEA
Gerana Damulakis
Principalmente nos últimos anos tem havido uma intensa atividade literária com vasta produção de livros, inclusive de novos autores que, infelizmente, por circunstâncias de distribuição, não chegam às livrarias do país. Aqui, se torna necessário caracterizar a literatura baiana, porque há a literatura feita por escritores nascidos na Bahia, mas não residentes no estado; há alguns poucos que produzem na terra sem serem baianos natos; e há, finalmente, os que nasceram, residem e produzem em seu próprio solo. Tais divisões separam da realidade literária nacional nomes como Antônio Torres, João Ubaldo Ribeiro, assim como uma Sonia Coutinho e uma Helena Parente Cunha, moradores do Rio de Janeiro, de seus pares e conterrâneos que não deixaram ou que deixaram e logo voltaram para Salvador.
Continua em...
http://leitoracritica.blogspot.com/2007/11/literatura-baiana-contempornea.html
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Assassinatos de gays em 2010
Segundo o Grupo Gay da Bahia existe uma "epidemia de ódio contra os homossexuais" resultando em 260 assassinatos no Brasil em 2010.
Considerando a população de 195 milhões de brasileiros, eliminemos as crianças menores de 14 anos que ainda não sabem se são ou não homossexuais, são mais ou menos 1/3 da população: 66 milhões. Ficamos então com algo perto de 130 milhões de adultos ou adolescentes de ambos os sexos.
Consta em dados internacionais que o percentual médio de gays na população varia entre 10% e 16% dependendo da cultura onde vive. Sendo conservador e atribuindo 10% de gays isso nos dá um número de 13 milhões de possíveis gays no Brasil. Entre esses, é claro, estão os enrustidos que nunca saíram do armário.
Logo:
- Se 260 gays são assassinados em um universo de 13 milhões, isso representa 0,002%.
Para o restante da população:
- São 50 mil assassinatos em um universo de 130 milhões o que representa 0,038%
Mais alguns detalhes:
a) A maior parte destes assassinatos de gays são crimes praticados por aqueles com quem se relacionam seja como travestis em prostituição, ou crimes passionais por ciumes dos parceiros, etc., ou seja, são crimes praticados por outras pessoas que são sexualmente atraídos por pessoas do mesmo sexo, logo são homossexuais do mesmo jeito.
b) Nenhum dos assassinos de gays saíram de pregações políticas ou religiosas que incitaram ao ódio aos homossexuais, muito pelo contrário, a militância gay está incitando a perseguições de direitos civis a qualquer um que ouse emitir sua opinião discordante. Estes são imediatamente acusados desproporcionalmente de crimes que sequer estão reconhecidos juridicamente. É a acusação e condenação preventiva.
Conclusão 1: Como os números não mentem, são assassinados 19,2 vezes mais héteros do que gays. Logo é mais seguro ser gay.
Só a título de comparação, vejam a tabela abaixo:
Assassinatos
Ano Gays Total de brasileiros
2006 112 49.145
2008 187 50.113
2009 198 51.434
2010 260 49.932
2011 266
2012 336
[...]
2016 347 60.000
E tem mais:
A relação de mortes estre as populações de Héteros e de Homos é:
ano Het/Hom
2006 43,88
2008 26,80
2009 25,98
2010 19,20
2011 18,77
2012 14,86
[...]
2016 16,60
REFERÊNCIA:
* Waiselfisz, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil. Instituto Sangari. SP. 2011. Disponível em http://mapadaviolencia.org.br/pdf2010/MapaViolencia2010.pdf
Waiselfisz, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2013 - Mortes Matadas por Armas de Fogo. Disponível em http://mapadaviolencia.org.br/pdf2013/MapaViolencia2013_armas.pdf
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domingo, 18 de dezembro de 2011
Pedalada com meu filho
Se adaptando a bicicleta Lucas levou duas quedas na ida. Acho que aprendeu com elas. A volta foi super tranquila, chegando inteiro e de uma única pedalada.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Homofobia não é crime - JOÃO PEREIRA COUTINHO
domingo, 11 de dezembro de 2011
Pedalada de dezembro 2011
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Liberdade , Patrulhamento Ideológico e Hipocrisia
“(...) Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Roberta Kaufmann, procuradora, mestra em direito pela UnB
Ronaldo Poletti, professor de direito da UNB
Ibsen Noronha, ex-professor voluntário da Faculdade de Direito
Demétrio Magnoli, sociólogo
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Maquiavel ou a Confusão Demoníaca de Olavo de Carvalho
domingo, 27 de novembro de 2011
A prova de sociologia
Por outro lado isso pode ser o reflexo da imposição de disciplinas de cunho ideologizante de forma obrigatória e a resposta do aluno pode refletir o grau de respeito que ele tem. Acredito que ele não está sozinho e até agora (10h20 de 26.11.2011) somam 265 comentários, 67 compartilhamentos e 38 curtidas, pessoas que podem não ter agido como o aluno da prova, mas sentem o aparente desprezo que ele sentiu.
Eis que um colega que está em outro Estado estudando escreve:
José Lamartine, sou doutorando em Sociologia e gostaria de saber, com o seu capital intelectual, qual o conteúdo ideológico dessa prova? Você conhece esse conteúdo? Agora te pergunto, ficar ensinado aos alunos como ser um bom profissional, como apertar uma válvula, tudo isso é neutro? Você não sabe nada de Sociologia, portanto, fale do que você estudou, de sociologia deixa para mim que sou doutorando.
Professor, o senhor percebeu que não entrei no mérito da prova e sim me referi a “disciplinas de cunho ideologizante de forma obrigatória” tal o contexto de imposição dos PCN e seu conteúdo? Quem sabe a resposta não esta no processo histórico de formação dos próprios professores?
SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: Entrevistas com Márcio da Costa e Santo Conterato (Junho de 2009)
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
O Ativismo Político do CFP - Luciano P. Garrido
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
SOBRA DINHEIRO, FALTA VIGILÂNCIA - Entrevista com Roberto DaMatta
O respeitado antropólogo brasileiro diz que o modelo de estado do PT, tão onipresente quanto ineficaz, só contribui para que a corrupção se dissemine pelo país. O antropólogo Roberto DaMatta, 75 anos, dedicou grande parte de sua vida a decifrar o comportamento dos brasileiros, publicando livros que se tomaram clássicos, como Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979. Ele observou de perto o objeto de suas pesquisas, seja embrenhando-se por tribos indígenas, seja examinando as pessoas ao volante - esse último assunto, aliás, abordado em seu mais recente livro, Fé em Deus e Pé na Tábua. Há sete anos, depois de quase duas décadas como professor na Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, DaMatta voltou a viver em Niterói, sua cidade natal, e hoje dá aulas na PUC do Rio. Casado há 48 anos com Celeste (que sofre da doença de Alzheimer), com quem teve três filhos, ele lamenta: "O PT enterrou o ideal de pureza e aderiu às piores práticas do velho clientelismo".
Qual é a parcela de culpa do PT nos altos níveis de corrupção no Brasil?
Na era petista, essa praga que toma o estado brasileiro disseminou-se à vontade, a ponto de a população indignar-se e ir às ruas protestar. Assim que chegou ao poder, o partido enterrou de vez o ideal de pureza do qual tinha o monopólio. Para pôr de pé seu projeto, aderiu às piores práticas do velho clientelismo: (troca de favores, cargos e dinheiro. Desse modo, conseguiu formar a Arca de Noé que é a coalizão na qual se apoia hoje e que lhe confere tanta força. Também deixou vago o espaço de uma oposição rigorosa, intolerante e dura, que deveria agora estar fiscalizando a farra no estado. É preciso lembrar àqueles que mandam na corte de Brasília que a máquina pública não é um veículo de enriquecimento e de aristocratização de seus funcionários. Veja o descalabro que é a evolução do patrimônio dos políticos brasileiros. Sua fortuna cresce a velocidade comparável apenas ao ritmo que embalou os barões de estradas de ferro nos Estados Unidos do século XIX. Algo está muito errado.
Por que o Brasil é um dos campeões mundiais de corrupção?
Primeiro, porque nosso estado é grande e centralizador de verbas e não atua com metas claras pelas quais precise prestar contas à sociedade. Sobra dinheiro e falta vigilância. Além disso, estamos falando de um mal de raízes muito antigas, entranhado no caldo cultural brasileiro desde os primórdios da colonização portuguesa. Foi ali que se fincaram as bases da ideia antimoderna de estado que persiste até hoje.
Quais seriam essas bases?
Temos um modelo de estado generoso, condescendente e que faz vista grossa aos pecadilhos de seus altos funcionários em detrimento do mérito e da eficiência. Ou seja: é um verdadeiro pai, mas apenas para quem se encastela na máquina e para os que orbitam ao seu redor. Ali impera a lógica dos privilégios e dos favores, como se fosse a extensão da própria casa daqueles que estão sob suas asas. São velhas práticas que já se observavam à chegada de dom João VI. Quando desembarcou no Rio de Janeiro, um de seus primeiros atos foi confiscar um lote de casas para dar de presente à corte. Mais tarde, o então imperador dom Pedro I sairia distribuindo títulos de nobreza aos parentes da marquesa de Santos, então sua amante. A proclamação da República não representou uma verdadeira ruptura dessa lógica. Mudou o regime, mas não a maneira de governar, tampouco a mentalidade reinante. Antes, inchava-se a máquina pública com parentes de sangue. Com o PT, o parentesco obedece à proximidade ideológica.
Por que as instituições não conseguem coibir os absurdos?
Porque não sabemos distinguir o público do privado. É preciso contar com um conjunto de instituições de dimensão pública que ajude a fazer a transição do núcleo familiar para a vida em sociedade, demarcando bem as fromeiras. Nos países europeus e nos Estados Unidos, são as próprias escolas que tratam de ensinar às pessoas, desde muito cedo, que as regras de casa, onde cada um é especial e tem seus privilégios, simplesmente não podem se reproduzir na rua. Enquanto há pelo menos dois séculos se aprende ali a discemir o público do privado no bê-á-bá, no Brasil, em pleno século XXI, ainda se acha essa uma ideia estranha. Nossos maus hábitos se replicam, e se aprofundam, no âmbilo do estado. Também nossas leis não ajudam a rechaçar a praga da corrupção.
Por quê?
A matriz jurídica no Brasil visa a garantir que determinadas pessoas em certas posições jamais sejam punidas. Para elas sempre há uma brecha legal. Foi o que ocorreu recentemente no caso da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), filha do ex-governador Joaquim Roriz. Apesar de todas as evidências de ter acumulado dinheiro ilicitamente, Jaqueline foi absolvida por seus pares, porque eles entenderam que ela teria prevaricado antes de se tornar deputada. Sendo assim, não haveria motivo para cassar seu mandato, o que a levaria à perda do cargo e da imunidade parlamemar, abrindo a possibilidade de ela ir a julgamento. Esse caso é emblemático de como a lei, ao se moldar ao perfil de poder do réu, se toma antiética. A leniência nesses casos é regra não exceção. O estado brasileiro usa as leis para manter os maus costumes. É vital inverter essa lógica perversa.
O sistema eleitoral brasileiro precisa mudar?
Sim, e o voto distrital seria um avanço. A experiência mostra de forma contundente que esse sistema é eficaz por aproximar a sociedade dos políticos que ela elegeu, já que encurta o caminho para a cobrança de resultados e para a fiscalização. Pode fazer enorme bem ao país. Pois aqui ainda há uma distância espantosa entre eleitores e eleitos, que se beneficiam disso para fazer o que bem querem em seu cargo. Enfatizo que é preciso consolidar instituições que tratem de garantir que o estado trabalhe em benefício da sociedade - e não em favor de si mesmo.
Em sua opinião, o governo se mete demais na vida das pessoas?
O PT cultiva um especial apreço pelos marcos regulatórios, uma excrescência que se dissemina em nosso país à revelia do bom-senso. O hábito vem de uma ideia atrasada segundo a qual o estado teria a resposta para todos os males da população - o que obviamente não tem. É um ideário que guarda parentesco direto com o populismo clássico. De acordo com essa corrente, sempre caberá mais um sob as asas benevolentes do estado, que acolhe e protege a todos. Para mim, está claro que isso não passa de uma maneira adocicada de não encarar questões amargas, que têm a ver com metas, mérito e com o bom gerenciamento dos recursos que são, afinal, dos cidadãos. O estado é hoje onipresente, mas o que ele precisa ser é eficiente.
O senhor pode dar um exemplo de intromissão indevida do estado?
A discussão sobre a regulamentação da imprensa, que quando achamos que está morta teima em voltar à cena, é particularmente revoltante. Não vejo outro nome para isso senão fundamentalismo. Nos Estados Unidos, a liberdade de imprensa é um dos valores constitucionais mais caros. É sagrada. Já dizia Thomas Jefferson (1743-1826), em palavras de extrema lucidez, que preferia uma imprensa sem governo a um governo sem imprensa, sempre, segundo ele, "considerando que todos possam ler jornais". São ideias avançadas e consolidadas que parecem passar ao largo das preocupações do PT, mais voltado para o seu projeto de se manter no poder o maior tempo possível. Mesmo que não tenha um plano definido sobre o que quer para o país e esteja perdido em um caldo ideológico confuso.
Quais são as indefinições do PT?
Há uma grande indefinição no PT quanto ao que o Brasil deve ser. Ouve-se de tudo: socialista, protossocialista, pós-socialista, capitalista. Falta também ao partido definir de uma vez por todas o que pensa sobre direitos humanos. Apoiar ditaduras mundo afora é uma contradição não só com sua trajetória, mas também com seu discurso atual - o mesmo que levou o partido ao poder. Em meio a ,dúvidas tão fundamentais, emerge um paradoxo. Mesmo que o país já se baseie em um sistema econômico moderno e competitivo, que o PT acolhe e em certa medida impulsiona, persiste até hoje uma forte resistência de petistas a valores universais como liberdade, competição e meritocracia. É algo inaceitável para um país que se pretende peça relevante de um mundo globalizado.
Por que há tanta resistência à ideia da meritocracia no Brasil?
A ideia de distinguir as pessoas por suas competências e talentos especiais sempre foi rechaçada pela maioria porque vai de encontro à própria maneira como nos entendemos no mundo: o brasileiro se sente estranho e desconfortável em situações nas quais os papéis não estão predefinidos, mas precisam ser conquistados à distância das relações de parentesco e amizade. No fundo, temos verdadeira alergia ao igualitarismo, segundo o qual todos dão a largada do mesmo ponto e cada um chega a um lugar diferente dependendo do próprio esforço e resultado. Eu mesmo passei boa parte de minha vida profissional fora do Brasil para fugir desse tipo de dogma.
O que mais o incomodava no ambiente universitário brasileiro?
Nas instituições públicas, impera a regra do tradicional funcionalismo - uma camisa de força para o trabalho intelectual. Muita gente na universidade, que gosta de estar sob tais normas, faz jornada das 9 da manhã às 5 da tarde. Como se fosse possível a quem ambiciona produzir algo verdadeiramente relevante e original encerrar o expediente com o critério do cartão de ponto. Comprar um reagente ou qualquer outro material é uma via-crúcis. Quem julga o processo é um burocrata de Brasília sem nenhuma sintonia com a cabeça do cientista. E as greves? Evidentemente, respeito o protesto, mas a paralisação das aulas é inadmissível. Professor indignado deve dar mais aulas ainda. De tudo, no entanto, o que mais me agastava era a isonomia salarial. É inadmissível ganhar o mesmo que um profissional que fica contando os minutos para ir para casa, Como o grande gerente do ensino superior de elite no Brasil, o estado não tem contribuído para tornar a academia brasileira criativa e inovadora.
Em sua mais recente pesquisa, o senhor estudou o comportamento dos brasileiros no trânsito. O que concluiu?
O trânsito mostra de forma inequívoca como o brasileiro tem horror a situações em que é colocado em igualdade de condições com os outros. Porque, ainda que uns dirijam suas limusines e outros, carrinhos populares, ou que uns tenham dinheiro para molhar a mão do guarda e outros não, o sinal vermelho será o mesmo para todos. Ultrapassá-lo significa pôr a própria vida e a dos outros em risco. As 40000 mortes no trânsito registradas no Brasil por ano são, em grande parte, o resultado da absurda e homicida tentativa de sobrepor-se à regra. O sistema de favores e privilégios, tão eficiente em outras esferas, não garante a invulnerabilidade dos que desrespeitam as regras de trânsito. Para um antropólogo como eu, ainda que com todos os entraves, o Brasil oferece um campo inesgotável para a investigação científica.
Sua mulher foi diagnosticada com a doença de Alzheimer. Como é lidar com isso?
Essa doença é terrível porque rouba a alma do doente, subtraindo dele o que nos torna, afinal, humanos: a capacidade de expressar de forma elaborada nossas ideias e emoções. A doença de rainha mulher, Celeste, foi diagnosticada há sete anos, e hoje ela já não fala, só sorri. Claro que faço projeções sobre esse sorriso. Será que é para mim? Celeste foi perdendo a capacidade motora e cognitiva aos poucos. No princípio, até pensei: "Não deve ser tão complicado". Mas com o tempo a doença mostrou seu lado mais perverso. É doloroso demais perceber que da pessoa que conheci há 48 anos, por quem me apaixonei perdidamente e com quem formei uma família, só ficou o corpo, como uma lembrança do que já foi. Ela ainda está aí, mas não dá para traduzir em palavras a falta que me faz.
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