quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Frankenstein made in Brazil e os Zeros à esquerda

setembro de 2007

Por conta do episódio do Renan Calheiros, recebi este e-mail do amigo Mário sentindo-se meio solitário e sem alento. Isso foi em setembro de 2007.

> Frankenstein made in Brazil

> Como se constrói um Frankenstein feito de retalhos de misérias: o deficiente social?

> O deficiente social é, antes de mais nada, o tudo. O tudo que uma sociedade decente não precisa. Ele coexiste, sem existir. Não é agente de coisa alguma, não tem crítica, não é senhor nem de si mesmo. O deficiente social é mais conhecido como o Zé Ninguém, o Zero à esquerda, o Nem fede nem cheira, etc.. Ele serve para brincar com o celular, colecionar amigos virtuais, assistir programas televisivos tipo Gugu e Faustão, bater palmas para pastores inescrupulosos, se redimir pedindo perdão via TV, ser massa de manobra de políticos e, ainda ficar rindo como as hienas.

> O deficiente social é o produto do sistema. Ele é o resultado maior da destruição da sociedade, que tem na educação a sua ferramenta mais cruel.

> Analisando os resultados do ensino público somos obrigados a refletir sobre os efeitos e suas causas. A educação dividida entre os poderes públicos (estados, municípios e a União), é jogada de um para outro, numa gangorra sinistra, diluindo as (ir)responsabilidades e convivendo com o caos Será que somos vítimas de agentes externos, de imperialistas estrangeiros, ou de nossa própria pobreza?

> Será Renan Calheiros, e o resto do Congresso, um acidente ou a orquestração em prática?

> Na dúvida, por falta de soluções, ampliemos as nossas já repletas cadeias. Elas serão os destinos finais de muitos.

>

> Mario
>

> Em tempo: renovei meu convite ao amigo Bin Laden.

Meu caro Mário,

Muito pertinente este seu ensaio ao momento de indignação por que passa uma parte da população, me fez refletir também sobre esta minha “sabedoria sem forças” a lamentar essa impotência.

A grande massa de Zeros a Esquerda nem sabe o que se passa porque não foi dado a ela o direito de saber, ao cabo de uma série de artimanhas e sabotagens que jamais são admitidas. Aí pergunto: quem sabe se estes Zeros a Esquerda com menos questões a fazer, na sua simplicidade de vida, não sejam tão infelizes? Lutam pelo “feijão com arroz” de todo dia, o celular novo, o programa novo de TV, incutidos de que devem sempre se “alimentar”, não se dão o direito de parar e perguntar, manifestando assim sua angustia de não saber.

A pequenina parte da população está se regozijando com sua capacidade de articulação e força e, depois das comemorações do grande feito, voltam, para continuar a se utilizar e se beneficiar do que é de muitos.

Talvez, com tanta corrupção, se pense em soluções drásticas em regimes draconianos, com paredão de fuzilamento, corte de mãos, disparos nas nucas, etc. para crimes de corrupção. Mas, em parte, nele já se está, quando as contas são vigiadas, os passos eletrônicos seguidos, os telefones grampeados com ou sem ordem da justiça, filmam e sugerem “sorria”. Isso é o que me vem de supetão, fora o que não sei como satélite, nave e coisas que são da ficção científica(?).

A população continua como bezerros, comida viva, a alimentar a alcatéia com suor e sangue. E, se por ventura alguém pensa em se desviar deste destino, rebelar-se, logo vem a prisão, a televisão, o fisco com seus chicotes e varas a punir rápida e exemplarmente aos olhos de todos conquistando desta forma a obediência dos demais e os conduzindo de volta ao “pasto”.

Os “lobos” de colarinho, onde quer que estejam, de Itabela a Brasília, dão a impressão de que nada disso é com eles. Estão acima, portanto intocáveis, de alguma forma, às leis e normas, que são para os outros. Não é feito para nós e sim para eles, devem dizer. Se comportam como autoridades, quando na essência deveriam agir como representantes, servidores.

Se este estado democrático em que vivo já é arrogante e mentiroso enquanto estado, imagine se fosse totalitário? Não quero nem pensar.

Não faço, de forma alguma, apologia a estados totalitários, mas que da vontade as vezes de estar no comando e apertar o botão, ah isso dá.

Um abraço

Lamartine

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